Bolsa fecha em alta puxada por bancos, Vale e setor de proteína, expectativa com Copom; dólar encerra a R$ 5,44

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Foto: Krzysztof Baranski/ freeimages.com

São Paulo -A Bolsa conseguiu terminar o pregão em alta e na região dos 120 mil pontos, em dia de pouca liquidez em razão do feriado nos Estados Unidos. O avanço contou com a ajuda das ações do setor bancário, de proteína e Vale (VALE3), após passar boa parte da sessão em queda com o mercado apreensivo em relação ao Comitê de Política Monetária (Copom), que será anunciada logo mais.

O consenso é de manutenção da taxa básica de juros (Selic)-atualmente em 10,5% ao ano (aa)-, mas a dúvida é se haverá unanimidade entre os membros do Comitê.

O principal índice da B3 subiu 0,52%, aos 120.261,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 0,48%, aos 12.9901 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14 bilhões.

Felipe Pohren de Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, disse que a Bolsa opera praticamente estável na expectativa pra decisão de juros.

“O marasmo da sessão reflete a baixa liquidez proporcionada pelo feriado nos Estados Unidos e a espera pela decisão do Copom. O mercado acredita, majoritariamente, na manutenção da Selic em 10,5% ao ano”.

No âmbito corporativo, a Azul (AZUL4) liderou a queda (-4,61%), refletindo a alta do dólar, que impacta nos custos das companhias aéreas.

O setor varejista de supermercados também recuou na sessão de hoje como Carrefour Brasil (ON, -0,87%) e Asai (ON, -1,07%).

Apesar do volume baixo de negociação, o setor de proteína se destaca como BRF (ON, +4,32%), Marfrig (ON, +3,03%), Minerva Foods (ON, +2,86%) e JBS (ON, +1,76%).

“As empresas refletem o otimismo do mercado com a exportação de proteína brasileira para a China pela recente alta do dólar e por um imbróglio chinês com a União Europeia nesse setor, que pode beneficiar o Brasil”, disse planejador financeiro e sócio da Matriz Capital.

Outras ações que subiram. Vale (ON, +0,31%), Itaú (PN, +0,78%) e Bradesco (PN, +0,48%).

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que em dia de liquidez reduzida pelo mundo as atenções ficam para o Copom.

“Não acredito que a fala do Lula [criticou o presidente do BC, Roberto Campos Neto] ontem mude a postura do Banco Central na reunião de hoje. O melhor cenário seria o colegiado manter inalterada a taxa de juros [em 10,5% ao ano], com uma decisão unânime [diferente do encontro de maio em que teve um racha] e ser conservador, mas isso pode gerar um ruído político [em um momento de discussão de quem pode assumir a cadeira de Campos Neto, mandato que termina em dezembro]”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,15%, cotado a R$ 5,4412. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que anuncia no início desta noite o valor atualizado da Selic (taxa básica de juros).

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “existe uma preocupação do mercado de não ter um consenso na decisão do Banco Central (BC)”.

Serrano entende que o mercado coloca como um risco a nova configuração do BC, a partir de 2025: “Com quase todo o colegiado escolhido pelo governo, ele [BC] pode optar pelo crescimento à inflação”, opina.

Existe uma desancoragem nas expectativas de inflação, observa Serrano, que só será resolvida caso o governo anuncie medidas para controle de gastos.

Ainda assim, o economista acredita que a divisa estadunidense está sensivelmente acima do valor justo, que flutua ente R$ 5,00 e R$ 5,10.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas e perto da estabilidade, depois de um dia todo de alta. Isso porque os investidores tensos à espera da votação do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a manutenção ou não da Selic (taxa básica de juros) em 10,5% e o comunicado pós anúncio. Nos Estados Unidos, o feriado que marca o fim da escravidão por lá gera liquidez global reduzida.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,695%, de 10,655% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,295% de 11,285%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,610%, de 11,620%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,840% de 11,885 na mesma comparação.

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli / Agência Safras News