Bolsa fecha em alta por 11 pregões seguidos com Petrobras e ambiente mais favorável; dólar avança

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta onze pregões consecutivos puxada por Petrobras e com ambiente mais animador para o mercado em meio ao aumento das apostas para três cortes de juros nos Estados Unidos e possibilidade de vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 1,41% e 0,91%, em movimento oposto ao petróleo. As empresas de consumo fecharam no positivo, apesar da abertura da curva de juros futuros.

O principal índice da B3 avançou 0,32%, aos 129.320,96 pontos. O Ibovespa futuro subiu 0,27%, aos 130.435 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que o “prêmio de risco do Ibovespa está atrativo, e mesmo esses movimentos que normalmente seguram a nossa bolsa [como eleições], não estão sendo suficientes para conter a movimentação de alta”.

Leite disse que a declaração do presidente do Fed, Jerome Powell, também foi positiva.

” O Powell disse agora à tarde que os dados recentes [dos EUA] aumentam a confiança que a inflação está a caminho da meta [de 2%], e assim aumentam as apostas para cortes em setembro e dezembro. E, ainda que pouco para um possível corte em novembro também”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que a escolha de James David Vance, conhecido como JD Vance, como vice-presidente na chapa de Donald Trumpé positiva.

“Ele é um senador júnior, mas tem uma força interna e circula bem pelo meio, tem boas relações com alguns membros dos democratas, o que pode facilitar algumas conversas”.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que bom humor externo e Petrobras ajudaram o índice.

“O Ibovespa manteve a rotina de julho e marcou mais uma sessão positiva, a 11 consecutiva, acompanhando as bolsas norte-americanas, além de contar com a valorização das ações da Petrobras”.

Nishimura apontou o cenário macroeconômico como catalisadores positivos para o mercado, como “o aumento das apostas em três cortes de juros pelo Fed neste ano, o IBC-Br- subiu 0,25% em maio- que reforçou a resiliência da atividade econômica brasileira, além do entendimento de que se ampliaram as chances de vitória de Donald Trump”.

Paulo Duarte, economista da Valor Investimento de Belo Horizonte, disse que com “a repercussão evento nos EUA [atentado ao Trump], teve uma revisão pra cima [da candidatura] do ex-presidente Trump e as implicações que trariam daqui pra frente. Ele teve um mandato de corte de impostos, proximidade com mercado financeiro, mas conflito que o Fed. A maioria das medidas dele foram inflacionárias, piora da parte fiscal. Com ele na presidência, os juros seriam mais altos lá”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o Ibovespa tem um processo de correção, após 10 altas consecutivas.

“É bom que a Bolsa corrija porque dá sensação de mais saúde para o movimento de alta, natural o mercado realizar lucros, em dia sem gatilho. É uma semana importante do ponto de vista político por aqui. Lá fora, tem se configurado ‘Trump Trade’ [após o atentado]. Com a convenção [do Partido Republicano], o que pode confirmá-lo como candidato e confirmar o vice. Depende de quem for [o vice] pode tornar a candidatura imbatível. A alta da Petrobras pode dar um tom positivo para o índice”.

No corporativo, segundo Spiess, o destaque fica para a Eletrobras e Sabesp com a oferta de ações, que juntas devem levantar R$ 20 bilhões, sendo só de Sabesp. Hoje é hoje o último dia de oferta pública das ações da Sabesp. Os papéis da Companhia de Saneamento caíam 1,77%.

O dólar comercial fechou a R$ 5,4456 para venda, com valorização de 0,28%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha alta de 0,13% a R$ 5,451. O mercado precificou a possibilidade de vitória do ex-presidente, Donald Trump, na corrida à Casa Branca. Além disso, cresce a expectativa sobre o detalhamento sobre o corte das despesas primárias, anunciado recentemente pelo governo.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, tinha alta de 0,12% a 104,23 pontos.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que o dólar em alta reflete o cenário local e as eleições americanas. “O dólar está mais forte. O mercado espera pelo relatório de receitas e despesas, no dia 22 de julho, para saber quais serão os contingenciamentos e bloqueios, e se o que foi prometido [corte das despesas] de R$ 25,9 bilhões vai se concretizar. Com isso, poderíamos ver o real ganha espaço. Internacionalmente o dólar está forte e é uma tendência ele ficar nos próximos meses com o mercado precificando cada vez mais eleições”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, a possibilidade de Donald Trump ganhar as eleições nos Estados Unidos ganha força, após o evento de sábado; seus projetos podem impactar na inflação. “Aumenta a chance de o Trump ser eleito e, com isso, as incertezas também. Ele tem um discurso bastante duro, e mesmo que ele [o ex-presidente] não implemente tudo, que seja metade, vai brigar pelas propostas dele contra imigração e elevação de tarifas, por exemplo. Isso faz pressão inflacionária”.

Indicadores

O PIB da China no primeiro trimestre cresceu 0,7% ante o trimestre anterior e 4,7% ante o mesmo período de 2023, de acordo com dados divulgados pelo departamento nacional de estatísticas (NBS) na noite de ontem (14). A previsão do mercado era de alta de 5% no PIB em base anual.

As instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus reduziram de 4,02% para 4,00% a previsão para a inflação medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. Para 2025, as instituições financeiras elevaram de 3,88% para 3,90% a previsão para a inflação medida pelo IPCA.

A projeção para a taxa de câmbio em 2024 aumentou de R$ 5,20 para R$ 5,22 por dólar, enquanto a estimativa para 2025 manteve-se em R$ 5,20 por dólar. Há quatro semanas, a previsão para 2024 era de R$ 5,13, enquanto a previsão para 2025 estava em R$ 5,10.

O Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central subiu 0,25% em maio em relação a abril, indo a 149,60 pontos. Nos dados sem ajuste sazonal, o IBC-Br atingiu 148,86 pontos, ganho de 1,30% na comparação com o mesmo mês de 2023. O Termômetro CMA apostava em estabilidade em maio ante abril. Já na comparação com maio de 2023, era esperada uma alta de 0,35%.

Powell

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em um evento no Economic Club de Washington, D.C, manteve o discurso de que ainda não é hora de reduzir os juros até que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) tenham confiança de que a inflação está em ritmo sustentável aos 2%. “Não ganhamos confiança ainda”.

Ao falar de reduzir as taxas, embora ‘as últimas três leituras nos deram um pouco de confiança’, ainda não foi suficiente, e ele disse que ‘não vou enviar nenhum sinal sobre futuras decisões do Fed’. Ele reforçou que o Fed é independente e não usa filtros políticos para as decisões do banco. “Usamos os dados para nos basear. Queremos um banco central que não faça política monetária contra ou favor de algum partido”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham majoritariamente em alta repercutindo o boletim Focus semanal e acompanha os títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries) de 10 anos, que após recentes quedas, sobem na sessão de hoje. O atentado contra o empresário, candidato à presidência e ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no sábado (13), em um comício no estado da Pensilvânia também impacta as taxas DI.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,580%, de 10,585% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,160%, de 11,125%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,425%, de 11,315%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,630% de 11,515% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, à medida que os investidores apostam que a tentativa de assassinato mal sucedida do ex-presidente Donald Trump levará a grandes ganhos para o candidato presidencial republicano e o Partido Republicano nas urnas em novembro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,42%, 40.170,56 pontos
Nasdaq 100: +0,40%, 18.472,57 pontos
S&P 500: +0,28%, 5.631,27 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News