São Paulo -A Bolsa terminou em queda em dia de forte recuo de Petrobras e Vale, empresas de peso no Indice, refletindo a desvalorização das commodities no mercado internacional. As exportadoras subiram.
Após, o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto mostrar deflação, amanhã (11) as atenções do mercado se voltam para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês), o que pode mexer com as expectativas para o corte de juros por lá.
A Vale (ON, – 1,19%); Petrobras (ON, -2,13%; PN, -1,65%). Itaú (PN, estável). Entre as exportadoras, Marfrig (ON, +0,76%) e Suzano (ON; +1,99%) com a alta do dólar.
A queda do Assai (ON, -3,78%) refletiu o rebaixamento de recomendação de compra para neutro pelo JP Morgan.
O IPCA caiu 0,02% em agosto frente a expectativa dos analistas de alta de +0,01%. A inflação acumulada em 12 meses, até agosto, apontou alta de 4,24% e o mercado previa +4,27%.
O principal índice da B3 caiu 0,30%, aos 134.319,58 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,21%, aos 135.550 pontos. O giro financeiro era de R$ 19 bilhões. Em Nova York, os índices operavam mistos.
Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, disse que o Ibovespa cai “em dia de forte queda das commodities-petróleo e do minério de ferro-. O mercado está atento ao debate presidencial entre Trump [Donald Trump, candidato pelo partido Republicano] e Kamala [Kamala Harris, candidata pelo Partido Democrata], hoje à noite. O IPCA [divulgado mais cedo] também foi analisado pelo mercado, foi o primeiro dado negativo desde junho de 2023”.
Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, que o pregão de hoje foi marcado por aversão ao risco com peso de Petrobras
“A Bolsa tem mais uma vez volume financeiro muito abaixo da média, o que é desanimador. Mas apesar das adversidades, tem se mantido acima dos 134 mil pontos, um patamar importante, inclusive do ponto de vista gráfico. Por aqui, destaque foi a Petrobras, que acompanhou a forte correção no preço do petróleo e refletiu em outras empresas do setor petrolífero”.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse as commodties e o temor de recessão trazem pessimismo ao mercado.
“Dia difícil. É mais um vetor de commodities, elas estão apanhando e isso tem um desdobramento sobre o Ibovespa devido ao peso no Indice. Itaú sofre em proporção menor. Outro ponto é o temor de recessão global”.
Spiess disse que o mês de setembro é mais de volatilidade para os mercados globais. “É um momento de ajuste de posição para o último trimestre do ano. Com um temor de recessão às vésperas de um corte de juros lá fora, o investidor prefere ajustar posição. Vimos aqui que agosto começou ruim, mas virou. Até pode acontecer isso em setembro, mas acho mais difícil por conta de commodities, e o exterior-tem debate eleitoral nos EUA. O Brasil fica refém desse cenário. O pessoal deixa de lado um pouco o IPCA abaixo do esperado porque a alta de juros aqui parece que vai acontecer”.
O analista da Empiricus Research acrescentou que “a está em realinhamento de expectativa de política monetária, e em consequência para valuation corporativo. O BC poderia subir a Selic em 0,25 ponto para ser condizente com que ele tinha apresentado anteriormente, sem prejuízo pra credibilidade, mas não é consenso do mercado [essa magnitude]”.
Beto Saadia, economista e sócio da Nomos, disse que a leitura do IPCA divulgado hoje-queda de 0,02%-, “não muda a postura do Banco Central para o Copom semana que vem. Esperamos uma alta de 0,25 pp dada a inflação de 12 meses ainda acima da meta (4,24%) e resiliência da inflação de serviços. Além disso, o dólar se estabilizou em patamar mais altos, vemos escassez hídrica a frente e o PIB forte recentemente divulgado, assim com as concessões de crédito pressionam a inflação”.
Saadia ressaltou que a conta de luz ajudou nessa desaceleração da inflação com uma mudança na revisão de tarifas elétricas da bandeira amarela para verde, mas “no mês seguinte teremos o impacto inverso já que entramos na bandeira vermelha. Isso contribuiu para números favoráveis nos preços administrados, mas será temporário. A bandeira vermelha impactará a próxima leitura de setembro em aproximadamente 0,40 pp”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 1,32%, cotado a R$ 5,6536. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certo temor de recessão nos Estados Unidos e como isso pode impactar os próximos passos da política monetária norte-americana.
O analista da Potenza Capital Bruno Komura acredita que “o mercado parece estar avesso ao risco por conta de medo de recessão ou de piora na economia americana, com isto os juros estão fechando”.
De acordo com o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “o dólar está forte no mundo, especialmente contra as emergentes. Existe um pouco de cautela com o CPI, mas as expectativas estão voltadas para as decisões de política monetária”.
No mercado de juros, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam mistas, perto da estabilidade, com os investidores analisando os dados do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apresentaram deflação em agosto. Alguns analistas acreditam em uma melhora pontual nos preços.
Por volta das 16h16 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,915% de 10,925% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,755%, de 11,755%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,715%, de 11,715%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,760% de 11,745% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campos misto, num dia de alta volatilidade, enquanto os investidores se preparavam para o relatório de inflação ao consumidor, visto como crucial para determinar o tamanho do primeiro corte na taxa de juros norte-americana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,23%, 40.736,96 pontos
Nasdaq 100: +0,84%, 17.025,9 pontos
S&P 500: +0,44%, 5.495,52 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News