Bolsa fecha em alta pelo 7º dia seguido com perspectiva de desaceleração de inflação; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo sétimo pregão seguido, desde o início de junho, em meio um ambiente doméstico favorável com os investidores animados em tomar risco com os sinais de que a inflação está em desaceleração. O mercado fica à espera das decisões de política monetária de importantes bancos centrais do mundo-Estados Unidos (quarta-feira), europeu (quinta-feira) e Japão (sexta-feira).

Apesar de ter fechado em alta, o Ibovespa demorou para emplacar no positivo, ficou instável em parte da manhã. O grande destaque da sessão ficou para as ações da Braskem (BRKM5), após a oferta da Unipar para comprar a petroquímica. A empresa é controlada pela Novonor e tem participação da Petrobras. Os papéis fecharam em alta de 6,01%.

Os destaques de queda ficaram para os papéis do setor bancário e commodities metálicas.

Mais cedo, o Boletim Focus mostrou a perspectiva de queda da inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pela quarta semana seguida, de 5,69% para 5,42% este ano. Outro indicador de inflação que trouxe recuo foi o IGP-M, na prévia de junho, de 1,95%.

O principal índice da B3 subiu 0,27%, aos 117.336,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou de 0,31%, aos 117.540 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,5 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa teve dificuldade de ganhar traçar na sessão de hoje, mas “conseguiu firmar no positivo e subiu pelo sétimo pregão consecutivo. Os drivers que trouxeram o índice para os 117 mil pts parecem já precificados, sendo necessários novos fatos para buscar maiores patamares”.

Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos disse que a Bolsa sobe “com otimismo dos investidores e à espera da decisão do Fed na quarta-feira, que acredito em uma nova alta de juros os dados positivos do Boletim Focus colaboraram para deixar o mercado animado, mas foi a notícia da Braskem o grande holofote da Bolsa”.

O fundador da Gava Investimentos disse que um dos motivos para a alta ações da Petrobras (PETR e PETR4),+1,27% e +1,75%, está relacionado com a recomendação de compra dos papéis pelo JP Morgan.

João Piccioni, analista da Empiricus Research, disse que a Bolsa tem mais um dia positivo com o otimismo pautado no processo desinflacionário e corte na taxa de juros por aqui. “Os investidores estão dispostos a correr risco, as leituras positivas de inflação, prévia de junho do IGP-M-recuou 1,95%-, boletim Focus veio com menor expectativa de inflação para o ano-caiu de 5,69% para 5,42%, o driver das últimas continua bastante vivo e deve seguir depois das reuniões dos bancos centrais. Saiu muito dinheiro da Bolsa e agora devemos ver o retorno e o Ibovespa deve testar os 120 mil. Todas as casas estão otimistas com o Brasil”.

Piccioni acrescentou que em relação aos Estados Unidos, “a história do Fed já veio pra conta, os investidores trabalham com os juros altos por mais tempo, a economia mostra que tem um enfraquecimento global em curso, petróleo é exemplo claro disso, mas, por outro lado, os investidores estão propensos a tomar risco”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que a semana promete ser bastante agitada com decisões de bancos centrais-EUA, Europeu e do Japão, ademais de CPI [inflação ao consumidor nos Estados Unidos, amanhã, 13]. “Dependendo das posições que os bancos centrais assumirem, a semana promete ter volatilidade; hoje temos commodities pra baixo e em relação ao petróleo deve-se às revisões baixíssimas que o Goldman Sachs fez para a commodity; aqui o mercado animado e no âmbito corporativo deve ser um dia agitado para a Braskem, depois que Unipar fez uma oferta para compra da empresa, vamos observar as declarações da Novonor em relação a isso; acompanhar a tramitação no Senado do arcabouço fiscal e acompanhar a performance da Petrobras com a queda do petróleo dada a performance estelar que o papel apresentou na sexta-feira”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,867 para venda, com desvalorização de 0,2%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,39% a R$ 4,885. Após uma instabilidade inicial, o cenário mais favorável doméstico manteve a moeda boa parte do dia abaixo de R$ 4,90. O mercado seguiu em compasso de espera para uma semana importante de indicadores lá fora e de decisões de política monetária de importantes bancos centrais- Estados Unidos, europeu e do Japão.

Internamente, após os bons dados de inflação e PIB da semana passada, cresce a expectativa de um corte na Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC).

Lucas Brigato, analista da Ethimos Investimentos, disse que a tendência é que o câmbio fique em “compasso de espera até que saíam dados relevantes durante a semana nos Estados Unidos, China, e as decisões de política monetária dos bancos centrais”.

Segundo João Piccioni, analista da Empiricus Research, o dólar está “nesse compasso de espera do que vai ser esse afrouxamento monetário aqui no Brasil. Muitos já trabalham com a hipótese de o BC vai reduzir os juros em 0,50 pp na reunião de agosto. Se isso acontecer, esse carry trade talvez desacelere com certa velocidade. O dólar deveria ficar nesse compasso de espera dado esse fluxo que o brasil é a bola da vez”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta segunda-feira depois de oscilarem na segunda metade do pregão. Dados favoráveis de menor inflação e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo relatório Focus, completaram o otimismo. Depois do almoço, as taxas passaram a subir em movimento de correção e de cautela dos investidores, que seguem atentos às decisões de política monetária de bancos centrais importantes como o Banco Central Europeu (BCE), Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Banco do Japão (BoJ) e Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) – mas logo voltaram a cair.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13, 020 % de 13,020 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11, 030% de 11,075%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,425 %, de 10,435 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,500 % de 10,645 % na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com o Nasdaq subindo 1,4%, em meio a uma semana movimentada para os dados econômicos, com leituras importantes sobre inflação e gastos do consumidor, além da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na próxima quarta-feira.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,56%, 34.066,33 pontos
Nasdaq Composto: +1,53%, 13.461,9 pontos
S&P 500: +0,93%, 4.338,93 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA