Bolsa fecha em leve alta após governo revisar déficit primário para este ano; dólar encerra a R$ 4,90

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Foto: Pexels

São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta com os investidores reagindo de forma negativa à ampliação das estimativas do déficit primário para este ano em R$ 35,9 bilhões, passando de R$ 141,4 bilhões (1,3% do PIB) para R$ 177,4 bilhões (1,7% do PIB). O resultado faz parte do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de 2023 divulgado, mais cedo, pelo governo em um momento em que a equipe econômica luta para perseguir a meta de déficit zero no ano que vem. A queda as ações da Vale (VALE 3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) também contribuíram para o índice não avançar muito.

Mas, na sessão de hoje, a Bolsa chegou a atingir 126.875,11 pontos na máxima do dia com a expectativa de que o Fed encerre o aperto monetário diante de indicadores mostrando desaceleração e aqui as falas recentes de Campos Neto sobre a inflação convergindo para a meta também favoreceram o índice.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,05% e 0,14% com o recuo do petróleo tipo Brent. Os papéis chegaram recuar mais de 1%. Os investidores ficam no aguardo para a divulgação do Plano Estratégico 2024-2028 da companhia na sexta-feira (24). A Vale (VALE3) perdeu 1,09%.

O principal índice da B3 subiu 0,32%, aos 126.035,30 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro registrou ganho de 0,21%, aos 126.760 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos disse que “o Ibovespa piorou o desempenho após o governo ampliar a projeção de déficit primário deste ano, sem contar os juros da dívida. Anteriormente, a bolsa operava no positivo, chegou a subir mais de 126 mil pts refletindo a aprovação pelo Senado do projeto da taxação dos offshores e fundos exclusivos”.

Em relação à Cemig (CMIG4), Leão disse que “há rumores de que o Zema [Romeu Zema, governador de Minas Gerais] aceitou a federalização e da Copasa, o mercado viu isso de forma negativa pra a condução da empresa. As ações lideraram a queda do Ibovespa de 9,70%.

Bruna Sene, analista da Nova Investimentos disse que o Ibovespa teve uma sessão positiva, mas “contida pelos movimentos de realização nas ações da Vale, maior peso no índice, e da Petrobras, em linha com a queda nos preços do petróleo. Este mês de novembro se destaca pela forte valorização da bolsa brasileira, com um movimento de 10 pregões positivos, entre os 14 pregões do mês até o momento, acompanhado por uma significativa entrada de capital estrangeiro”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que o resultado de déficit primário refletiu no movimento do Ibovespa. “Isso conversa muito com a meta fiscal para o ano que vem que passou com a LDO prevendo déficit zero para 2024, mas a gente sabe que é um assunto que vai voltar à tona. Dificilmente vamos ver um déficit zero para o ano que vem, uma vez que a força pro lado da arrecadação está encontrando muita resistência, isso deve impactar os planos do governo para zerar o déficit. Esse assunto fica um pouco mais inflamado, mas vamos aguardar se o governo se pronuncia sobre o resultado”. Farto disse que as últimas altas do Ibovespa é influenciada pelo exterior que notícias internas, tem muito capital de fluxo estrangeiro entrando na bolsa este mês.

Mais cedo, Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que fatores internos e externos ajudam a impulsionar a Bolsa em que os investidores ficam na expectativa de rali de fim do ano.

“Os dados econômicos nos Estados Unidos, hoje os pedidos de seguro-desemprego semanal mostraram desaceleração [caiu 24 mil, para 209 mil contra a semana anterior de 233 mil], sinalizam que o aperto monetário teria encerrado e que o Fed poderia cortar os juros no segundo trimestre do ano que vem, apesar de ontem a ata ter vindo mais dura. Como estava desatualizada, não fez preço. No cenário doméstico, a expectativa para o IPCA-15 na sexta-feira (23) e vier abaixo das estimativas, as recentes falas do Roberto Campos Neto [ presidente do BC, que a inflação está convergindo e se seguir neste ritmo, a meta de 2024 deve ser atingida] ajudam para a queda dos DIs e a Bolsa; as Smalls caps são beneficiadas; o que atrapalha é a queda das commodities, principalmente o petróleo que impacta a Petrobras; em relação à estatal o mercado aguarda a divulgação do Plano Estratégico 2024-2028 da companhia, mas o dia está excelente e todo mundo na expectativa para o rali de fim de ano”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o adiamento da reunião da Opep “ajudou a animar a Bolsa e os DIs porque o mercado tinha temor de um reajuste nos preços dos combustíveis. Com a queda do petróleo, esse medo sai da frente, tira pressão na inflação e o Banco Central pode cortar os juros”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,07%, cotado a R$ 4,9009. A sessão foi marcada pela baixa liquidez, refletindo o feriado de Ação de Graças, que começou esta tarde nos Estados Unidos.

Segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, o driver de hoje é o feriado nos Estados Unidos, o que deve resultar em duas sessões mornas nos dois dias restantes da semana.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, a ata da última reunião do Fomc, divulgada ontem, não trouxe novidades, e que o movimento de hoje pode ser visto como de correção: “O dólar tende a se acomodar próximo aos 4,85”, projeta.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda em queda, refletindo as falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que disse ontem acreditar que a meta fiscal deve ser cumprida no ano que vem. Há pouco o governo federal divulgou uma maior estimativa do déficit do resultado primário, mas segundo os analistas, a notícia hoje não fez preço.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,944% de 11,950% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,515% de 10,575%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,245%, de 10,330%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,370 % de 10,455% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, após os juros dos Treasuries caírem brevemente para o seu nível mais baixo em dois meses, e o rali de novembro se ampliando à frente do feriado de Ação de Graças.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,53%, 35.273,03 pontos
Nasdaq 100: +0,46%, 14.266 pontos
S&P 500: +0,40%, 4.556,62 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA