Bolsa fecha em alta sustentada pelas commodities e bancos e descola de Nova York; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta em um dia de otimismo por aqui, voltando à faixa dos 100 mil pontos, impulsionada pelas commodities-com a valorização do minério de ferro por causa da criação de um fundo para alavancar o setor imobiliário chinês e aumento do petróleo.

Os bancos também contribuíram para o ganho do Ibovespa em um pregão na contramão de Nova York.

Os destaques positivos ficaram para as empresas ligadas ao petróleo como Petrobras (PETR3 e PETR4) e Petrorio (PRIO3), que subiram 4,32% e 4,67% e 4,14%, enquanto o peso negativo ficou para a ação do Pão de Açúcar (PCAR3), após o JP Morgan diminuir a recomendação para neutro para a ação de supermercado e reduziu o preço-alvo de R$ 37 para R$ 21. O papel do Pão de Açúcar caiu 7,04%.

Para amanhã, os investidores ficam no aguardo do Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho, prévia da inflação, e balanços corporativos

O principal índice da B3 subiu 1,35%, aos 100.269,85 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,09%, aos 101.040 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, comentou que em um dia positivo para as commodities, “a Bolsa é puxada principalmente por Vale e Petrobras [ações de forte peso no índice] e pela boa performance do setor bancário”.

Alves completou que o Ibovespa operando novamente acima dos 100 mil pontos representa para alguns “um movimento de reversão para uma potencial recuperação do mercado local e para muitos é uma marca psicológica importante”.

André Luzbel, head de renda variável da SVN, disse que a Bolsa está descolada do exterior e sobe com a surpresa boa vinda da China por conta do pacote para ajudar o setor imobiliário. “O alívio vem da China e impulsiona as commodities ligadas à infraestrutura, além da queda dos DIs que é um indicativo positivo para o Ibovespa”

Luzbel afirmou que hoje a alta é generalizada das ações, “não há um setor específico se sobressaindo e o mercado está à espera do IPCA-15 [amanhã]”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que a semana começa com tom mais animado e com as commodities subindo, principalmente com alta significativa do minério de ferro, o que “acaba dando impulso principalmente para os países exportadores de commodities e as empresas de siderurgia e mineração devem se beneficiar com a valorização. Essa estabilização da commodity vem da China com a notícia de que foi criado um fundo para sustentar o mercado imobiliário”.

O gestor da Galapagos Capital afirmou que esta semana o evento mais importante é a decisão de taxa de juros nos Estados Unidos em que o mercado espera alta de 0,75pp, mas o mais relevante é “a sinalização do que eles [os integrantes do Fed] vão fazer para as próximas reuniões e também a divulgação de resultados das grandes empresas de tecnologia por lá e, por aqui, temos o balanço do Santander, na quinta-feira. Vamos ver como anda a inadimplência dos bancos, que tem sido um fator de grande preocupação do mercado e tem pressionado o segmento”.

O dólar comercial fechou em queda de 2,30%, cotado a R$ 5,3720. A moeda foi fortemente impactada pela alta das commodities, embaladas pelo auxílio do governo chinês ao setor imobiliário e o ambiente de baixa aversão ao risco.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “isso é reflexo de um alívio em relação à recessão global. A recessão é inevitável, mas a sensação hoje é que ela pode ser algo mais leve”.

Komura sublinha a importância chinesa nesta forte valorização das commodities, mas alerta: “Esta é uma semana carregada de dados, especialmente a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na quarta”, aponta.

Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “hoje existe uma dinâmica de alívio no mercado, com a recuperação dos preços das commodities e das moedas ligadas a elas, como o real”.

O ambiente, contudo, segue incerto, com o mercado esperando o tom do comunicado que será divulgado após a reunião do Fomc, na tarde da próxima quarta-feira, 27: “É preciso ver os sinais se o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá continuar neste ritmo ou desacelerar na reunião seguinte, em setembro”, observa Serrano.

As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em leve queda neste início de semana com sinais de deflação.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,835% de 13,860% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,735%, de 13,810%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,180%, de 13,265% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,140% de 13,240%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercados de ações dos Estados Unidos fecham a sessão em campo misto, com a Nasdaq caindo 0,43%, à medida que Wall Street se prepara para uma das semanas mais agitadas do ano – com balanços de empresas de peso e dados econômicos importantes. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,28%, 31.990,04 pontos
Nasdaq 100: -0,43%, 11.782,7 pontos
S&P 500: +0,13%, 3.966,84 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA