Bolsa fecha em alta pelo segundo dia com respiro no cenário político e descola de NY

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia, descolando do exterior, em uma sessão de recuperação e com os investidores um pouco mais aliviados diante da declaração da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, enfatizando o cumprimento da responsabilidade fiscal e o controle dos gastos públicos.

Hoje Tebet foi empossada e disse que a política social é importante, mas “seremos responsáveis com os gastos públicos” dando um alento ao mercado.

Para amanhã, os investidores ficam à espera da reunião ministerial que o presidente Lula convocou para alinhar o discurso com sua equipe e, no âmbito internacional, a expectativa fica para a divulgação do payroll.

As ações de peso no índice como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) também impulsionaram o Ibovespa. A mineradora e as empresas do setor são favorecidas com a reabertura na China.

Já a Petrobras segue no mesmo movimento de alta da véspera na esteira das declarações de ontem do futuro presidente da estatal de que não vai intervir da companhia. Vale (VALE3) subiu 1,67% e Petrobras (PETR3) e PETR4) avançaram 3,24% e 3,60%.

O setor de consumo que caiu nos últimos dias se valorizou na sessão de hoje, com destaque para Americanas S.A (AMER3), aumentou de 9,69%, com a queda nos DIs.

Os bancos também se beneficiam com a queda dos juros futuros, “porque um dos grandes temores dos bancos é o risco de inadimplência dos clientes que tomam crédito, com destaque para o Bradesco, disse Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital.

O principal índice da B3 subiu 2,19%, aos 107.641,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou de 2,25%, aos 109.200 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam queda.

O sócio da Matriz Capital disse que após dois dias de muitos ruídos com declarações desencontradas de ministros, a Bolsa começou a se recuperar na véspera e “estende o movimento hoje com falas mais preocupadas com o mercado”.

Com a transição de governo, existe muita volatilidade e “embora possa trazer desconforto para alguns investidores, pode surgir boas oportunidades para montar posições em algumas empresas”, completou.

Um gestor de investimento do mercado financeiro que não quis se identificar disse que a Bolsa passa por “uma correção técnica por conta do tema envolvendo a Petrobras”.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa sobe puxada pela Petrobras e o discurso da Simone também favorece o movimento positivo.

“Ela [Simone Tebet] enfatizou que o papel do Planejamento vai ser de responsabilidade fiscal, de cuidar da qualidade dos gastos públicos e colocar o brasileiro no orçamento; reconheceu a divergência com os outros integrantes da equipe econômica, mas prometeu sintonia, essas declarações acalmam o mercado e coloca um pouco mais de certeza do que vai ser feito no governo”

Leão também disse que o mercado aguarda pela reunião ministerial convocada pelo Lula para amanhã “para dar uma arrumada na casa”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,85%, cotado a R$ 5,3510. A moeda foi impactada diretamente pelas sinalizações do Governo de maior austeridade fiscal.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado está mais otimista com a não intervenção nos preços da Petrobras e o desmentido sobre a Previdência. O discurso da (ministra do Planejamento, Simone) Tebet agradou o mercado. As coisas tendem a se acalmar”.

Ao assumir o cargo, hoje, Tebet reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal, mas sem deixar de enfatizar que os pobres “estarão prioritariamente no Orçamento público”.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “vemos o real recuperando um pouco, após um começo de ano muito ruim. A cena política está dominando o mercado local. As declarações de alguns ministros causaram bastante preocupação nos investidores, mas a moderação de integrantes do alto escalão do Governo, nos últimos dias, ajudou o real”.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “por aqui, não há novidades relevantes. O ambiente segue incerto e o novo Governo mostra declarações contrárias. Apesar da boa recepção da fala de Jean Paul Prates, futuro CEO da Petrobras, é certo que o governo definirá uma nova política de preços para os combustíveis e não é claro como será esse novo modelo”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em ajuste após dias de muito estresse no mercado. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,695% de 13,785% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 13,105%, de 13,300%, o DI para janeiro de 2026 ia a 13,025%, de 13,275%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,040% de 13,310% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,3620 para venda.

Os principais índices do mercado de ações fecharam a sessão em queda, à medida que Wall Street aguarda os dados de emprego amanhã após os dados da ADP hoje mostrarem um mercado de trabalho resiliente, apesar dos consecutivos aumentos das taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,02%, 32.930,08 pontos
Nasdaq 100: -1,47%, 10.305,2 pontos
S&P 500: -1,16%, 3.808,10 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.

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