Bolsa fecha em leve alta com melhora externa e Vale; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa melhorou o desempenho no final dos negócios e encerrou o pregão em leve alta de 0,21% com um exterior positivo, valorização das ações da Vale e recuperação de bancos, mas com baixa liquidez.
Em dia de ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), alguns analistas pontuaram que o tom mais agressivo que no comunicado refletiu no mercado ao deixar em aberto o que virá nas reuniões posteriores a março com o temor fiscal e risco de desancoragem.
Após o fechamento será divulgado o balanço do Bradesco e a expectativa é de que os bancos comecem a pagar dividendos polpudos.
O principal índice da B3 subiu 0,21%, aos 112.234,46 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,28%, aos 112.580 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fechara em alta.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, comentou que a Bolsa opera perto da estabilidade e chama a atenção para a valorização das ações da Vale desde a abertura, que tem mais de 15% de peso no índice e “contraponto esse aumento está a queda de dois papéis importantes como Bradesco e Petrobras levando o Ibovespa a operar entre altas e baixas”.
O analista reforçou que “boa parte dos recursos que estão entrando vão para a Vale”. A mineradora subiu mais de 12% no mês e a Bolsa praticamente ficou estável no período. Na Bolsa de Londres, os pares da Vale subiram mais de 2%. As ações da Vale (VALE3) subiam 1,39%.
Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma sim;paul comentou que a vários fatores contribuíram para o movimento da Bolsa nessa segunda metade do pregão. “A Vale está muito bem com a alta do minério, e algumas revisões para cima de preço-alvo da JBS e até Petrobras melhorou um pouco, mas o principal ponto foi a melhora das bolsas em Nova York”.
Com a forte queda do petróleo, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) perdiam 1,43% e 0,99%, Petrorio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) caíam 1,24% e 1,61%. Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBCD4) fecharam mistos.
Na avaliação de Rodrigo Natali, diretor de estratégia da Inversa Publicações, a ata do Copom veio dentro do esperado pelo mercado apesar de muitas casas e bancos mudarem as previsões. “Não foi uma surpresa. Ficou bem claro que a alta de juros vai continuar e a próxima elevação será menor de 1,50 ponto porcentual (pp). Pelo tom de querer entrar no terreno contracionista, não dá para fazer isso com uma alta e parar”.
Natali ressaltou que a reação negativa no Ibovespa não pode ser atribuída somente à ata. “A Bolsa está muito esticada e vemos um movimento de correção. Da mesma forma que vimos várias sessões de alta sem notícia específica com o mercado dizendo ser por causa de fluxo estrangeiro. A partir do momento que esse movimento inverte ou começar a cessar, haverá queda sem muita definição”. O diretor de estratégia da Inversa Publicações acrescentou também que a queda das ações ligadas ao petróleo puxa a Bolsa para baixo com o recuo forte da commodity.
O dólar fechou em R$ 5,26, com alta de 0,15%. O driver do dia foi a ata mais hawkish (dura, propensa ao aumento dos juros) do Comitê de Política Monetária (Copom), além da queda global no preço das commodities.
Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “o discurso hawkish do Copom já faz com que o mercado reveja o aumento da Selic (taxa básica de juros) em quase 13%, e isso passa a sensação de menor crescimento”.
“Hoje ocorre um movimento de correção. O preço das commodities em queda também afeta o câmbio. O real tem espaço para cair mais, mas o cenário fiscal doméstico não contribui para isso”, contextualiza Serrano.
De acordo com o professor e diretor de Pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), Fernando Dal-Ri Murcia, “os desafios continuam os mesmos, com o aumento dos juros nos Estados Unidos e Europa. Este movimento deve fortalecer o dólar”.
Por mais que o real tenha se valorizado desde o começo do ano, Murcia não acredita que a moeda brasileira mantenha o ritmo: “Pelo fundamento, existe espaço para cair mais, chegar na casa dos R$ 5,00, mas o cenário é preocupante, ainda mais em um ano de eleições com os dois candidatos à presidência com posturas mais intervencionistas. Isso não é bem visto pelo mercado”, observa.
Para o economista do Banco Votorantim, Carlos Lopes, “hoje o dia deve começar favorável ao dólar, em função dos ativos de risco”.
Lopes destaca que o real tem performado bem, acima dos pares emergentes: “A ata mais hawkish do Comitê de Política Monetária (Copom) pode favorecer o real. Ela indicou que podem ocorrer ajustes adicionais, pareceu uma correção de rumo”, avalia. JUROS: DIs fecham em alta após ata hawkish do Copom
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após uma ata do Copom bastante hawkish.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,115% de 11,950% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,550%, de 11,370%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,120%, de 10,970% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,255% de 11,115%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,2560 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com o Nasdaq subindo 1,28%, à medida que os investidores seguem precificando o restante dos balanços trimestrais das empresas nesta semana e aguardam a divulgação dos dados inflação da economia norte-americana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
           Dow Jones: +1,06%, 35.462,78 pontos
           Nasdaq 100: +1,28%, 14.194,5 pontos
           S&P 500: +0,84%, 4.521,54 pontos