Bolsa fecha em alta puxada por recuperação de Petrobras e bom humor em NY; dólar cai

329

São Paulo – Após três sessões em queda, a Bolsa fechou em alta com a recuperação da Petrobras (PETR3 e PETR4) e alívio no exterior, após a divulgação da inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês) que reforça a aposta de corte de juros nas taxas em junho.

Por aqui, o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro subiu 0,83%, acima do esperado-0,78%- mas o núcleo de serviços mostrou arrefecimento- média +0,50% contra +0,55%.

Nos Estados Unidos, o CPI registrou alta de 0,55%, mas o núcleo de serviços também desacelerou, +3,8% contra leitura anterior de +3,9%.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 3,03% e 3,28%. A Vale (VALE3) caiu 0,62%.

O principal índice da Be subiu 1,22%, aos 127.667,84 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,17%, aos 129.000 pontos. Na máxima no interdiário atingiu 128. 039,47 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,7 bilhões. Nos Estados Unidos, os índices subiram.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomo, disse que o Ibovespa seguiu a trajetória positiva das bolsas de NY, mas também contou com a recuperação das ações da Petrobras.

“Não que tenha desfeito os estragos recentes [em relação à Petrobras], mas o governo deixou em aberto a possibilidade de a empresa rever no futuro próximos os pagamentos extraordinários de dividendos, o que permitiu a recuperação nesta sessão. Os dados de inflação ao consumidor, IPCA por aqui e CPI nos EUA, a princípio, não têm potencial efeito sobre os rumos traçados para as políticas monetárias dos respectivos países”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa avança com a Petrobras e o exterior após os dados de inflação ao consumidor.

“Aqui estamos vendo mais o efeito de recuperação da Petrobras depois que o presidente [Jean Paul Prates] comentou que poderia ter o pagamento de dividendos extraordinários e o próprio ministro da Fazenda disse que seria beneficiado com isso. Ficou mais ou menos claro que existe uma força, pressão dentro de setores governo o pagamento de dividendos seria importante para não machucar muito a credibilidade de outras estatais e faz a Petro se recuperar. Em relação à inflação, CPI veio mais ou menos dentro das projeções e deixou todo mundo mais tranquilo pra manter a expectativa de corte em junho [das taxas nos Estados Unidos]. O comunicado da semana que vem [reunião do Fed será 19 e 20] vai ser bem importante pra gente tatear qual vai ser a decisão de junho. Aqui, o IPCA veio com alguns dados mais preocupantes. A inflação de serviços ainda segue como ponto de atenção, mas não deve mudar a perspectiva para nossa taxa Selic, os cortes continuam no preço. Já a Vale chegou a subir, mas passou a cair com os comentários do Penido [José Luciano Duarte, membro independente do conselho de administração da Vale] sobre as influências na empresa [em uma carta de renúncia]. O papel fica no radar e o Ibovespa acompanha o movimento lá fora”.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse que a Bolsa tem um pregão mais positivo refletindo os dados de inflação aqui e lá fora que apesar de mais altos, o núcleo de serviços mostra desaceleração e commodities ajudando o índice.

“O IPCA veio acima do esperado, mas o núcleo de serviços está arrefecendo [média +0,50% contra +0,55%], o que corrobora com a precificação do mercado com corte de 0,50 pp na próxima reunião. Como o IPCA, o núcleo de serviços do CPI- subiu 3,8% nessa leitura contra 3,9% na anterior -também está em desaceleração reforçando as apostas para uma redução das taxas por lá em junho. Com esse dado do CPI todas as bolsas do mundo sobem mesmo com a curva de juros de longo prazo em alta [as treasuries]. O petróleo tem alta e a Petrobras depois do tombo de dois dias, avança. É um morde e assopra, hoje estamos no assopra e continuamos sem recomendação para a estatal. Os limites de intervenção na Petrobras são maiores que imaginávamos. A Vale avança com a valorização do minério de ferro”.

Mais cedo, Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que a bolsa está sendo suportado pela boa performance de Petrobras e Vale.

“A Petrobras sobe, mas ainda tem os ruídos sobre os dividendos extraordinários, não tem definição clara, e a Vale avança por conta de um pregão melhor na China. Mas acho que ainda está cedo para tirar conclusão. O IPCA veio mais alto que o esperado, apesar de uma abertura melhor em serviços e o CPI veio mais alto, apesar de alguns detalhes um pouco alentadores, o que faz a primeira reação do mercado ser positiva, mas me parece que os números não são tão bons acho que ainda pode ter uma virada no mercado”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,08%, cotado a R$ 4,9742. A moeda teve pouca oscilação ao longo da sessão, em dia marcado pelos dados de inflação nos Estados Unidos.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve alta de 0,4% em fevereiro ante janeiro – alinhado com as projeções do mercado.

De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, essa terça é marcada pela falta de novidades, o que impede que o dólar deslanche.

Segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “não vemos pressão na taxa de juros lá fora. O mercado está reagindo até que positivamente, com o dólar oscilando ao redor do zero”.

Serrano acredita que o resultado de hoje alimenta as esperanças de que os cortes dos juros nos Estados Unidos comecem em junho: “Independente disso, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve seguir com a comunicação cautelosa”, opina.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “o mercado tende a reagir positivamente. A inflação do jeito que está vai permitir que o Fed comece a cortar os juros na reunião de junho”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em queda, reagindo aos dados de inflação daqui, que veio acima do esperado, e dos Estados Unidos, que vieram em linha com o projetado pelo mercado.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,850%, de 9,870% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,705% de 9,700%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,935%, de 9,930%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,215% de 10,205% na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, apesar dos dados-chave de inflação virem acima do que o esperado, porém ajudando a definir as expectativas para o momento de um corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira a variação e pontuação dos principais índices após o fechamento:

Dow Jones: +0,61%, aos 39.005,49 pontos
Nasdaq: +1,54%, aos 16.265,6 pontos
S&P: +1,12%, aos 5,175,27 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA