São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta em um dia de volatilidade em meio aos dados mais fracos do mercado de trabalho do setor privado nos Estados Unidos contribuindo para o recuo dos títulos da dívida do governo norte-americano, exterior positivo e alta das ações do varejo e bancões, mas a queda da Petrobras (PETR3 e PETR4) devido ao recuo do petróleo e da Vale (VALE3) restringiu o avanço do índice.
Após a divulgação de dois indicadores do mercado de trabalho dos Estados Unidos, os investidores ficam à espera na sexta-feira (6) pelo payroll-dado importante para entender a economia.
O setor financeiro subiu forte refletindo a possível extinção do Juro sobre Capital Próprio (JCP) do projeto de lei das offshores. As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 2,77% e 3,37%. Itaú (ITUB4) aumentou 2,29%.
As ações das petroleiras caíram refletindo o recuo do barril de petróleo no mercado internacional. A Petrobras (PETR 3 PETR4) perdeu 3,02% e 3,97%, Petrorio (PRIO3) baixou 2,81%, 3R Petroleum (RRRP3) recuou 2,93% e PetroRecôncavo (RECV3) desvalorizou 2,76%. Mais cedo, a Opep anunciou que manterá o corte na produção do petróleo e a Arábia Saudita já tinha informado que continuará com redução na produção da commodity até o fim do ano. A Vale (VALE3) caiu 1,06%.
Mais cedo, nos Estados Unidos, o setor privado criou 89 mil vagas em setembro, abaixo das expectativas do mercado de 160 mil.
Após sofrer na véspera, o setor de varejo se recupera e sobe impactado pela queda dos DIs. Magazine Luiza (MGLU3), Carrefour (CRFB3), Arezzo (ARZZ3) e Locaweb (LWSA3) subiram. A Arezzo também avança após o JP Morgan elevar a recomendação da empresa de neutra para compra, assim como Lojas Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3).
As ações da Yduqs (YDUQ3) foram um dos destaques de alta do Ibovespa, subiram 7,60%, após o lançamento do edital do Mais Médicos para a abertura de novos cursos de medicina.
O principal índice da B3 subiu 0,16%, aos 113.607,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,43%, aos 114.115 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o dia é mais positivo para os ativos de risco, após dos dados do ADP terem vindo abaixo do esperado e “equilibrando um pouco o mercado; a Bolsa está com algumas variações fortes, principalmente as empresas afetadas por câmbio e juros; a queda do petróleo ajuda a explicar o movimento mais acentuado no setor; neste mês o grande tema no Senado deveria ser a reforma tributária em até o momento, está sendo pouco comentada. Já nos EUA devemos acompanhar todos os indicadores porque até começo de novembro [quando terá a reunião do banco central norte-americano] vai ficar a dúvida se o Fed vai ou não subir mais os juros, a possibilidade de corte está afastada”.
Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que a semana é complexa com vários dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. “Ontem o Jolts veio acima das expectativas [criação de 9,6 milhões de vagas contra estimativa de 8,8 milhões] e hoje o ADP, prévia do payroll, veio abaixo das previsões. Na sexta-feira o payroll vai nortear e dizer quais serão os próximos passos do Fed em relação aos juros norte-americanos; hoje petróleo despenca em correção técnica após subir muito nos últimos meses e, com isso, as petroleiras caem. A expectativa é de que a Petrobras (PETR4) venha a testar os R$ 31,50 [fechou em torno de R$ 32,62] o alívio da curva de juros contribui para a alta no setor de varejo”.
André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o Ibovespa está volátil e a cotação do barril do petróleo fica no radar dos investidores. “Após os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos dos Estados Unidos subiram 4,88% ontem e prejudicarem os mercados globais, na sessão de hoje, os dados melhores da pesquisa ADP deram um alívio na questão inflacionária e refletem nos treasuries, que caíam, mas o pilar principal para a Bolsa é o petróleo, que cai forte e impacta nas ações da Petrobras”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,03%, cotado a R$ 5,1524. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que os Estados Unidos mantenham os juros em patamares elevados por mais tempo.
Segundo o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, é preciso “esperar a poeira baixar. A última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), há duas semanas, foi a catalizadora deste processo. O mercado precifica que os juros irão permanecer mais altos por mais tempo”.
Leal não acredita em uma recessão nos Estados Unidos, mas entende que a partir de janeiro a economia estadunidense deve mostrar sinais de desaceleração.
Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “hoje o dia foi marcado pela surpresa positiva no ADP. O mercado teve alívio e agora volta a aumentar a cautela com o payroll”.
A pesquisa ADP apontou a criação de 69 mil vagas no setor privado em setembro. As projeções eram de 160 mil vagas criadas no período.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em queda , descoladas das Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que sobem desde a divulgação de novos dados importantes sobre a economia dos Estados Unidos. Os analistas dizem que os DI caem em movimento de correção.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,246% de 12,268% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,990% de 11,175%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,865%, de 11,105%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11, 110% de 11,140% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta enquanto os juros projetados dos Treasuries recuaram de suas máximas em anos após a divulgação de dados de empregos muito mais fracos do que o esperado.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,39%, 33.129,55 pontos
Nasdaq 100: +1,35%, 13.236,0 pontos
S&P 500: +0,81%, 4.263,75 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA