Bolsa fecha em alta pelo 2º dia seguido com ajuda de Petrobras e falas de Haddad; dólar cai

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia consecutivo, na contramão de Nova York, conseguiu encerrar no patamar de 121 mil pontos, em um pregão em que oscilou entre a mínima de 120.022,23 pontos e a máxima de 121.713,23 pontos, com ajuda das ações da Petrobras, apesar da queda expressiva da Vale (VALE3).

A entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi acompanhada de perto pelo mercado em que enfatizou o comprometimento com o fiscal e admitiu erro na comunicação.

Os destaques de alta ficaram para Hapvida (HAPV3) e Carrefour Brasil (CRFB3) com ganho de 9,17% e 5,35%, respectivamente.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,80% e 2,12%. Itaú (ITUB4) avançou 1,09%, mas Vale (VALE3) caiu 0,97%.

Na ponta negativa, o destaque ficou para as ações de CSN Mineração (CMIN3) de recuo de 3,82%.

O principal índice da B3 subiu 0,95%, aos 121.162,66 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 1,08%, aos 122.415 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, disse que “após dias de pessimismo, o Ibovespa se recupera. Mais cedo, Haddad deu entrevista à GloboNews e reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal, mas não foi divulgado nenhuma novidade que de fato pudesse alterar os ânimos do mercado ou colaborar para termos um dólar caindo em maior patamar”.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que “o mercado fecha hoje com ajuste positivo tendo em vista esses exageros nos últimos dias com expectativa de queda da bolsa. O mercado vai ficar atento ao fluxo de estrangeiro e dados de inflação dos Estados Unidos que vão ser grandes vetores para impulsionar o Ibovespa”.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista à GloboNews. Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest, afirmou que suas falas devem “ajudar a acalmar o mercado e o temor fiscal por ora. Os pontos destacados foram mudança no tom em relação à agenda fiscal, reconhecimento de falha na comunicação das medidas e previsão de um déficit primário melhor do que o esperado”.

Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos, disse que apesar de a Bolsa estar em alta desde ontem, o pessimismo ainda impera no mercado de ações.

“Estamos com um melhor momento para fluxo, e acredito que o posicionamento de Trump [Donald Trump] sobre taxação é a principal notícia que vem movimentando os mercados. Outro fator são os dados do mercado de trabalho aqui e lá fora, que vão ser balizadores para a bolsa andar porque está relacionado à inflação. Aqui, o cenário é desafiador. Teria de mudar muito a conjuntura para ter um cenário mais animador. Apesar de o resultado da arrecadação ter sido o segundo maior da histórica, não entendo que esteja fazendo tanta diferença. Qualquer indício de notícia positiva pode trazer um trigger favorável de curto prazo, ou seja, nesse cenário a sensibilidade a alguma notícia positiva aumenta nesse cenário, por isso as vezes temos picos como hoje. Mas, a nossa visão pra bolsa ainda é negativa pra neutra”.

Mais cedo, a Receita Federal divulgou os dados de arrecadação do governo referente ao mês de novembro que atingiu o valor de R$ 209,2 bilhões. No acumulado do ano, a arrecadação somou R$ 2,391 bilhões.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,14%, cotado a R$ 6,1046 em dia de falas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, mais ruidosas sobre as relações comerciais. A moeda estrangeira oscilou entre a mínima de R$ 6,0537 e máxima de R$ 6,1187.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que as falas do Trump mexeram um pouco com o mercado.

“Os dados do Jolts pela manhã pioraram um pouco as expectativas [foram criadas 8,098 milhões vagas em novembro] e agora à tarde o discurso do Trump foi ruim quando se pensa em mercado [financeiro], com ideia de implementar tarifa e ser combativo nas relações comerciais. A tem tendência é de um dólar mais forte. Hoje teve leilão de treasuries e a demanda foi muito baixa por conta das incertezas [com a gestão Trump]”.

Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, disse que “o principal drive são os dados de emprego acima das expectativas do mercado americano [hoje saiu o Jolts], seguidas das falas do Trump em relação aos gastos públicos. O DXY ganhou força agora à tarde. Mas reforçou que nosso mercado continua sem tendência e muita troca de posições”.

Harrison Gonçalves, sócio da CMS, disse que a queda do dólar implica em motivos internos e externos.

“Há algumas semanas, o governo mudou o tom em relação ao comprometimento fiscal e a necessidade de medidas para estabilizar a dívida pública do Brasil. Hoje, o Haddad voltou a falar sobre seu comprometimento [com o fiscal] em entrevista [à GloboNews] e que as esferas do Banco Central e ministro da Fazenda se mantêm separadas, dessa forma o Galípolo [Gabriel Galípolo, presidente do BC] vai ter liberdade para conduzir a política monetária para ancorar a inflação. O déficit de 2024 vai ser dentro da meta é de 0,1% do PIB, é uma mensagem positiva. Ainda é cedo se é uma mudança de tendência”.

Mais cedo, Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que o dólar “passou do ponto”, assim como os juros: “Houve acúmulo de gordura nos ativos. Real parece bem conectado ao petróleo e outras commodities que estão performando bem”.

Borsoi acredita que, neste momento, o ambiente é de risk-on e que o dólar pode testar os R$ 6,00 nos próximos dias.

Diferentemente do câmbio, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, depois de passarem o dia em queda, influenciadas pela Pesquisa JOLTS, referentes à abertura de vagas, bem como pelos dados da arrecadação nacional brasileira.

Por volta das 17h (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 15,010% de 14,970% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,400%, de 15,340 o DI para janeiro de 2028 ia a 15,310%, de 15,235%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,170% de 15,045% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, à medida que dados econômicos fortes aumentaram as dúvidas sobre a possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ainda este ano, levando a um aumento nos juros dos Treasuries. Quedas nas principais ações de tecnologia também puxaram o mercado para baixo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,42%, 42.528,36 pontos
Nasdaq 100: -1,89%, 19.490 pontos
S&P 500: -1,11%, 5.909,03 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News