Bolsa fecha em alta por Copom, Vale e queda dos DIs, apenas três ações caem; dólar encerra a R$ 5,85

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, oscilou entre a mínima de 123.431,63 pontos e a máxima de 127.152,28 pontos em um dia de respiro, sob impacto de um Comitê de Política Monetária (Copom) técnico e com o mercado visualizando a possibilidade de redução no ritmo de alta da taxa básica de juros (Selic) mais à frente, a partir de maio.

Somado a isso, o ganho da Vale, queda dos juros futuros e desaceleração do mercado de trabalho contribuíram para esse bom humor. A valorização dos papéis foi generalizada, das 87 ações, apenas três caíram.

Com a queda forte na curva de juros futuros, as cíclicas se beneficiaram. Magazine Luiza (MGLU3) foi destaque de alta de 12,59%. A Vale (VALE3) chegou a subir mais de 5% e encerrou a +4,22%, refletindo as falas do presidente Lula sobre a companhia. A Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 1,97% e 1,32%.

Na ponta negativa, BBSeguridade (BBSE3), Braskem (BRKM5), BRF (BRFS3) caíram respectivamente 0,43%, 1,26%, 0,13%,

Segundo os dados do Caged, o Brasil registrou criação de 1,69 milhão de empregos formais em 2024.Em dezembro, o País perdeu 535.547 postos de trabalho com carteira assinada.

O principal índice da B3 subiu 2,81%, aos 126.912,71 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 2,90%, aos 127.540 pontos. O giro foi de R$ 25,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, diretor da Nomos, disse que uma combinação de fatores ajudou o bom humor da bolsa.

“O Ibovespa foi sustentado pelo forte avanço da Vale e pelo efeito positivo da queda dos juros futuros. Os ventos favoráveis vieram de uma conjunção de fatores, a começar pela leitura favorável do comunicado do Copom, que referendou uma nova alta de 1 p.p. em março, mas deixou em aberto o movimento em maio, o que pode indicar um tom mais dovish. O Caged também reforçou uma desaceleração da atividade econômica, com o encerramento de postos de trabalho mais forte em dezembro. Tudo isso ajuda para uma expectativa de suavização futura do aperto monetário em andamento promovido pelo Copom”.

Ian Toro, especialista de renda variável da Melver, disse que o mercado se animou com a decisão técnica do Copom e possibilidade de redução da alta da Selic nas próximas reuniões depois do encontro de março.

“A postura técnica do Copom e a preocupação com a sustentabilidade da dívida, o que pode ajudar a diminuir o ritmo de alta da Selic, trouxeram alívio para os ativos de risco. Soma-se à política do banco central americano em manter inalterados os juros por lá-está entre 4,25% e 4,50% ao ano”.

Em relação ao discurso do presidente Lula na manhã de hoje, Toro classificou como “brando”.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a alta expressiva da Bolsa reflete o pós-Copom. Duas coisas envolvidas

“O mercado estava cauteloso com a reunião do Copom sob o comando do Galípolo e um colegiado com a maior parte composta por diretores indicados por Lula, e o resultado mostrou postura técnica. A votação foi unânime em aumento agressivo de juros e defendendo uma alta na mesma magnitude na próxima reunião. Assim, o mercado olha com um pouco de tranquilidade de que o Banco Central será conduzido de forma técnica e independente. O efeito credibilidade conta bastante, mas a unanimidade fala mais do que a própria taxa. Isso era necessário com uma inflação resiliente. Outro ponto é que o Comitê deixou em aberto a redução do ritmo de alta dos juros, caso a economia desacelere nos próximos meses”.

No mercado de câmbio, após operar praticamente todo o dia em alta em razão do carry trade e em véspera de fechamento do mês, o dólar comercial se acomodou e conseguiu terminar em leve queda de 0,23%, cotado a R$ 5,8534. A moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$5,8514 e máxima de R$5,9494.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o movimento do dólar é explicado pelo fluxo.

“Esse movimento do dólar está sendo ocasionado por uma movimentação de fluxo impulsionada pelo carry trade, em boa parte. Hoje também tem pré-rolagem de contrato de dólar. Não é temor de nada porque não é temor de nada, não tem motivo para dólar subir”.

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, disse que a valorização do dólar é explicada, pelo mercado, por um Copom mais suave e movimentos de fim de mês.

“Depois de alguns dias de alívio, dólar voltou a subir hj, mesmo após as decisões do Fed e Copom terem vindo em linha com o esperado. O mercado interpretou o comunicado do Banco Central como mais brando, ou seja, mais propenso a subir menos os juros ao longo deste ano – que seria ruim sob o ponto de vista da inflação, que segue pressionada e pode ter aumentado a percepção de risco para Brasil hoje. A minha leitura não foi essa, acredito que BC deverá seguir o plano de voo, pensando em convergência das projeções de inflação para a meta. Por fim, temos hoje um fator técnico no mercado de câmbio, que é véspera de fechamento de mês e as oscilações costumam ser maiores”.

O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, caiu 0,16% a 107,640 pontos.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em firme queda impactadas pela decisão de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic (taxa básica de juros) em mais 1 p.p. como esperado pelo mercado.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,845 de 15,180% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,925%, de 15,375%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,800%, de 15,230%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,770% de 15,115% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto os investidores digeriam os lucros das megacaps de tecnologia e aguardavam os resultados da Apple para obter mais pistas sobre as perspectivas do setor de bigtechs.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,38%, 44.882,13 pontos
Nasdaq 100: +0,25%, 19.681,7 pontos
S&P 500: +0,52%, 6.071,17 pontos

 

Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News