São Paulo -A Bolsa fechou em leve alta pelo sétimo pregão consecutivo e acumula ganho pela terceira semana seguida de 3,15%, em dia de repercussão de balanços corporativos, principalmente da Petrobras (PETR3 e PETR4), que reportou resultado melhor que o esperado pelo mercado e dividendos robustos.
As ações da estatal ajudaram a manter o Ibovespa no positivo, que operou praticamente todo o dia sem tendência definida.
A Petrobras reportou lucrou R$ 38,1 bilhões, 14,4% abaixo ao mesmo período do ano passado e, em relação aos três últimos meses do ano passado, a queda foi de 12%. Ontem, a estatal aprovou distribuição dividendos no valor de R$ 24,7 bilhões aos acionistas.
Mais cedo, na primeira teleconferência sob a gestão de Jean Paul Prates, a estatal informou que quer ampliar os negócios no centro-oeste brasileiro e exportar para mais países. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em alta de 3,51% e 3,22%.
Hoje também saiu o tão esperado Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,61% em abril. Apesar que ter ficado acima das expectativas dos analistas (+0,53%), está desacelerando frente a meses anteriores.
O principal índice da B3 subiu 0,19%, aos 108.463,84 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,37%, aos 109.695 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em baixa.
Vinícius Steniski, analista de ações do TC, disse que o Ibovespa está “sem tendência clara, resultados abaixo das estimativas deixaram o mercado surpreso causando volatilidade; já a surpresa positiva veio com Petrobras que vai pagar dividendos nos meses de setembro e outubro e ajudou na leve alta do dia de hoje; IPCA saiu levemente acima do esperado e fez os juros de curto prazo subir, e força oCampos Neto a manter a Selic elevada por mais tempo, e de longo cair; apesar da alta no curto prazo a tendência é que o IPCA feche em 6% no final do ano”.
Apolo Duarte, sócio e head de renda variável da AVG Capital, disse que hoje a Bolsa está perto da estabilidade “chegando a ficar algumas vezes no positivo e outras no negativo; estamos em meio a divulgação de balanços que tem mexido com o Ibovespa, o resultado da Petrobras melhor que o esperado e o dividendo bilionário impulsionam as ações e ajudam a segurar o índice no positivo”.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que a Bolsa sobe com a Petrobras por conta dos dividendos e Vale que cedia mais cedo tem leve alta com o minério de ferro avançando em nível internacional.
“Os vetores de commodities mais pesados, como Petro e Vale, conseguem dar o tom mais positivo para o Ibovespa, outros players de siderurgia como Gerdau também sobe; maio tem sido um mês excelente para o Ibovespa e que deve encerrar a semana positiva como as bolsas internacionais; se não houver nenhuma notícia até o final do dia, a tendência é de um pregão mais morno hoje”.
Spiess comentou que “na curva DIs, os vértices mais longos continuam devolvendo prêmio e os mais curtos subindo por conta da inflação mais alta-subiu 0,61%-, para efeito financeiro e estrutural essa discussão não tem caráter definitivo, a gente sabe que a redução de juros só vem terceiro trimestre”.
Em relação ao setor educação que tem se destacado no Ibovespa, o analista da Empiricus Research disse que não se anima com as empresas de educação. “Elas não conseguem explicar a performance de Bolsa porque a participação no interior do índice é pequena. Ao longo da temporada [de balanços], a gente viu pouca aderência dos fundamentos aos ativos, estavam precificando mais fatores macroeconômicos do que vetores micro”. Cogna (COGN3), entre as maiores altas do índice, subia mais de 8%. Refletindo balanço.
Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital, disse que o IPCA veio acima das expectativas, mas “continua em desaceleração comparado aos períodos anteriores de março 2023 e abril de 2022, também teve queda na medição de 12 meses; o sentido é de arrefecimento, mas a preocupação é que todos os grupos apresentaram inflação e isso pode trazer queda para o Ibovespa, outro lado pode ser suavizado pelo cenário internacional; vamos acompanhar”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,36%, cotado a R$ 4,9220. O movimento foi causado pelo otimismo com o arcabouço fiscal e o intenso fluxo estrangeiro. Na semana, a moeda norte-americana teve desvalorização de 0,47%.
De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “existe grande esperança com o arcabouço. Sem novidades, o dólar vai para baixo, e pode chegar em R$ 4,70 nos próximos 30 dias”.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “dois fatores estão pressionando, um macro (inflação e atividade desacelerando) e as perspectivas de ajustes no arcabouço. O congresso já sinalizou que não deve adicionar punição como crime de responsabilidade, mas deve implementar outras medidas punitivas. Acho que o mercado gosta disso pois forçaria o governo a perseguir um bom equilíbrio das contas públicas”.
“Os juros reagiram bem mal, mas os vértices mais longos passaram a fechar. No câmbio, o sentimento parece otimista. Tem fluxo entrando”, referindo-se ao Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,61% em abril ante março, acima das expectativas do mercado (0,53%).
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, refletindo o IPCA que veio acima do esperado e os dados negativos da economia norte-americana divulgados na manhã de hoje.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,290 % de 13,250 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,715 % de 11,650%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,250 %, de 11,240%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,310 % de 11,350 % na mesma comparação.
Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, apesar de o Nasdaq encerrar a semana com ganhos, à medida que as preocupações em Wall Street em torno da economia dos Estados Unidos e dos bancos regionais diminuíram a confiança dos investidores.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,03%, 33.300,62 pontos
Nasdaq 100: -0,36%, 12.284,7 pontos
S&P 500: -0,15%, 4.124,08 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA