Bolsa fecha em alta pelo 8º pregão seguido com sinais positivos do exterior; dólar encerra a R$ 5,48

174

São Paulo -A Bolsa fechou em alta pela oitava sessão consecutiva, atingiu a máxima histórica no interdiário-134.574,50 pontos- com os sinais mais positivos vindos do exterior em razão de dados econômicos recentes nos Estados Unidos mostrando uma economia estável e afastando a probabilidade de uma recessão.

Os resultados corporativos do segundo trimestre deste ano e a entrada de estrangeiros na B3 contribuíram para puxar o Índice pra cima.

Os bancos tiveram mais um pregão de alta. Itaú (ITUB4) subiu 1,59%, Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançou 1,26% e 0,99% e Banco do Brasil (BBAS3) registrou ganho de 0,78%. Os frigoríficos tiveram boa performance e Vale (VALE3) encerrou em alta de 0,41%. A Petrobras (PETR4) subiu 1,53%.

O principal índice da B3 subiu 0,62%, aos 134.153,42 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,82%, aos 136.380 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que exterior, balanços e ingresso de capital estrangeiro impulsionaram a Bolsa.

“O Ibovespa subiu pelo oitavo pregão seguido, atingindo recorde histórico intraday. A sequência foi mantida, acompanhando a alta das bolsas de NY, diante do afastamento dos temores de uma desaceleração brusca da economia americana, hoje com a divulgação das vendas no varejo. Os dados recentes desenham um cenário de atividade saudável, que permite ao Fed um afrouxamento monetário mais gradual, se refletindo na redução das chances de corte de 0,50 p.p. dos juros, com apostas se movendo para queda de 0,25 p.p. O movimento também conta com o retorno do fluxo do investidor estrangeiro, além de uma nova bateria de balanços e notícias corporativas”.

Segundo Nishimura, as ações da Petz caíram “mais de 10% na mínima, a maior queda intradiária desde junho de 2022, com a repercussão do resultado do segundo trimestre abaixo das estimativas, com frustração de números de receita bruta e Ebitda ajustado. Já os papéis do IRB saltaram após a empresa registrar lucro líquido de R$ 65,2 milhões no 2T24, alta anual de 224,6%. O prêmio emitido, por sua vez, subiu 2,8% em um ano, ficando em R$ 1,43 bilhão”.

Um gestor de renda variável de uma corretora disse que “os dados econômicos recentes nos EUA foram animadores e o temor de recessão fica de lado, o que favorece o mercado de ações. Outros pontos positivos são o fluxo de estrangeiros voltando para a B3 e os resultados no 2T23”.

Pedro Caldeira, sócio e assessor da One Investimentos, disse que a Bolsa tem mais um dia de alta com um cenário mais positivo no exterior.

“Os indicadores que saíram hoje-varejo alto e pedidos de seguro-desemprego abaixo do esperado- não contribuiriam para a alta a Bolsa, mas o contexto geral ajuda nesse avanço com os dados divulgados recentemente- como desaceleração da inflação e atividade econômica se mantendo estável- e com os diretores do Fed estão se mostrando mais favoráveis a um corte de juros nos EUA em setembro. Acreditamos em uma postura mais cautelosa do banco central norte-americano com corte [de juros] de 0,25pp, principalmente porque é um período de eleições por lá, mas houver uma desaceleração muito forte até a reunião, o Fed pode dar estímulo maior com a intenção de não deixar a economia enfraquecer tanto”.

Caldeira ressaltou a melhora no cenário doméstico no segundo semestre para a Bolsa com entrada de fluxo e os balanços bons do 2T24.

“Apesar de um primeiro semestre mais adverso para a Bolsa [o Ibovespa caiu 7,66%], vemos resultados de empresas muito positivos, como dos frigoríficos, que também contribuem para a Bolsa subir”.

Os bancos estão avançando desde a divulgação dos balanços. “É um setor perene. Tínhamos uns papéis descontados, mas se valorizaram depois dos resultados, mostrando a robustez do setor. Existe uma expectativa de o Itaú anunciar dividendos extraordinários nos próximos dias”.

Mais cedo, Rafael Passos, analista da Ajax Asset, disse que “a alta do DI limita um pouco o avanço da Bolsa, é um folego limitado diante de ontem e os últimos dias. A alta do petróleo ajuda, mas as treasuries estão ganhando força e a parte fiscal do Brasil no radar”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que “o número veio mais forte [de vendas no varejo nos EUA], isso é bom para ações, mas diminui as chances de o Fed ser mais agressivo no corte de juros. Por isso os juros abrem lá fora e reflete aqui”.

O dado de vendas no varejo nos Estados Unidos, divulgado mais cedo, cresceu 1,0%, mas que o esperado de +0,30%. Os pedidos de seguro-desemprego semanal caíram para 227 mil contra expectativa de 235 mil.

O dólar comercial fechou em alta de 0,25%, cotado a R$ 5,4833. A moeda refletiu, ao longo da sessão, os indicadores norte-americanos divulgados pela manhã, o que acarretou um movimento de tímida correção na divisa estadunidense.

O varejo, em julho, subiu 1,0% (projeção de +0,3%) e os pedidos de seguro-desemprego somaram 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto – as expectativas eram de 235 mil.

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “crescimento robusto e inflação controlada é o melhor dos cenários”, referindo-se aos Estados Unidos.

Santana vê espaço para o dólar recuar mais nos próximos dias, buscando o R$ 5,30, o que não afasta eventuais repiques da moeda: “Ainda tem muita gente comprada em dólar e deve acontecer uma realização”, explica.

“O mercado de câmbio segue lateralizado à espera de novos indicadores. Uma correção é iminente, já que o dólar chegou a R$ 5,80, mas é uma correção saudável”, explica Santana.

De acordo com o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “os dados acima das expectativas afastam o medo de recessão”.

Komura acredita que os resultados devem fazer com que o mercado mude a narrativa da política monetária estadunidense para este semestre, projetando apenas dois cortes de 0,25 ponto percentual (p.p.) nos juros.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, refletindo dados de emprego e varejo nos Estados Unidos, divulgados pela manhã, o que também gera certa correção.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,785% de 10,745% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,535%, de 11,400%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,355%, de 11,345%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,505% de 11,360% na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta expressiva, à medida que Wall Street absorveu sinais que apontavam para um consumidor e mercado de trabalho ainda fortes.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,39%, 40.563,06 pontos
Nasdaq 100: +2,34%, 17.594,5 pontos
S&P 500: +1,61%, 5.543,22 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News