Bolsa fecha em alta pelo 2º dia seguido com exterior e avanço das pautas domésticas; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia consecutivo na faixa dos 118 mil pontos com os investidores mostrando apetite ao risco após os indicadores nos Estados Unidos- relatório de emprego Jolts e confiança do consumidor- apresentaram desaceleração, em meio ao avanço das pautas econômicas aqui e com a China no radar. Os bancos estatais chineses avaliam corte nas taxas de depósitos

Ontem o governo encaminhou ao Congresso proposta de taxação tributária de fundos exclusivo e offshores.

Mais cedo, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou o relatório Jolts em que foram criados 8,827 milhões postos de trabalho no último dia útil de julho, uma queda na comparação aos 9,165 milhões registrados em junho (dado revisado), o que mostra desaceleração do mercado de trabalho. Em contrapartida, o índice de confiança do consumidor recuou em agosto a 106,1 pontos e a expectativa era de 116, 0 pontos.

O destaque de alta no Ibovespa ficou para as ações da Marfrig (MRFG3), subiram 10,69%, após a venda de 16 unidades de plantas de abate e desossa de bovinos para a exportadora de carne Minerva (BEEF3). A Minerva liderou a queda de 18,25%. Os bancos subiram em bloco refletindo em parte as medidas do governo.

O setor de mineração e siderurgia subiram com destaque para as ações da Vale (VALE3), que avançaram 3,19%.

O principal índice da B3 subiu 1,09%, aos 118.403,61 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 1,03%, aos 120.275 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Vinícius Steniski, analista de ações do TC, disse que o Ibovespa sobe puxado ” pelo setor de mineração e siderurgia, com destaque para a Vale (VALE3), na contramão do minério de ferro, com o mercado aguardando mais clareza e sobre os estímulos chineses, Suzano e Klabin também sobem, varejo e educação em queda; destaque para Marfrig e Minerva após a aquisição pela Minerva de 16 plantas de abate da Marfrig, o que mudar de patamar as duas empresas”.

Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que os ganhos da Bolsa refletem os indicadores mais fracos nos Estados Unidos. ” O Ibovespa tem alta moderada, em um dia de valorização nos mercados mundiais, influenciados, principalmente, pelos dados de emprego nos Estados Unidos abaixo do consenso de mercado, o que pode indicar uma desaceleração econômica local. Com isso, há indícios que a inflação possa ser controlada com aumentos mais brandos de juros por lá”.

Cardozo disse que o grande destaque do dia fica para a Marfrig, a ação chegou a subir 15% com “a venda de ativos da Marfrig para a Minerva (BEEF3), fato que poderá diminuir a alavancagem da empresa. O mercado entendeu o negócio com positivo para a Marfrig”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a alta é generalizada na Bolsa refletindo a proposta do presidente Lula de taxar fundos de super-ricos, indicadores nos Estados Unidos e Vale com expectativa de incentivos para a economia chinesa.

“As últimas medidas do governo de elevar os fundos exclusivos e de offshores acabaram dando uma tranquilidade, o que mostra que o governo está trabalhando para atingir as metas, a queda na criação de vagas mostrada pelo relatório Jolts também ajudou o Ibovespa, o mercado acompanha de perto os dados para ver até onde vai a taxa de juros nos Estados Unidos e o governo chinês está tentando oxigenar o mercado e isso melhora o ambiente para Vale”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,44%, cotado a R$ 4,8532. A moeda refletiu, desde o início da manhã, resultados desfavoráveis da economia norte-americana, o que aumenta a expectativa para que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cesse o ciclo contracionista nos Estados Unidos.

O relatório Jolts apontou a criação de 8,827 milhões vagas em julho (projeção de 9,465 milhões), o Indice de Confiança do Consumidor caiu a 106,1 pontos em agosto, abaixo da projeção do mercado (116 pontos).

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “a cada bad news que mostre uma economia mais retraída por lá (Estados Unidos) deve gerar um impacto positivo na caminhada para o fim da alta de juros”.

Brigato entende que o presidente do Fed, Jerome Powell, sempre enfatizou que os próximos passos do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) dependem dos resultados da economia dos Estados Unidos, e que os próximos indicadores que serão divulgados ao longo desta semana serão cruciais neste sentido.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passam a operar em queda, depois da divulgação de dados mais fracos da economia norte-americana, indicando um possível arrefecimento da atividade econômica e trazendo otimismo ao mercado.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,395% de 12,410% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,465% de 10,525%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,985 %, de 10,070%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,115% de 10,150% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com a Nasdaq destoando e subindo 1,7%, à medida que os investidores voltavam em massa para as ações de tecnologia nos últimos dias de um agosto difícil para o mercado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,85%, 34.852,67 pontos
Nasdaq 100: +1,74%, 13.943,8 pontos
S&P 500: +1,45%, 4.497,63 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA