São Paulo, 27 de setembro de 2024 – A bolsa encerrou o pregão desta sexta-feira em queda, próxima ao zero. O movimento do pregão manteve a tendência observada nos últimos dias de valorização das commodities, mas a situação no Líbano deixou os investidores mais cautelosos.
O principal índice da B3 fechou em queda de 0,21%, aos 132.730,36 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,12%, aos 133.370 pontos. O giro financeiro foi de de R$ 18 bilhões. Na semana, subiu 1,27%. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Entre as ações de peso, a Vale (VALE3) operou em alta na maior parte da sessão, acompanhando a alta do minério de ferro, mas fechou no negativo (-0,45%), após negar notícia sobre uma potencial abertura de capital da subsidiária Vale Base Metals (VBM). O jornal britânico Financial Times noticiou hoje que a VBM estaria avaliando abrir capital no fim de 2026. Outra notícia sobre a mineradora foi a de que a Cosan estaria avaliando vender sua participação de 4,1% na companhia, avaliada em R$ 2,2 bilhões, para reduzir seu endividamento.
Outros papéis do setor fecharam em baixa e ficaram entre as piores quedas do Ibovespa: CSN Mineração (CMIN3) -4,02% e Usiminas (USIM5) -2,19%; CNS (CSNA3) também caiu -0,15%.
As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) também recuaram -0,40% e 0,38%, respectivamente.
As maiores altas foram vistas em Carrefour (CRFB3) +5,45%; Brava (BRAV3) +4,52%; Petz (PETZ3) +4,24%; Raízen (RAIZ4) +3,60%; e BTG Pactual (BPAC11) +2,80%.
Fora do índice, os destaques de alta foram de Qualicorp (QUAL3), com ganho de 16,66% e Azul (AZUL4), +6,06%.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “temos uma perspectiva positiva para a bolsa. Nos beneficiamos dos preços de commodities mais altos”.
Borsoi, contudo, entende que os ativos cíclicos enfrentam um cenário mais desafiador: “O mercado começou a dar conta do tamanho do problema das bets, que o buraco é muito mais embaixo. É menos dinheiro utilizado pelas famílias para o consumo”.
O economista, porém, observa que “talvez esses ataques de Israel ao Líbano, que empurraram o petróleo pra cima, tenha levado o pessoal a ir mais leve pro fim de semana”.
Mais cedo, foi divulgado o núcleo do índice de preços para os gastos pessoais (PCE), que teve alta de 0,1% em agosto, abaixo das projeções de +0,2%, enquanto o PCE subiu 0,1%, em linhas com as expectativas.
“O Banco Popular da China (PBoC) reduziu a taxa de compulsório e injetou liquidez no sistema bancário, como parte de um esforço contínuo de Pequim para buscar a meta de crescimento de 5% em 2024 e mais uma série de estímulos fiscais são esperados antes do feriado de 1º de outubro (Semana Dourada), após uma reunião do Partido Comunista que destacou a urgência das dificuldades econômicas”, contextualiza o economista do portal Money You Jason Vieira.
“A China ainda planeja emitir mais 1 trilhão em dívida para ajudar governos locais com suas obrigações financeiras. Para tentar estimular o mercado imobiliário, cidades como Xangai e Shenzhen planejam flexibilizar restrições à compra de imóveis, seguindo o exemplo de cidades menores, para aliviar a prolongada crise imobiliária”, continua Vieira.
O economista do Money You entende que “o problema do setor criou uma série de pressões deflacionárias e a baixa confiança do consumidor foi agravada pela dependência da China em exportações, num contexto global de demanda estagnada e temores de que uma vitória republicana nos Estados Unidos traga ainda mais restrições comerciais, na linha que vem ocorrendo na Europa, especialmente com veículos elétricos. A potência chinesa continua limitada ao poder de fogo do governo, especialmente ao se inserir tão fortemente na economia global. Com isso, mais planos ‘contracíclicos’ devem surgir, criando ânimo à tese econômica mais heterodoxas, ainda que seja o mais claro sinal de seu esgotamento”.
O dólar fechou em queda de 0,15%, cotado a R$ 5,4361. A moeda refletiu, ao longo da sessão, os estímulos à economia chinesa. O fiscal local, contudo, fez com que a divisa brasileira não tivesse um bom desempenho. Na semana, a divisa estadunidense recuou 1,52%.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, entende que a performance do real é decepcionante: “A China e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) deveriam contribuir com um real mais forte. Existe certa indigestão com a questão econômica e fiscal. A desconfiança aumentou após o Relatório bimestral de despesas e receitas”.
Borsoi acredita que o cenário atual deveria favorecer a moeda brasileira: “Não tem atratividade no real como se imaginava”.
“O câmbio reflete a falta de apetite pelos ativos locais. Apesar das altas das commodities, da queda dos juros nos Estados Unidos, após dados de inflação tranquilos e da alta das taxas de juros – ainda refletindo a perspectiva de uma taxa Selic terminal mais alta -, depois do RTI de ontem, o câmbio não saiu do lugar e tem mostrado uma dificuldade para romper os R$5,40”, explica Borsoi.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, reagindo a dados de emprego que mostram um mercado de trabalho apertado. O mercado ainda digere os estímulos à economia chinesa e o índice de preços para os gastos pessoais (PCE), nos Estados Unidos.
Por volta das 17h00 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,995% de 11,000% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,275%, de 12,210%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,310%, de 12,225%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,335% de 12,325% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,4346 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em direções opostas, enquanto encerraram a semana em alta, à medida que os investidores se concentraram no principal relatório de inflação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em busca de sinais sobre cortes nas taxas de juros.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,33%, 42.313,00 pontos
Nasdaq 100: -0,39%, 18.119,6 pontos
S&P 500: -0,12%, 5.738,17 pontos
Confira abaixo a variação dos índices na semana:
Dow Jones: +0,59%; Nasdaq 100: +0,96%; S&P 500: +0,62%
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Safras News
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