Bolsa fecha em leve alta com foco na reforma tributária; dólar encerra a R$ 4,850

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta, na contramão do exterior, em dia em que os investidores monitoraram a tramitação da reforma tributária e absorveram a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de junho. O índice chegou a tocar o patamar dos 120 mil pontos-120.199,87 pontos, na máxima do dia.

Por aqui, mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse o texto da reforma tributária deverá ser discutido hoje e amanhã (6) está prevista a votação em primeiro turno.

Na ata, que veio em linha com a expectativa do mercado, mostrou que quase todos os integrantes concordaram que mais altas das taxas de juros serão necessárias este ano.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,88% refletindo os dados mais fracos da China- o índice de gerentes de compras de serviços (PMI, sigla em inglês) caiu 53,9 pontos em junho, de 57,1 pontos em maio. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,02% e 0,13%..

Na ponta positiva, o destaque ficou para a BRF (BRFS3), que subiu 10,27% com a injeção de dinheiro na companhia, uma oferta primária, em torno de R$ 4,8 bilhões. “Os investidores ficam animados com essa injeção em um momento em que a Selic [taxa básica de juros] está alta e o endividamento cada vez maior”, disse Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos.

O principal índice da B3 subiu 0,39%, aos 119.549,21 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto aumentou 0,32%, aos 121.295 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

O fundador da Gava Investimentos disse que os investidores estão “monitorando a tramitação da reforma tributária, que deve ser votada nesta quinta-feira no plenário [Câmara], acompanham o cenário externo após a divulgação da ata do Fomc, que reforçou o que já havia sido falado anteriormente em relação à necessidade de novos aumentos de juros nos EUA; os membros comentaram que a inflação segue persistente e que novas altas podem ser esperadas para conter a inflação”.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que na ata do Fed, os membros “reforçam que a economia está aquecida e é bem provável que deve vir uma ou duas altas de 0,25pp ainda este ano”.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que o Ibovespa deve fechar em leve alta “com a boa performance do setor financeiro, apesar das empresas de commodities puxando pra baixo”. Itaú (ITUB4) subiu 0,86%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) teve leve alta de 0,13% e 0,18%.

Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, disse que a Bolsa começou o dia em queda e passou a subir. “O mercado fica à espera da ata do Fomc que vai dar a direção dos próximos passos que o Fed vai assumir, o setor de siderurgia e mineração cai em bloco refletindo os dados mais fracos da China e pressiona o índice, Petrobras também tem queda e as ações do mercado interno perfomando bem com a expectativa de queda de juros; vamos acompanhar a Câmara dos Deputados, se os parlamentares vão fazer as votações antes do recesso”.

O dólar comercial fechou em leve alta de 0,22%, cotado a R$ 4,850 para venda em meio aos dados mais fracos da China e com os investidores assimilando a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que não apresentou novidades.

O analista de Ouro Preto Investimentos Bruno reiterou que a ata veio dura, abordando a persistente inflação e o robusto mercado de trabalho estadunidense, porém não trouxe novidades: “Isso reforça a expectativa de alta de 0,25 ponto percentual (pp) na próxima reunião e deixa aberta a decisão sobre uma segunda elevação ainda em 2023”.

Para Komura, “o dia deve ser mais negativo, com uma alta do dólar mais expressiva, especialmente após o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da China. O cenário interno continua favorável, mas não livre de ruídos”.

Na China, o índice de gerentes de compras de serviços (PMI, sigla em inglês) caiu 53,9 pontos em junho, de 57,1 pontos em maio, bem abaixo das estimativas- de 56,2 pontos

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta depois da divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), com apenas as DI mais curtas operando perto da estabilidade, refletindo ambiente doméstico favorável. O cenário de alta dos juros nos Estados Unidos referencia os juros daqui, que também são impactados pelo arcabouço fiscal, que segue para sanção presidencial e por fala do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a respeito da reforma tributária.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,800% de 12,790% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,785% de 10,620%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,190%, de 10,110%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,225% de 10,115% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em ligeira queda após Wall Street retornar ao funcionamento de uma semana mais curta devido ao feriado de independência e digerir a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,38%, 34.288,64 pontos
Nasdaq 100: -0,18%, 13.791,7 pontos
S&P 500: -0,19%, 4.446,82 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA