Bolsa fecha em campo negativo e dólar no positivo com susto de CPI

365

São Paulo – A Bolsa fechou no campo negativo em dia em que o humor azedou nos mercados aqui e nos Estados Unidos, após o dado de inflação ao consumidor norte-americana (CPI, sigla em inglês) mostrar aceleração em março e corroborar para uma manutenção de alta de juros por mais tempo lá fora. A queda nas ações foi generalizada, à exceção de Petrobras e petroleiras, Embraer e Transmissão Paulista.

Hoje também foi divulgado o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, inflação oficial do Brasil, abaixo das expectativas- subiu 0,16% contra projeção de +0,25%-, que chegou a animar o mercado na pré-abertura, mas o otimismo durou pouco com o dado do CPI.

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos, divulgada mais cedo, subiu 0,4% e a estimativa era alta de 0,3%. No acumulado do ano, acelerou a 3,5% contra estimativa de 3,4%. O núcleo em termos mensais teve alta de 0,4% em linha com fevereiro.

Segundo a Ativa Investimentos, a Petrobras (ON, +3,01%; PN, +2,22%) subiu em razão da alta do petróleo e expectativas de permanência de Jean Paul Prates no comando da empresa. Petrorio (ON, +0,70%) avançou após a divulgação do relatório de produção e PetroRecôncavo (ON, +1,69%), após relatório de reservas

O principal índice da B3 recuou 1,41%, aos 128.053,74 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 1,68%, aos 128.090 pontos. No interdiário, a Bolsa oscilou entre a máxima de 129.871,64 pontos e mínima de 127.731,77 pontos. O giro foi de R$ 23,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.

Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que o CPI acima do esperado azedou o humor do mercado em meio a uma ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) (19 e 20 de março) mais dovish.

“O documento veio desatualizado, mas se viesse mais duro o humor azedaria de vez [o mercado]. Aqui a queda dos ativos é generalizada, à exceção das petroleiras, Embraer, SLC Agrícola e Transmissão Paulista. Um cenário de alta de juros reflete na precificação das ações na Bolsa. Após do CPI, agora o mercado olha amanhã (11) para o PPI [inflação ao produtor] e o leilão das treasuries de 30 anos-para sentir o mercado-. amanhã (11). Com o dado de inflação hoje, a as chances de corte em junho diminuíram”.

Alison Correia, analista da Top Gain, disse que o CPI veio um pouco acima do esperado, mas foi o suficiente para causar estrago no mercado.

“Mesmo se o número tivesse vindo dentro do consenso [+0,3% no mensal e +3,4% no anual], já era ruim. Esse dado corrobora para um corte de 0,25 ponto porcentual (pp) no último trimestre do ano. O pior cenário é o higher for longer [juro alto por mais tempo]”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o IPCA deu ânimo ao mercado e o CPI mais forte fez o Ibovespa futuro.

“A inflação norte-americana ofuscou a nossa inflação oficial [IPCA de março] e gerou movimento de risk off do mercado. Os juros devem ficar mais altos por mais tempo nos Estados Unidos”.

O dólar fechou em alta de 1,43%, cotado a R$ 5,0779. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o clima de forte aversão global ao risco, após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, referente a março. A alta de 0,4% ficou acima da expectativas (+0,3%) e gerou desconfiança quanto ao início do corte dos juros nos Estados Unidos.

Para o analista da Potenza Capitall Bruno Komura, o resultado de hoje faz o mercado reprecificar o início do corte dos juros nos Estados Unidos, criando um ambiente de forte aversão global ao risco.

De acordo com o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “o dado mostra a economia muito forte. O mercado apostou numa queda que não veio. Agora já se fala que o corte dos juros começam em julho. O clima é de risk-off”.

Santana observa que o clima deve permanecer ao longo da quarta, com o mercado reagindo negativamente aos dados robustos da economia estadunidense.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em firme alta, refletindo majoritariamente o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, que em março subiu 0,4% ante projeção de +0,3%. O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que veio abaixo do esperado – +0,16% ante expectativa de +0,25%, não foi suficiente para aliviar os DI.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,025%, de 9,935% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,145 de 9,955%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,475%, de 10,265%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,805% de 10,595% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo negativo, depois que o relatório de inflação mostrou um aumento inesperado no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) no mês passado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,09%, 38.461,51 pontos
Nasdaq 100: -0,84%, 16.170,4 pontos
S&P 500: -0,94%, 5.160,64 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News