Bolsa fecha em forte alta e atinge maior patamar desde agosto de 2021; dólar cai

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São Paulo – O Ibovespa fechou em forte alta, renovou a máxima do ano e atingiu níveis semelhantes a agosto de 2021, em dia de apetite ao risco global após a inflação ao consumidor nos Estado Unidos (CPI, sigla em inglês) mostrar estabilidade em outubro contra o mês anterior e com os investidores na expectativa que o ciclo de alta dos juros tenha chegado ao fim por lá.

Aqui, pouquíssimas ações tiveram queda e a sessão foi de boa liquidez.

O destaque ficou para as ações de consumo impulsionadas pela queda dos DIs. Na ponta negativa, os papéis da Suzano (SUZB3) lideraram a queda de 2,95% por conta da desvalorização do dólar.

Amanhã (15) será divulgada a inflação ao produtor (PPI, em inglês) norte-americana quando aqui será feriado da Proclamação da República e a Bolsa ficará fechada.

O principal índice da B3 subiu 2,28%, aos 123.165,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 2,26%, aos 124.380 pontos. Na máxima interdiária atingiu 123.370,35 pontos. O giro financeiro foi de R$ 34,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, disse que a sessão de hoje é muito positiva aqui e lá fora.

“Esse bom humor é resultado do CPI abaixo do esperado e o mercado acredita que encerra de vez o ciclo de alta de juros nos EUA; se taxa de juros começar a cair significa maior liquidez e possivelmente alívio para os ativos domésticos; além disso no ambiente doméstico, o IPCA de outubro [subiu 0,24% contra projeção de 0,30%] de sexta-feira benigno e a aprovação da reforma tributária no Senado, mesmo com alterações, temos um cenário favorável”.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse o dado de inflação estável no EUA volta o apetite ao risco no mercado.

“O indicador veio bem interessante com núcleo de inflação abaixo do esperado-consenso era 0,3% mensal e veio 0,2%- e o CPI em outubro tinha expectativa de 0,1% e veio zero; há duas semanas vemos dados bons vindos dos EUA, primeiro foi o payroll positivo [foram criadas150 mil vagas de trabalho em outubro enquanto a previsão era de 180 mil] e agora a inflação. São dados direcionadores, o que deixa a situação de risco mais favorável. Vamos acompanhar as falas de vários membros do Fed porque na semana passada o discurso do Powell foi hawkish sinalizando a importância de voltar a inflação pra meta de 2%. Na plataforma CME [bolsa de Chicago] já está dado manutenção [dos juros] para a próxima reunião [12 e 13 de dezembro, com 95% de probabilidade de não ter alteração nas taxas, e janeiro também. A expectativa de redução deve vir no meio do ano que vem”.

Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da Empiricus Research, disse que os números do CPI nos EUA vieram levemente abaixo do esperado em todas as leituras e animou o mercado.

“A inflação cheia no ano subiu 3,2% e o esperado era 3,3% e o núcleo do ano variou 4,0% contra 4,1% estimado; se comparar com o mês passado, os números vieram menores mostrando desaceleração da inflação, o grupo de energia que ajudou, com destaque para gasolina; o índice de energia caiu 2,5% em outubro e o subgrupo- gasolina- caiu 5% em relação a setembro contribuindo para que a inflação cheia ficasse no zero a zero; o núcleo teve queda importante de acomodação, veio 0,3% comparado com 0,6% na leitura anterior, mas ainda é um ponto de atenção para os formadores de política econômica, o mercado reagiu bem na expectativa que a possível alta de juros em 2023 poderia ser deixada de lado pelo Fed. Apesar de positiva a desaceleração, o núcleo está rodando nos 4% e o Powell [presidente do Fed] disse que a inflação nesse patamar não pode dizer que as coisas estão resolvidas”.

De acordo com um analista de uma grande gestora, o dado do CPI agradou o mercado. “O resultado mostrou que o esse patamar de juros está dando certo e o Fed [banco central norte-americano] deve parar de elevar as taxas-atualmente em 5,25% e 5,50% ao ano”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,93%, cotado a R$ 4,8615. A moeda refletiu, ao longo do dia, o aparente controle inflacionário nos Estados Unidos e a esperança de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) possa antecipar o início do corte nas taxas de juros.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, se manteve estável em outubro ante setembro. As projeções eram de +0,1%.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado começa a apostar que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode antecipar o começo do corte dos juros. A curto e médio prazo o dólar pode chegar a R$ 4,65, R$ 4,70”.

De acordo com o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “o CPI trouxe uma percepção quanto À inflação e reprecificação das taxas de juros. A abertura dele foi boa, com uma devolução do que foi observado no mês passado, especialmente nos preços de habitação”.

Serrano pontua, ainda, que o resultado de hoje reforça a mudança da percepção sobre a inflação e o sentimento de alívio na perspectiva da política monetária do Fed.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, mais que o resultado do CPI no “zero”, o núcleo, que teve alta de 0,2%, animou o mercado.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. Elas refletiram, ao longo da sessão, o Indice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que se manteve estável em outubro ante projeções de +0,1%.

Às 16h41 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,986% de 11,994% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,550% de 10,750%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,285%, de 10,530%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,415% de 10,655% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,8615 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com o rali do pregão ganhando força após os investidores absorverem os dados de inflação mais moderados do que o esperado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,43%, 34.827,70 pontos
Nasdaq 100: +2,37%, 14.094,4 pontos
S&P 500: +1,90%, 4.495,70 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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