São Paulo -O pregão foi de alívio. A Bolsa fechou em alta expressiva, subiu mais de três mil pontos, em dia de otimismo global e com os dados de inflação nos Estados Unidos mais favoráveis, o que aumenta a expectativa de uma política monetária menos restritiva.
Somado a isso, no cenário doméstico, as contas do governo com déficit menor que o esperado, abertura na curva de juros e ativos bem descontados ajudaram no bom humor Das 87 ações do índice, apenas duas ações caíram-Marfrig e Klabin.
As ações da Marfrig (MRFG3) e Klabin (KLBN11) caíram 1,75% e 0,50%, respectivamente. As ações da Hapvida (HAPV3) foram destaque de alta “por conta da proximidade das audiências sobre a política de preços e reajustes nos preços dos planos”, disse Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
O principal índice da B3 subiu 2,80%, aos 122.650,20 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 2,88%, aos 123.775 pontos. O giro financeiro foi de R$ 48 bilhões. Nos Estados Unidos, os índices fecharam no positivo.
Alison Correia, sócio e analista da Top Gain, disse que recesso parlamentar, ativos descontados e inflação nos Estados Unidos ajudam a animar o mercado.
“Não temos o Congresso pra atrapalhar; muitos ativos estão descontados, empresas boas e com bons fundamentos que foram muito machucadas no ano passado, e nesse início de ano é uma oportunidade para quem acredita em longo prazo e quer começar a montar uma carteira. Outro ponto que favorece é a é a inflação nos Estados Unidos-PPI abaixo do esperado {+0,2% e previsão 0,4%] e CPI levemente abaixo das projeções, o que reanima a expectativa de que EUA voltem à pauta de corte nas taxas de juros”.
Gustavo Mendonça, sócio e especialista da Valor Investimentos, disse que a alta significativa da Bolsa reflete uma combinação de fatores internos e externos
“Por aqui, a retração acima do esperado do setor de serviços [-0,90%], pressiona os juros futuros pra baixo, o que favorece o mercado de ações. No exterior, o catalisador foram os dados da inflação nos EUA, mesmo em linha com as expectativas aponta uma desaceleração no núcleo da inflação, e reduz com as preocupações das persistências inflacionárias a longo prazo”.
Thiago Pedroso, responsável pela área de renda variável da Criteria, disse que vários pontos positivos aqui e lá fora ajudam nesse bom humor do mercado.
“O CPI, o cessar-fogo de Israel e o Hamas [grupo extremista], alta do petróleo que puxa a Petrobras, as contas do governo que vieram com déficit de R$ 4,51 bilhões, abaixo dos R$ 6,5 bilhões que o mercado esperava, queda do dólar puxando para baixo curva de juros, todos esses fatores ajudaram o índice. Somado a isso, hoje é vencimento de opções sobre o Ibovespa e a bolsa está bastante depreciada, com várias análises apontando que os locais [investidores] estão com alocação muito baixa em um momento em que os ativos estão muito amassados”.
Ian Toro, especialista em renda variável da Melver, disse que a Bolsa responde positivamente aos dados de inflação nos Estados Unidos.
“O CPI de certa forma veio dentro do esperado, apenas o núcleo abaixo. A preocupação seria se o índice viesse acima e o Fed começasse a projetar altas de juros. As apostas para corte ou não das taxas estão divididas no mercado, acredito em uma manutenção [para reunião de 28 e 29] por falta de clareza do cenário [com a nova gestão Trump]. Aqui, o fiscal desancorado ainda preocupa”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “com o núcleo do CPI abaixo do esperado -subiu 3,2% e projeção era de +3,3%, aumentou a probabilidade de o Fed cortar juros, apesar de um mercado de trabalho aquecido”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,36%, cotado a R$ 6,0240. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), divulgado no período da manhã.
O índice registrou alta de 0,4% em dezembro ante novembro (projeção de 0,3%) e acumulou 2,9% em 12 meses (em linha com as estimativas).
Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “com o resultado do CPI, a aposta de dois cortes do Fed ao longo de 2025 vai se consolidar e acaba afastando um pouco da aversão a risco causada pelos dados do mercado de trabalho. No começo do dia o mercado brasileiro já estava um pouco mais otimista pois o setor de serviços mostrou desaceleração (-0,9%) e pode aliviar a pressão inflacionária No final, tudo indica para um dia bom para o real. Devemos ter o real negociando em torno do 6,00”.
“Apesar dos dados de inflação indicarem um ambiente mais propício para o Fed cortar juros em 2025, o dólar reduziu as perdas contra as moedas de desenvolvidos e emergentes. Um tema que vai continuar impondo cautela nos mercados é o que Trump vai fazer e esperamos ter mais visibilidade a partir da posse, no dia 20”, contextualiza Komura.
Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, de acordo com os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), em dia de agenda pesada no Brasil e exterior.
Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,820 de 14,865% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,995%, de 15,140, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,910%, de 15,115%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,820% de 15,060 na mesma comparação.
No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, após o relatório mais recente do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mostrar que a inflação subjacente desacelerou inesperadamente em dezembro, e os principais bancos dos Estados Unidos deram início à temporada de divulgação de resultados trimestrais com números impressionantes.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,65%, 43.221,55 pontos
Nasdaq 100: +2,45%, 19.511,2 pontos
S&P 500: +1,83%, 5.949,91 pontos
Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras