Bolsa fecha em alta tímida e sustenta os 118 mil pts em dia de baixa liquidez; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou com alta tímida sustentada por Vale e Itaú e conseguiu defender os 118 mil pontos em um dia de agenda de indicadores fraca e pouca liquidez. As ações dós frigoríficos lideraram os ganhos em meio a rumores de bons resultados no 3T23 e melhora de cenário para as margens do setor, já os papéis de companhias aéreas sofreram com o resultado da Gol.

Os investidores repercutiram os resultados do 3T23 e ficam à espera dos números do Itaú Unibanco (ITUB4) após o fechamento. As ações do banco subiram 0,93%.

Os agentes financeiros também acompanharam o evento do BTG Pactual com falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) defendeu que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, continue insistindo com o déficit zero em 2024. O presidente do Senado disse o texto da reforma tributária chegue amanhã (7) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A Vale (VALE3) subiu 0,42% e Petrobras (PETR3 e PETR4) chegou a subir, mas fechou em leve queda. As aéreas caíram. Gol (GOLL4) perdeu 7,06% e Azul (AZUL4) recuou 5,70%. As empresas de consumo e educação tiveram perda com a alta dos DIs.

Em relação aos frigoríficos, Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, comentou que os frigoríficos estão antecipando os resultados e existe uma expectativa do Ebitda da JBS (JBSS3) venha muito bom, mas são rumores de mercado, não tem notícia do setor.

Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, também afirmou que não há notícia específica do setor.

“Essa alta pode ser o mercado mais animado com a recuperação das margens do setor, que ficaram bem amassadas nos últimos meses e, agora, há uma expectativa de melhora com preços mais baixos dos grãos”.

As ações BRFoods (BRFS3) subiram mais de 12%; Marfrig (MRFG3) mais de 8%; JBS(JBSS3) aumentou mais de 2% e Minerva (BEEF3) mais de 3%.

O principal índice da B3 subiu 0,22%, aos 118.431,25 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro teve ganho de 0,03%, aos 119.805 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que em dia de agenda esvaziada, as empresas ligadas às commodities amparam o Ibovespa e as de ciclo doméstico recuam.

“As commodities sustentam a Bolsa e as empresas ligadas ao mercado interno sofrem, mas na semana passada performaram bem, as aéreas estão caindo em cima do resultado e guidance mais fraco da Gol e arrasta o setor. Após fechamento, o Itaú divulga o balanço e é importante para ver como os grandes bancos estão se comportando no cenário doméstico; em um evento pela manhã, o Lira [Arthur Lira, presidente da Câmara] declarou que o Haddad vai continuar tentando déficit zero, mesmo assim a curva de pré abre com ruído político, com os treasuries que voltaram a subir e volume bem baixo”.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa sustentou os 118 mil pontos e contou com o apoio do avanço das ações ligadas às commodities.

“Entretanto, o movimento foi contido, entre uma faixa estreita de 600 pontos e baixo volume negociado, evidenciando certa cautela dos investidores após o forte avanço de sexta-feira, quando houve empolgação com o aumento das perspectivas de encerramento do ciclo de alta dos juros nos EUA e antecipação dos cortes para o final do primeiro semestre do próximo ano”.

Nishimura disse que a queda das ações de companhia aéreas foi uma combinação de fatores conjunturais, “como as altas do DI, petróleo e dólar, além da nova revisão do guidance para o final do ano e o balanço do terceiro trimestre de 2023 da Gol; já os frigoríficos subiram com uma melhora cenário para as margens do setor, com grãos em baixa e recuperação nas exportações”.

Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, disse que a Bolsa tem leve alta mantendo o otimismo de sexta-feira com o payroll abaixo das expectativas, assim como indicadores de atividades, mas a alta dos DIs limita o movimento da Bolsa.

“São tempos estranhos em que notícias ruins econômicas são boas, indicando o mercado de trabalho desacelerando nos EUA, o que possibilita o Fed parar de subir juros; aqui o mercado fica receoso com a pauta fiscal do governo; a curva de juros subindo limita a alta da Bolsa e as commodities tem dia positivo com a notícia de que Rússia e Arábia Saudita vão manter corte de produção do petróleo e ajuda a Petrobras”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que a fala do presidente do Senado [em evento do BTG Pactua esta manhã] sobre a votação da reforma tributária que se dará ainda essa semana “deu uma balançada no mercado porque ainda não tem consenso sobre o texto as declarações do Lira também mexeram ao comentar que se a meta fiscal não for atingida terá consequências no arcabouço fiscal”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,20%, cotado a R$ 4,8869. Após o movimento de forte queda na última sexta (3), a moeda esboçou correção na primeira sessão da semana, mas o fiscal doméstico segue no radar.

“Sexta foi um dia de ajustes para as moedas emergentes. O que pode determinar os rumos, ao longo da semana, é o fiscal”, prevê o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o mercado se acomodou depois do movimento forte de sexta. Os investidores se questionam se o movimento foi exagerado”.

Rostagno entende que ainda mais dados são necessários para confirmar a perda de força do mercado de trabalho estadunidense, e que o real está performando bem ante seus pares.

De acordo com a Ajax Research, “lá fora, juros dos Treasury Bonds em leve alta num dia de fraca agenda nos Estados Unidos. Ativos de risco registram leves altas, inclusive as moedas dos emergentes”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta. O movimento refletiu, ao longo da sessão, a espera pelo tom da ata última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que será divulgado na próxima sexta (10).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,012% de 12,016% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,865% de 10,835%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,720%, de 10,600%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,910 % de 10,875% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com pouca alteração, ainda que ampliassem o forte rali da semana passada, com o Nasdaq registrando sua sequência mais longa de ganhos desde janeiro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,10%, 34.095,86 pontos
Nasdaq 100: +0,30%, 13.518,8 pontos
S&P 500: +0,17%, 4.365,98 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA