Bolsa fecha em alta sob expectativa de estímulos chineses; dólar encerra a R$ 6,08

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São Paulo -Em dia de apetite ao risco, a Bolsa fechou em campo positivo, oscilou entre a mínima de 125.945,89 pontos e a máxima de 127.541,62 pontos sob efeito da China, com promessa de estímulos fiscais e afrouxamento monetário no ano que vem. As commodities metálicas se beneficiaram.

A Vale (VALE3) subiu 5,31%. CSN (CSNA3) registrou ganho de 4,39% e Gerdau (GGBR4) fechou em alta de 3,32%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 2,63% e 2,58% com valorização do petróleo.

Na ponta negativa, o destaque ficou para as ações sensíveis a juros.

O principal índice da B3 avançou 1,00%, aos 127.210,19 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro subiu 1,08%, aos 127.475 pontos. O giro financeiro era de R$ 21,1 bilhões. Em Nova York, os índices caíram.

Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, disse que o “anúncio da política monetária da China é o grande destaque, visando incentivar consumo, e o setor de mineração da Bolsa se beneficia, como CSN e Vale. Por outro lado, a situação fiscal do Brasil ainda traz muita incerteza principalmente para o posicionamento do investidor estrangeiro”.

Para Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, a Bolsa avança impulsionada pela Vale e Petrobras.

“A alta do minério ferro e petróleo, o afrouxamento da política monetária na China e expectativa promissora em relação ao relatório do Eduardo Braga [relator, MDB-AM] sobre a reforma tributária. O fiscal do Brasil ainda precisa ser avançado. E sobre o Copom, está precificado um aumento da Selic entre 0,50pp a 0,75pp”.

Ubirajara Silva, analista de renda variável independente, disse que as Vale e Petrobras estão puxando o índice.

“A China está subindo bem hoje com expectativa de mais estímulos e puxando as commodities. Na sexta-feira, o Brasil [Ibovespa caiu 1,49%] piorou no vazio, e hoje vemos recuperação do Ibovespa. A alta do petróleo reflete a questão geopolítica [com temor de que a queda de Bashar Al-Assad na Síria, aumente tensões no Oriente Médio] e a China”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,09%, cotado a R$ 6,0816. Na primeira parte da sessão os estímulos fiscais na China foram positivos para o real, mas o fiscal doméstico voltou a fazer preço no período da tarde, favorecendo a divisa estadunidense.

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, embora a China favoreça as divisas ligadas às commodities, o fiscal doméstico faz com que o real não consiga ganhar força.

Weigt acredita que a “conta vai chegar”, mas não a curto prazo, e que o pacote fiscal apresentado pelo governo foi decepcionante.

“Ninguém acredita que até 2026 irá ocorrer uma ação para corte de gastos”, opina Weigt.

De acordo com a Ajax Asset, “lá fora, anúncio do governo chinês de que adotará uma política fiscal proativa e que a política monetária será moderadamente frouxa impacta positivamente os preços das commodities, em especial as metálicas, e as moedas dos emergentes e exportadores. Por aqui seguem as notícias de que as alterações no BPC enfrentam forte resistência no Congresso”.

“Mais cedo, o Politburo anunciou que adotará uma estratégia ‘moderadamente frouxa’ para a política monetária em 2025, sendo a primeira mudança de postura mais significativa desde 2011. O órgão também sinalizou que será ‘mais proativo’ em relação à política fiscal chinesa, e se comprometeram a ‘estabilizar os mercados imobiliário e de ações’ e intensificar o ‘ajuste extraordinário de políticas anticíclicas’ em sinalização de maior fortalecimento a confiança dos empresários e consumidores”, contextualizou a Ajax.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, com mercado tensionado com previção de aumento consistente da Selic (taxa básica de juros) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) dos próximos dias.

Por volta das 17h (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,845% de 11,845% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 14,375%, de 14,350%, o DI para janeiro de 2027 ia a 14,690%, de 14,690%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 14,565% de 14,565% na mesma comparação. O dólar opera em alta cotado a R$ 6,0658 para venda.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, recuando de suas máximas históricas, à medida que as ações de tecnologia enfrentam dificuldades e os investidores aguardando dados importantes de inflação previstos para esta semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,54%, 44.401,93 pontos
Nasdaq 100: -0,62%, 19.736,7 pontos
S&P 500: -0,61%, 6.052,85 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo