Bolsa fecha em forte queda e registra pior mês do ano com preocupações com o fiscal; dólar encerra em alta

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda de mais de 2% e outubro foi considerado o pior mês para o índice com os investidores preocupados com o impasse da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios e sem a garantia de que será aprovada, votação prevista para semana que vem, com a intenção de viabilizar o Auxílio Brasil.
Somado a isso, os comentários do presidente Jair Bolsonaro, em uma live na véspera, afirmando que a Petrobras (PETR3 e PETR4) não precisa dar tanto lucro estressou o mercado e as ações tiveram forte queda. Mais tarde o presidente da estatal, o general Joaquim Luna e Silva, disse que o Congresso e o governo tentam uma solução para a alta dos preços dos combustíveis e provocou mais tensão no mercado. O balanço da Petrobras que foi robusto não ajudou na boa performance dos papéis da estatal na sessão de hoje.
O principal índice da B3 fechou em queda de 2,08%, aos 103.500,71 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caiu 0,77%, aos 104.800 pontos. Na semana, a queda foi de 2,62% e no acumulado do mês atingiu 6,74%. O volume financeiro foi de R$ 33,1 bilhões. Em Nova York, os índices encerraram em alta.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 6,15% e 5,75% e os papéis da Vale (VALE3) também perderam 2,79% com o mercado reagindo ao balanço da mineradora pior que o esperado pelos analistas e a queda do minério de ferro-mais de 2% na China.
Segundo Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, vários fatores contribuíram para o estresse da Bolsa que vai desde a deterioração fiscal com o furo de teto, falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras, balanço pior que o esperado da Vale e a declaração do presidente da petrolífera general Joaquim Silva e Luna de que o Congresso está avaliando soluções com o governo para resolver a questão da alta dos combustíveis.
“A piora no Indice foi o comentário do presidente da Petrobras. O diferencial é que antes Luna dizia que não teria a menor chance de interferência no preço da Petrobras por parte do governo, agora cedendo à pressão política é uma bandeira vermelha para ficar atento”.
As commodities não estavam bem e acabaram influenciando em mineração e siderurgia, ademais do balanço da Vale que não saiu no consenso do mercado, disse Crespi. E as ações que estão performando bem são as dos frigoríficos. Para semana que vem, o especialista de mercado da Guide Investimentos, espera “resultados satisfatórios de empresas de tradicionais focadas em alta renda”.
Para o analista Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma de investimentos sim;paul, o imbróglio em relação à PEC dos precatórios e sem a possibilidade de aprovação deixa o investidor inseguro. “O mercado está totalmente às escuras se a Pec será aprovada, mas a chance é de que não haja quórum e quanto ao Auxílio Brasil, o movimento é o mesmo de incerteza se será por meio do teto extraordinário ou a necessidade de decretação de estado de calamidade pública para pagar o extra teto”.
Flávio Conde, head de renda variável da Levante Ideias de Investimentos, afirmou que as ações da Petrobras e Vale-têm relevância acima de 20% do índice empurraram o índice para baixo. “Petrobras teve bom resultado, mas as falas de Bolsonaro pesam na leitura do mercado na sessão de hoje e a Vale teve balanço abaixo do esperado”. Conde enfatizou que os investidores têm muita cautela por ser final de mês.
Segundo o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, as ações da Petrobras e Vale estão puxando o índice para baixo. “Há muita pressão de venda de corretora de bancos estrangeiros em Petrobras, principalmente, e com a queda do minério lá fora-mais de 2% na China, pressiona Vale e o setor siderúrgico”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,6420, com alta de 0,28%. Embora tenha sofrido uma leve oscilação durante a sessão, as crescentes dúvidas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e o orçamento de 2022 contribuem para que a moeda norte-americana não perca fôlego.
Segundo fonte ouvida pela CMA, “o dólar está se descolando da bolsa, e isso se deve à PEC, que não se sabe se passa ou não”. A fonte ainda diz que este é o governo do improviso: “O mercado já se cansou disso. Todos, inclusive o (ministro da Economia) Paulo Guedes, já estão totalmente enfraquecidos”, constata.
A fonte ainda diz que, a curto prazo, não vê uma melhora no cenário, e que trabalhar com o real fortalecido se tornou inviável: “Não duvido que o dólar chegue a R$ 6,00”, projeta. “Assim como o câmbio, a inflação também não deve arrefecer”, analisa.
Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, “está ficando claro que o prêmio fiscal está falando mais alto que a taxa de juros”. O economista acredita que o discurso do Banco Central (BC) ficou aquém do esperado: “O comunicado foi muito brando e isso pegou mal. Ele (BC) teve a oportunidade ancorar as expectativas fiscais e não fez isso. Pegou mal, o mercado esperava uma postura mais dura”, salienta.
Por outro lado, a enorme dificuldade em encaixar os programas sociais no orçamento de 2022, é preocupante: “Se trata da enorme desorganização para a aprovação da PEC dos Precatórios. O Legislativo e Executivo precisam se organizar”, enfatiza.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abriram a sessão em alta, mas o estresse durou pouco e elas fecharam em queda nesta tarde. As incertezas fiscais permanecem, mas o mercado recebeu com bons olhos os resultados do setor público divulgados hoje e aproveitou o embalo para ajustar as taxas após uma semana turbulenta.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,364% de 8,400% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,130%, de 12,400%; o DI para janeiro de 2025 ia a 12,200%, de 12,510% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,090% de 12,470%, na mesma comparação.
Os principais índices de ações do mercado norte-americano terminaram o dia em alta, alcançando recordes no fechamento, depois de oscilarem entre perdas e ganhos ao longo da sessão, em meio às quedas dos papéis de Apple e Amazon. Na semana, Wall Street acumulou ganhos e teve o melhor desempenho do ano no mês de outubro. Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,25%, 35.819,56 pontos
Nasdaq Composto: +0,33%, 15.498,40 pontos
S&P 500: +0,19%, 4.605,38 pontos