São Paulo – A Bolsa operou praticamente todo o pregão desta segunda-feira em leve alta sustentada pela Vale (VALE3), mas pouco antes do fechamento passou a cair e encerrou em queda na mínima do dia-107.383,32 pontos- acompanhando a aversão ao risco no mercado norte-americano em que os investidores ficam à espera da reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), na quarta-feira, com a expectativa de anúncio da aceleração do tapering.
As ações da mineradora Vale (VALE) fecharam em alta de 2,92%, cotada a R$ 77,86, beneficiada pela elevação do minério de ferro e a sinalização do governo chinês em dar estímulos à economia do país. Em contrapartida, os papéis de Magazine Luiza seguem sofrendo e encerraram em baixa de 5,02%.
O principal índice da B3 caiu 0,34%, aos 107.383,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caiu 0,21%, aos 107.770 pontos. A máxima no interdiário foi de 109.492,91 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, afirmou que as atenções estão para a reunião do Fed em que o colegiado deve sinalizar a aceleração do tapering (redução de estímulos). “A autoridade monetária não deve mexer nos juros agora, mas se houver uma confirmação de essa aceleração da retirada mensal de R$ 15 bilhões para R$ 30 bilhões na economia, em abril os incentivos terminam”.
O analista da Codepe Corretora comentou que na quarta-feira a Petrobras paga os dividendos para seus acionistas e “com a queda das ações na sessão de hoje, muitos investidores estão aproveitando que vão receber o dinheiro da estatal para montar posições”. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em queda de 0,09% e 0,60%.
Piter Carvalho, head de mesa da Valor Investimentos, comentou que a China pisando no acelerador com uma política monetária e fiscal mais expansionista “impulsiona a alta do minério de ferro, eleva as ações da Vale e outras mineradoras e siderúrgicas e ajuda a nossa Bolsa”.
O head de mesa da Valor Investimentos destacou que todos os mercados estão à espera da reunião do banco central norte-americano para entender como a autoridade vai programar o tapering. “O Fed deve subir os juros no ano que vem, mas a discussão agora é como vai fazer esse pouso, se vai acertar a velocidade, a altura e o ângulo certo. Como se dará a tapering”.
Por aqui, Carvalho comentou que o Brasil ainda enfrenta muitos problemas na parte fiscal “As reformas administrativa e tributária devem ficar para o ano que vem e vamos esperar se a PEC dos precatórios sai esse ano, que vai ser decisiva”.
Para Carvalho, o Brasil é único país que sobe sozinho os juros e fica “totalmente deslocados dos emergentes, trazendo muita volatilidade e deixando o mercado perdido. Ele completa “subir juros “só retrai a economia”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,6740, com alta de 1,06%. A moeda norte-americana refletiu as expectativas pela reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que ocorre esta semana, e pode anunciar a aceleração do tapering (remoção de estímulos) e dar indícios da antecipação do aumento dos juros. Preocupações com a Ômicron também impactaram o câmbio.
Segundo a equipe de analistas da Ouro Preto, “existe um movimento global de aversão ao risco, com crescimento da preocupação com a variante Ômicron”.
Quanto aos Estados Unidos, a Ouro Preto espera uma postura mais incisiva do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano): “O mercado tem uma perspectiva de que a velocidade do tapering seja dobrada, assim como o aumento dos juros já ocorra no próximo semestre”, aposta.
Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “existe preocupação que o Fed venha mais hawk (austero), o que fortalece o dólar”. O head vê um ambiente global de mais propensão ao risco, porém não acredita que isso esteja sendo refletido no câmbio.
Quanto ao cenário doméstico, Serrano enxerga um ambiente positivo: “A maior preocupação, que era o Auxílio Brasil, já está resolvida”, ressalta, referindo-se à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.
De acordo com boletim da Ajax Capital, os “ativos domésticos devem acompanhar melhora externa. Espera-se uma abertura mais positiva de bolsa, com queda nos depósitos interfinanceiros (DIs) e dólar”.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, existe a perspectiva de que o pico da inflação já passou: “O clima favorável à tomada de risco deve levar a dia positivo no mercado local”, projeta.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, acompanhando o repique do dólar.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,154% de 9,154% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,485%, de 11,430%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,590, de 10,425% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,490% de 10,340%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,69 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, com o Nasdaq caindo 1,39%, à medida que os investidores continuam cautelosos sobre a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta e os possíveis impactos na economia devido à variante Ômicron.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,89%, 35.650,95 pontos
Nasdaq Composto: -1,39%, 15.413,3 pontos
S&P 500: -0,91%, 4.668,97 pontos
Edição: Cynara Escobar (cynara.escobar@cma.com.br)