Bolsa fecha em forte queda e dólar dispara após decisão dura do Fed; fiscal segue no radar

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda. Além do fiscal doméstico que segue ruidoso há semanas, a decisão de corte de 0,25 ponto percentual, com a perspectiva de uma política protecionista do próximo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou uma forte aversão global ao risco. As falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, tidas como hawkish, pioraram ainda mais o quadro macroeconômico.

“Podemos ser mais cautelosos ao considerar novos ajustes dos juros”, disse o banqueiro estadunidense.

O principal índice da B3 caiu 3,14%, aos 120.771,88 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 2,66%, aos 121.670 pontos. A mínima no intradiário foi de 120.457,48 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

De acordo com Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que alguns aspectos das projeções surpreenderam pelo viés hawkish.

“Não houve mudanças significativas no comunicado, com a autoridade monetária mantendo uma abordagem bastante dependente de dados. Contudo, a principal surpresa foi observada nas projeções materiais, que indicaram uma elevação da mediana da Fed Funds Rate. As projeções para 2025 foram elevadas de 3,4% para 3,9%, sinalizando apenas mais dois cortes de 25 bps ao longo do próximo ano. Nas projeções de juros de longo prazo, houve um aumento de 10 bps, passando para 3,0%. Isso sugere que a restrição de política monetária projetada anteriormente estava subestimada, o que demandará uma postura mais dura por parte do Fed. O aumento das perspectivas inflacionárias para o horizonte relevante, o que indica que o afrouxamento de 50 bps mencionado não será implementado de forma imediata. Desa forma, o Fed não deverá alterar a Fed Funds Rate na próxima reunião”.

Mais cedo, Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse o mau humor reflete o cenário fiscal aqui e a possibilidade da redução no ritmo de queda dos juros americanos.

“É uma pressão dupla- Selic pressionada com a perda da credibilidade com o fiscal e uma possível volta da alta de juros nos Estados Unidos. Já na próxima reunião do Fed será manutenção [da taxa] por conta da inflação que tem sido persistente, núcleo em torno de 0,3%. Aliado ao potencial inflacionário que as políticas do Trump podem trazer, o que compromete as expectativas, não é à toa que o dólar está subindo tanto. Dólar alto aumenta a inflação”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, a percepção de risco aumentou por parte dos investidores, o governo precisa se posicionar para melhorar esse mau humor.

“O mercado ainda está bem sensível com a falta de segurança em relação ao fiscal. Precisamos de uma sinalização do governo de que vai ter algum cuidado com o lado fiscal, mas a gente está vendo exatamente o contrário. A falta de credibilidade vai ser estancada à medida em que o governo sinalizar alguma coisa, mas parece que está longe de ver isso, ter uma perspectiva mais positiva”.

Farto explicou que o Tesouro teve bastante dificuldade no leilão de NTN-F, não conseguiram vender muito. Ontem no leilão de NTN-B chegou a pedir prêmio acima de IPCA + 8. Todos os sinais indicam que o investidor ainda está bem receoso por conta da dessa questão fiscal, apesar da aprovação ontem na Câmara de pelo menos uma das matérias do pacote de corte de gastos. Parece que ele vai ser bem desidratado e o custo para aprovação disso também está sendo bem alto.

Willian Andrade, CIO da gestora Kaya Asset Management, disse que “falta disciplina fiscal não só do governo como de outros setores. O principal problema é passar confiança e credibilidade e isso não aconteceu. A reforma tributária desidratou bastante e isso também vai se dar com o pacote. Nâo passou credibilidade. Se tivermos um controle de inflação e o governo tentar ajustar o fiscal, tudo isso encaixado, não é apenas uma solução imediata, mas [resolução] para os próximos dois ou três anos, o mercado acalma”.

O dólar comercial fechou em alta de 2,81%, cotado a R$ 6,2673. O movimento ganhou corpo após o anúncio do corte de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros norte-americana, além do fiscal doméstico que segue ruidoso.

Embora o corte executado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha vindo em linha com o esperado, as perspectivas são nebulosas: “Com as perspectivas de aumento de tarifas anunciadas por Trump e o leve aumento da inflação no último mês, o FED não se adiantou sobre os rumos futuros de cortes, porém, nas projeções anunciadas, foi indicado um aumento em relação às projeções anteriores, sinalizando apenas mais dois cortes de 25bps”, explica o diretor de risco da Ciano Investimentos, Plíno Zanini.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em firme alta depois de divulgada decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de reduzir em 0,25 ponto percentual (pp) sua taxa de juros, que agora está no intervalo entre 4,25% e 4,5%. As taxas já operam em forte alta desde a abertura do pregão, refletindo ruídos políticos no Congresso Nacional quanto à aprovação de matérias econômicas, além do temor de dominância fiscal.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em forte queda, apesar do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (pp) porém sinalizar que cortará as taxas menos vezes no próximo ano do que o projetado anteriormente.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -2,58%, 42.326,87 pontos

Nasdaq 100: -3,56%, 19.392,7 pontos

S&P 500: -2,94%, 5.872,16 pontos