Bolsa fecha em alta tímida sustentada por setor financeiro; Petro e Vale impedem maior avanço

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta tímida, em movimento contrário ao exterior, com a valorização das blue chips financeiras e do setor elétrico, e o avanço não foi maior por conta da queda de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4), que juntas têm mais de 25% de peso no índice. A liquidez foi reduzida.

As ações Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 2,82% e 1,40% e 0,89% acompanhando a queda do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional.

Os papéis do Itaú (ITUB4) subiram 1,99% e do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 1,55% e 2,26%. Eletrobras (ELET3 e ELET6) tinha alta de 1,64% e 1,76%.

Por aqui, as atenções seguiram nas sinalizações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação ao arcabouço fiscal. Na tarde de hoje, o ministro disse que os benefícios fiscais aos estados terão mais transparências para evitar perda de arrecadação par a União.

O principal índice da B3 subiu 0,35%, aos 101.869,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,42%, aos 102.200 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa voltou a subir após duas sessões em queda, mas “o avanço foi contido pela baixa nas bolsas norte-americanas e das blue chips Petrobras e Vale”.

Rodrigo Salvador, sócio da HCI Invest e CFP pela Planejar, disse que o Ibovespa opera na contramão das bolsas internacionais e acima dos 102 mil pontos. “As empresas do setor bancário sustentam o índice, com destaque para Itaú e Bradesco, após a forte queda de ontem; do lado negativo, as empresas ligadas às commodities não deixam o índice subir como Vale e Petrobras”.

Salvador comentou que enquanto os investidores internacionais mantêm os olhares para uma possível recessão global, por aqui “a possibilidade de termos avanços importantes no arcabouço fiscal ainda sustentao Ibovespa acima dos 100 mil pts”.

Um analista do mercado financeiro disse que “as ações do setor financeiro e elétrico estão segurando a Bolsa e a queda de Vale e Petrobras impede que o Ibovespa suba mais na sessão de hoje liquidez baixíssima”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que as ações das varejistas e de construção “voltaram a apresentar boa performance e pela continuidade de boa evolução na curva de prêmio juros, mas o varejo vai continuar sofrendo pelo temor de inflação que volta por causa do petróleo, a bolsa americana não está tão boa e o relatório Jolts veio abaixo do esperado, o que reforçaria a tendência de queda de juros. O Jolts foi um “rebound”[rebote] aqui porque ontem o Ibovespa foi ruim”.

Hoje setor financeiro avança, após a derrocada da véspera em meio ao arcabouço fiscal. “O governo precisa arrecadar dinheiro e a leitura é que quem vai ter de pagar essa conta são os bancos, por isso caíram forte na véspera, hoje é um movimento de inversão”.

Segundo Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a melhora por aqui deve-se aos “dados mais fracos de emprego nos Estados Unidos -caíram para 9,931 milhões as vagas em aberto no último dia de fevereiro, uma queda em relação aos 10,563 milhões no mês anterior-; as treasuries melhoraram”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,25%, cotado a R$ 5,0830. A moeda norte-americana refletiu, ao longo da sessão, o temor de uma recessão nos Estados Unidos, além do arcabouço fiscal doméstico que permanece no radar.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a reação do real foi relevante nos últimos dias, e hoje temos uma queda do DXY, com a leitura sobre o mercado de trabalho”.

Abdelmalack refere-se ao relatório Jolts, que apontou a criação de 9,931 milhões de postos de trabalho em fevereiro nos Estados Unidos, uma queda sensível na comparação com o resultado de janeiro (10,563 milhões).

A economista entende que os próximos dados sobre o emprego dos Estados Unidos – ADP, amanhã, e o payroll (folha de pagamento), na sexta – deverão balizar os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o real está na contramão do mercado internacional”. O economista entende que o payroll (folha de pagamento), que será divulgado, será um importante indicador dos próximos passos do Fed.

Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “as atenções se voltam novamente para os próximos passos do banco central americano após dados mais fracos de indicadores dos Estados Unidos.

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da Indústria norte-americana, em março, foi de 46,3 pontos, abaixo do consenso do mercado (47,5 pontos). Abaixo da linha divisória de 50 pontos, o indicador sugere desaceleração econômica.

Quartaroli observa que as discussões que envolvem o arcabouço fiscal doméstico seguem como o principal driver interno.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas, após o relatório do mercado de trabalho dos EUA mostrar abertura de 9,9 milhões de vagas abertas nos EUA em fevereiro, nível inferior ao esperado pelo consenso do mercado e que mostra forte desaceleração em relação a janeiro.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,260% de 13,195% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,005%, 11,970%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,880%, de 11,895%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,990% de 12,045% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, com os temores renovados de uma recessão em Wall Street após a leva mais recente de indicadores econômicos mostrarem uma desaceleração da economia norte-americana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,59%, 33.402,38 pontos
Nasdaq 100: -0,52%, 12.126,3 pontos
S&P 500: -0,57%, 4.100,60 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA