Bolsa fecha em alta pelo 5º pregão consecutivo puxada por Petrobras, dólar recua

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo quinto pregão consecutivo, na faixa acima dos 131 mil pontos, puxada Petrobras (PETR 3 PETR4). O mercado fica à espera de dados de inflação nos Estados Unidos amanhã (13) e na quarta-feira (14).

O Ibovespa perdeu força perto do fechamento com a virada da curva de juros. Magazine Luiza (MGLU3) subiu ao longo da sessão, mas fechou em leve queda com a abertura da curva de juros futuros. Lojas Renner (LREN3) conseguiu se manter em alta, avançou 1,74%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,79% e 2,27%. Vale (VALE3) caiu 0,50%. Azul (AZUL4) perdeu 11,94%.

Em evento da Warren Rena, o ministro da Fazenda Fernando Haddad, enxerga o cenário econômico doméstico de foram positiva. “Estamos no bom caminho de recuperar as finanças públicas, e isso já foi reconhecido por três agências”, disse.

No mesmo evento, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, ressaltou a importância da independência do Banco Central e que “a alta da Selic está na mesa”.

Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em um evento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, afirmou que disse fará o que for necessário para trazer a inflação para meta de 3%, com 1,5 ponto porcentual (pp) pra cima ou pra baixo.

O principal índice da B3 subiu 0,38%, aos 131.115,90 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 0,32%, aos 131.400 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa tem mais um dia mais positivo, com destaque para as empresas ligadas ao consumo doméstico e alta da Petrobras.

“É mix de maior risco dos investidores a esses papéis de consumo e temporada de balanços melhor que o esperado, principalmente para essas empresas que estavam muito amassadas, com valuation descontados. Além disso, o alívio nas curvas dos DIs corrobora para que os segmentos de varejo, saúde e educação tenham boa performance. A Vale recua e Petrobras avança, no negativo. O destaque negativo fica para a Azul, que reportou resultado com prejuízo no trimestre e com algumas revisões [para o final do ano]. A semana tem de dados importantes lá fora”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa tem um dia positivo com ações importantes subindo e na expectativa para indicadores ao longo da semana.

“Hoje o dia está mais esvaziado, o Focus [boletim, veio] sem surpresas com previsão de alta para a inflação pra este ano e queda na expectativa para ano que vem. Os DIs estão caindo em todas as pontas, o que ajuda a Bolsa, dólar caindo, Petrobras subindo e com o petróleo em alta puxa todas as petroleiras, setor bancário andando e varejo seguindo a queda dos DIs fazendo um movimento consistente de alta, Vale cai, mas mineradoras sobe. O mercado está aguardando indicadores aqui e lá fora [como PPI e CPI] esta semana, varejo aqui para saber como está nossa macroeconomia. Esses dados lá fora acabaram tendo mais importante com o Fed botando luz no processo de recessão ou não. Com proximidade da queda de juros nos EUA, a questão que vai ditar o movimento. Se costurar de uma forma saudável [a questão fiscal], a gente vai ter um ambiente propício pra Bolsa andar bem nesse segundo semestre e no ano que vem também. O mercado acompanha de perto os balanços do 2T24 e a maioria tem reportado bons resultados”.

Faust disse que a Bolsa está no patamar dos 131 mil pts e 2,14% de bater o topo histórico de 134 mil, “é um ponto interessante, mas dolarizando ela está bem distante do topo-16,5%. Para os agentes internacionais, ela está atrativa e barata para os agentes internacionais”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,4988 para venda, com valorização de 0,28%. Às 17h05, o dólar futuro para setembro tinha baixa de 0,20% a R$ 5.511,500. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha estabilidade a 103,14 pontos. O recuo refletiu a iminência de corte de juros nos Estados Unidos e fiscal mais controlado por aqui.

“O dólar ainda tem pressão de queda, não tem força pra subir porque é quase certeza que o Fed vai baixar os juros, a dúvida [do mercado] é quanto [cortará] e o fiscal [doméstico] está indo bem”, disse Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest.

“Acreditamos que o PPI [inflação ao produtor] de amanhã (13) venha em linha, o que pode sacramentar o corte de juros em setembro. Aqui não vai cair [o BC não vai cortar a Selic] e existe a possibilidade de um pequeno aumento. A tendência [do dólar] é de queda, e acreditamos que até sexta-feira a moeda chegue em R$ 5,45. Todos os pares, principalmente os [países] emergentes, corrigem um pouco hoje”, acrescentou.

Marcos Weigt, head de Tesouraria do Travelex Bank, disse que o real aproveita a valorização dos ativos de risco e o afastamento do risco – por ora – de uma recessão nos Estados Unidos. Weigt observou que a possibilidade do Comitê de Política Monetária (Copom) eventualmente subir a Selic (taxa básica de juros) também beneficia a divisa brasileira: “Eu não acredito que irá subir. 10,5% já é bem restritivo”.

Galípolo e Campos Neto

Em evento realizado pela Warren Rena, nesta tarde em São Paulo, o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defendeu a independência da instituição e disse que isso fará com que as decisões sejam cada vez mais colegiadas.

“O cenário hoje é desconfortável para o cumprimento da meta [de inflação]. A desancoragem e mercado de trabalho apertados nos preocupam”, analisou Galípolo. Ressaltando que existe um cenário global de incertezas, e com a recente reprecificação da curva de juros nos Estados Unidos, Galípolo disse que a decisão da próxima reunião do Copom depende de dados, e que a alta está na mesa, e concluiu: “de maneira nenhuma vamos desviar na persecução da meta”.

Mais cedo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no evento de inauguração do novo campus da FGV de São Paulo, falou sobre inflação brasileira, dívidas soberanas e crescimento econômico do Brasil e do mundo. Para ele, o BC vai manter seu mandato de trazer a inflação para a meta.

“No Brasil, inflação de 12 meses vem caindo, mas subiu um pouco e os núcleos estão mais comportados. A inflação ainda está acima da meta e a expectativa está desancorada. Isso é motivo de preocupação para o BC. Nossa mensagem inequívoca e consensual é de que o BC vai fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta, independentemente de quem seja o presidente. Isso está bem sedimentado no grupo que temos hoje. O grupo do BC é coeso e o BC vai agir de forma técnica e com autonomia”, afirmou.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, acompanhando piora do cenário externo.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,755% de 10,740% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,555%, de 11,545%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,555%, de 11,560%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,570% de 11,585% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, enquanto Wall Street se preparava para uma semana cheia de sinais importantes sobre dados econômicos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,36%, 39.357,01 pontos
Nasdaq 100: +0,21%, 16.780,6 pontos
S&P 500: +0,005%, 5.344,39 pontos

Com Paulo Holland, Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News