Bolsa fecha em alta pelo 7º pregão seguido com impulso de bancos e Petrobras; dólar sobe

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São Paulo -Bolsa fechou em alta pelo sétimo dia consecutivo, próxima a atingir o topo histórico -patamar dos 134 mil pontos- em razão da boa performance do setor financeiro, Petrobras, perspectiva de corte de juros 0,25 ponto porcentual (pp) nos Estados Unidos e em dia de vencimento de opções sobre os contratos futuros do Ibovespa.

As ações das mineradoras e siderúrgicas impediram ganhos mais expressivos.

A ação do Itaú (ITUB4) subiu 2,47%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 1,81% e 1,75%. A Vale (VALE3) caiu 1,25%. Localiza (RENT3) despencou 16,83% por conta do resultado no 2T24, que apresentou prejuízo líquido consolidado de R$ 579 milhões, mais de seis vezes o prejuízo em igual período de 2023.

Já a JBS (JBSS3) registrou alta de 6,99%, refletindo o bom resultado no 2T24. Mais cedo, foi divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) americano, que subiu 0,2% em julho na comparação mensal e em linha com a expectativa do mercado. Em base anual teve alta de 2,9%, abaixo do esperado de +3,0%. O núcleo da inflação em julho registrou alta de 0,2% dentro das estimativas dos analistas.

Ontem, a inflação ao produtor (PPI, sigla em inglês) subiu 0,10%, abaixo das expectativas do mercado. Os dados de ontem e hoje corroboram para um corte de juros em setembro.

O principal índice da B3 subiu 0,69%, aos 133.316,99 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 0,69%, aos 133.515 pontos. O giro financeiro foi de R$ 59,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital disse que “a rolagem de índice futuro está puxando a Bolsa com boas perspectivas para o futuro com o corte de juros nos Estados Unidos o que beneficia os países emergentes. Como o movimento de altas recentes do Ibovespa, acaba favorecendo a rolagem [de quem está comprado]. Se a Vale não estivesse caindo tanto, o mercado estaria melhor. A Vale começa a entrar em um patamar de preço qu-e precisa entrar comprar para ter uma correção. Essa faixa de preço é condizente com um minério de ferro a US$ 80, mas a commodity está se sustentando nos US$ 100. É preciso um pouco de racionalidade do papel”.

Rodrigo Moliterno, especialista em renda variável da Veedha Investimentos, disse que “o setor financeiro impulsionou o índice e, na contramão, de commodities [metálicas] por conta de notícias vindas da China em relação ao estoque de minério, desempenho das siderúrgicas chinesas mais fraco, diminuindo a demanda por minério. Os resultados têm vindo bons, à exceção de Localiza. Os fluidos positivos vindo do exterior com a perspectiva de corte de juros em setembro nos EUA”.

Alexsandro Nishimura, economista da Nomos, disse que “o Ibovespa chegou ao sétimo pregão consecutivo de alta, período no qual o índice saiu dos 125 mil pontos e se aproximou dos 134 mil pontos, com a percepção de corte de juros pelo Fed, após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dentro do esperado”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o pregão de hoje é mais volátil com vencimento dos contratos futuros do índice em dia divulgação dos preços ao consumidor nos EUA

“A inflação ao consumidor de hoje e o índice ao produtor de ontem conversam para um corte de juros nos Estados Unidos em setembro; acredito em 0,25 ponto porcentual (pp) diante das falas de dirigentes do Fed, e se vier outro [corte] em novembro, da mesma magnitude, será um avanço. Não acho que o país terá recessão. O Ibovespa não está melhor em razão da queda do setor de mineração e siderurgia devido ao recuo do minério de ferro; bancos seguem no positivo depois de balanços”.

Spiess comentou que os balanços do segundo trimestre têm mostrado números bons, inclusive “o micro aqui está melhor que nos Estados Unidos porque lá houve uma grande expectativa lá com os resultados”.

Ele destacou o desempenho ruim de Localiza (RENT3), “resultado poluído e isso atrapalha o Indice”, disse o analista da Empiricus Research.

Para a Bolsa seguir com boa performance no segundo semestre deste ano, o fiscal não pode desapontar, disse.

O dólar comercial fechou em alta de 0,37%, cotado a R$ 5,4691. A moeda refletiu, ao longo do dia, os resultados da inflação norte-americana, divulgada no início da sessão, gerando tímida correção na divisa estadunidense após quedas consecutivas.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em julho, em linha com as projeções.

Segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, existe expectativa de dólar mais fraco globalmente.

“Houve uma leve piora na margem do super núcleo, no CPI, que é o núcleo de inflação tirando o aluguel, gerando uma pequena correção nesta quarta”, explica Serrano.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, os números divulgados hoje fazem com que as apostas para um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) ganhem força, e não de 0,50 p.p., e os cortes deste semestre somem 0,75 p.p., e não 1,25 p.p. como parte do mercado esperava.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “olhar o número cheio é enganoso. A composição do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) está muito boa, com três das oito categorias em deflação”.

Borsoi entende que os resultados de hoje selam o início do corte dos juros americanos em setembro, por mais que até lá ainda tenha um payroll e outro CPI: “Dá para pensar em 0,5 p.p.”, aposta.

“O diferencial de juros começa a jogar a nosso favor”, diz Borsoi, que vê o dólar com viés baixista.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em leve alta, apesar do índice ao consumidor (PPI, sigla em inglês) apresentar dados em linha com as expectativas.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,745% de 10,745% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,400%, de 11,415%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,345%, de 11,365%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,360% de 11,400% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, à medida que Wall Street recebeu mais um sinal encorajador sobre os preços ao consumidor, que deve ajudar a moldar o futuro próximo da política de taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,61%, 40.008,39 pontos
Nasdaq 100: +0,11%, 17.192,6 pontos
S&P 500: +0,38%, 5.455,21 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News