Bolsa fecha em leve alta com impulso do Itaú, à espera do resultado da eleição nos EUA e do corte de gastos; dólar cai

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São Paulo, 5 de novembro de 2024 – O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira estável, com investidores à espera de uma definição local em relação à expectativa de um anúncio de corte de gastos pelo Governo Federal e a elevação da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central após a reunião que termina na quarta-feira (6), enquanto acompanham o último dia de votação da eleição presidencial norte-americana. Os juros futuros e o dólar fecharam em baixa.

O movimento de hoje também repercutiu os resultados corporativos do terceiro trimestre, com destaque positivo para o Itaú Unibanco, após a divulgação de resultados acima das expectativas e a confirmação de dividendos extraordinários, que fez as ações da holding Itaúsa (ITSA4) e do banco (ITUB4) subirem 3,65% e 3,00%, respectivamente, e foram as maiores altas do Ibovespa.

Na ponta negativa, a TIM (TIMS3) caiu 3,93% e também refletiu os resultados, que vieram em linha com as expectativas dos analistas, que citaram preocupações em relação aos aspectos comerciais e de concorrência.

O principal índice de ações da B3 fechou em alta de 0,11%, aos 130.660,75 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,06%, aos 132.085 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14,8 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

As maiores altas do Ibovespa foram de Petz (PETZ3), que subiu 3,82%, Totvs (TOTS3), em alta de 3,73%, seguida por Itaúsa (ITSA4), Banco Pan (BPAN4) +3,53% e RD Saúde (Raia Drogasil, RADL3) +3,05%.

As piores quedas foram de Carrefour Brasil (CRFB3), que caiu 5,15%, TIM (TIMS3), com queda de 3,93%, seguidas por Natura (NTCO3) -2,25%, Minerva (BEEF3) -2,19% e Caixa Seguridade (CXSE3) – 1,75%.

Após o fechamento, saem os balanços de Engie Brasil, Gerdau, Gerdau Metalúrgica, Iguatemi, Pão de Açúcar, Prio (Petro Rio), RD Saúde (Raia Drogasil), Telefônica Brasil e Vibra.

Ana Luiza Gnattali, sócia e head de renda variável da Legend Invest, comenta que hoje o Ibovespa operou dividido entre as incertezas das eleições nos Estados Unidos e a expectativa de novidades no Brasil sobre o pacote de cortes de gastos do governo. Na sua avaliação, o cenário eleitoral americano trouxe muita volatilidade ao mercado, já que o resultado afeta diretamente a economia global. Internamente, o mercado brasileiro reagiu positivamente ao desempenho do Itaú, que registrou um lucro recorrente superior a R$ 10 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Além dos bons resultados, o banco também elevou suas projeções para o crescimento da carteira de crédito, o que animou os investidores e passou uma mensagem de solidez financeira.

“Com isso, o Ibovespa deve fechar o dia acompanhando as oscilações externas, enquanto absorve o impacto positivo dos resultados do Itaú e as expectativas de anúncios fiscais no Brasil”, estimava a analista, perto do fechamento da Bolsa.

Rubens Cittadin, operador de renda variável da ManchesterInvestimentos, comenta as projeções relacionadas ao resultado da eleição nos Estados Unidos. Para o analista da Manchester, o resultado eleitoral pode influenciar o fluxo de investimentos, o que, por sua vez, afetaria a relação do dólar com o real. “Hoje o Ibovespa se manteve estável, com o mercado aguardando ansiosamente os resultados das eleições americanas. Caso Trump seja reeleito, existe a expectativa de um dólar mais forte, o que pode pressionar o Ibovespa”, comentou.

Na sua avaliação, o leve ajuste positivo visto no período da tarde refletiu a reversão das quedas mistas e moderadas registradas pela manhã, impulsionada pela antecipação de uma reunião do governo sobre cortes de gastos, que devem ser anunciados ainda neste mês. “Há discussões sobre um corte de R$ 50 bilhões no orçamento, o que gerou uma percepção de que o governo está comprometido com medidas fiscais mais responsáveis, trazendo um pouco mais de ânimo ao Ibovespa”, analisa.

“No cenário doméstico, um corte de gastos de 50 bilhões especialmente direcionado à previdência pública, como mencionado por alguns ministros na reunião teria um impacto positivo para o índice. Hoje, o mercado reage de forma mista a esses dois cenários, que são os principais fatores de influência sobre o Ibovespa”, conclui Cittadin.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, vê o movimento estável do pregão de hoje como normal após a forte alta da véspera motivada pela expectativa de anúncios de corte de gastos pelo governo após a reunião do ministro da Fazenda Fernando Haddad com o presidente Lula. “Acredito que a próxima pernada venha após o anúncio de fato dessas medidas. Claro que o cenário externo também vai impactar, as eleições principalmente, mas o dia de hoje é movido muito por isso.”

O analista também vê reflexos da temporada de resultados, destacando BB Seguridade e TIM entre os destaques positivo e negativo do dia, e espera que o cenário fiscal brasileiro, a temporada de balanços e as eleições nos Estados Unidos sigam sendo importantes catalisadores da Bolsa em novembro.

O dólar comercial fechou em queda de 0,63%, cotado a R$ 5,7462. A moeda refletiu, especialmente no período da tarde, os acenos de que o governo irá divulgar, nos próximos dias, um pacote de ajustes fiscais. Concomitante a isso, as atenções também se voltam para as eleições presidenciais norte-americanas, que ocorrem hoje.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, existe expectativa para saber como será o pacote anunciado pelo governo. Brigato entende que o dólar tem espaço para cair mais, mas para isso é preciso “fazer a lição de casa”.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “o mercado está receoso [com as eleições] e não vai tomar nenhuma direcionamento enquanto não houver uma decisão”.

No âmbito doméstico, Komura acredita que o mercado aguarda algo mais concreto, e que a proposta de ajustes fiscais que deve ser enviada ao Congresso nos próximos dias será um bom termômetro do quão disposto o governo está a melhorar o fiscal.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam majoritariamente em queda. Isso teve reflexo imediato da reunião ministerial com o presidente Lula, visando montar um pacote de corte de gastos.

Por volta das 16h43 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,342% de 11,326% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,825%, de 12,945%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,950%, de 13,110%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,965% de 13,120% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,7426 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, enquanto os americanos se dirigiam às urnas para as eleições presidenciais e decidir se Kamala Harris ou Donald Trump será o próximo presidente do país.

Os investidores estão se preparando para a volatilidade do mercado, já que o resultado pode não ser claro por dias ou até semanas, caso seja contestado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,02%, 42.221,88 pontos
Nasdaq 100: +1,43%, 18.439,0 pontos
S&P 500: +1,22%, 5.782,76 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo (Safras News)

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