Bolsa fecha em alta, puxada pela Vale; dólar recua 0,54%

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São Paulo –  A Bolsa teve um dia de alívio após três sessões no negativo e encerrou os negócios desta quinta-feira em alta impulsionada pelos papéis da Vale e recuperação dos bancos, além da falta de notícias negativas no campo doméstico. O Ibovespa descolou de Nova York. 
O mercado parece ter assimilado a ata mais dura do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) da véspera e agora tenta entender qual trajetória daqui para frente para a alta de juros. 
O setor de consumo continua tirando o sossego do investidor, assim como as empresas ligadas ao turismo por conta da pandemia da covid-19 com a disseminação da variante Ômicron. 
O principal índice da B3 subiu 0,54%, aos 101.561,05 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,75%, aos 102.430 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. 
José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, comentou que os papéis da Vale e bancos estão sustentando o índice e, em contrapartida, o setor varejista segue prejudicado. “Para o setor de consumo, o ano de 2022 começa do mesmo jeito que terminou 2021, na pressão vendedora”. 
Em poucos dias de pregão, as ações como Guararapes (GUAR3) acumulam baixa de 14%, Americanas (AMER3) 8%, Magazine Luiza (MGLU3) 13%, Via (VIIA3) 16% e Alpargatas (ALPA4) 11%. 
As ações da Vale (VALE3), com peso de 5,013% no Ibovespa, subiram 2,01% com a alta do minério de ferro-fechou com alta de 2,98% na bolsa de Dalian. 
Para Flavio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, a Bolsa tem um dia de alívio e sobe “na ausência de notícias ruins no mercado local. Não acredito que siga nesse patamar de alta, ela continua descontada enquanto em Nova York estavam nas máximas históricas”. 
Os papéis do setor financeiro como Itaú (ITUB4), que representa 5,013% da carteira teórica do índice, avançaram 2,02%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram 1,09% e 1,42%, nessa ordem, e Santander (SANB11) aumentaram 1,33%. 
Segundo Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, o Ibovespa opera no campo positivo “mediante a recuperação da queda expressiva de ontem por conta da ata do Fed indicando alta de juros para março, na casa de 0,25 ponto porcentual (pp). Incialmente o mercado não gostou e teve debandada de dinheiro do País”. 
Gonçalvez comentou que o ganho na Bolsa é “liderado pelas commodities e bancos”. Na ponta negativa “ainda está o setor de varejo penalizado por notícias ruins para 2022”. 
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a produção industrial-caiu de 0,2% em novembro na comparação com outubro, abaixo da estimativa de estabilidade, de acordo com o Termômetro CMA. Os investidores atentos às paralisações de funcionários públicos que “causa atrasos e preocupação”, disseram analistas da Terra Investimentos. 
Dan Kawa, sócio-diretor da TAC Investimentos, acredita em um início de ano mais desafiador e hostil para os ativos de risco com o cenário de inflação global e liquidez mundial tomando conta do mercado. “Com os dados recentes, mudança de postura e sinalizações por parte do Fed, a visão para 2022 é negativa”. 
O dólar comercial fechou em R$ 5,6790, com queda de 0,54%. A moeda norte-americana oscilou durante grande parte da sessão, mas ao final trilhou o caminho baixista, ainda digerindo a postura mais agressiva do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e as corriqueiras incertezas fiscais domésticas. 
De acordo com o analista de investimentos da Toro, Victor Lima, “o mercado ainda absorve a ata de ontem, mas a tendência é de um dólar altista”. O analista também pontuou que o comunicado do Fed acenou para quatro altas neste, contra a expectativa inicial de três. 
Lima vê com preocupação o cenário fiscal doméstico, com o risco ganhando musculatura: “O mercado de hoje ficou muito neutro, mas isso tende a piorar. Podemos chegar perto dos R$ 6 novamente”, referindo-se ao dólar. 
Segundo o sócio da Euroinvest, Cristiano Fernandes, “o imbróglio com os auditores acabou complicando a questão fiscal. É um cabo de guerra”. 
Fernandes acredita que o teto do dólar ainda é R$ 5,70, mas que a situação tende a mudar: “Já se fala em dólar a R$ 6 já neste trimestre, pressionado pela inflação e as eleições presidenciais”, projeta. 
Para a equipe da Ajax Capital, o teor do documento divulgado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), ontem, mostra que os juros norte-americanos devem aumentar “mais cedo ou mais rápido do que o esperado anteriormente”. Isso afeta diretamente as economias e moedas emergentes. 
Por outro lado, os ruídos fiscais não saem do radar, com o risco do descontrole dos gastos públicos: “No curto prazo, as atenções devem se concentrar nas pressões por maiores gastos públicos locais. Essa incerteza fiscal pode ainda continuar a levar uma depreciação cambial e abertura dos juros”, pontua a Ajax. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quinta-feira, refletindo um ambiente de inflação menor em 2022 em comparação ao ano passado. A expectativa de especialistas é que o ciclo de alta dos juros no país se encerre no primeiro semestre deste ano, e os DIs já respondem a esse cenário econômico. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,960% de 12,110% do ajuste anterior e o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,590% de 11,730%. O DI para janeiro de 2025 ia a 11,330% de 11,430% do ajuste anterior e o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,225% de 11,320%. No mercado de câmbio o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,6790 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo queda, com o Nasdaq Composto caindo 0,13%, mesmo com os investidores tentando recuperar as perdas ocorridas com os papéis de tecnologia na sessão anterior. 
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento: 
Dow Jones: -0,47%, 36.236,54 pontos 
Nasdaq Composto: -0,13%, 15.080,9 pontos 
S&P 500: -0,09%, 4.696,05 pontos