Bolsa fecha em leve alta em dia em que bancos impedem maior avanço; dólar cai

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A Bolsa fechou em leve alta com a valorização das ações da Petrobras, varejistas e consumo e com os bancos impedindo que o índice subisse mais em dia de exterior positivo.
Na sessão de hoje, os investidores repercutiram o balanço do Bradesco do quatro trimestre de 2021, abaixo da expectativa do mercado, o que provocou o tombo dos papéis do setor financeiro. As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) fecharam em forte queda de 8,79% e 8,58% Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) caíram 3,98% e 2,13%. Na contramão, os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,08% e 0,56%.
O principal índice da B3 subiu 0,20%, aos 112.461,39 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,18%, aos 112.545 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Segundo José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, a Bolsa não se sustenta na alta devido à forte queda dos bancos. “Com o recuo de Bradesco e Itaú, que juntos têm quase 10% da carteira teórica, a Bolsa deixa de valorizar entre 1,20% e 1,30%”.
O analista também afirmou que os investidores estão preocupados que “esse movimento negativo poderá refletir no balanço do Itaú”, do quarto trimestre de 2021, que será divulgado na quinta-feira (10).
Leonardo Aparecido, especialista de renda variável da Valor Investimentos, comentou que a Bolsa está de lado. “O mercado está de olho no desenrolar da PEC dos combustíveis, que acaba pressionando a curva de juros aqui, e persiste a preocupação com os juros nos Estados Unidos”.
Mais cedo, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a venda de rede móvel da Oi para a Claro, TIM e Vivo, em votação acirrada. Os papéis da Oi (OIBR3 e OIBR4) chegaram a cair quase 20% no início da votação, depois voltaram a subir e fecharam com recuo de 2,88% e 1,70%; Vivo (VIVT3) avançaram 2,72% e da TIM (TIMS3) aumentaram 5,05%.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, comentou que após a volatilidade, a Bolsa melhorou com um exterior positivo, mas principalmente pela recuperação da Vale e bom desempenho de commodities. “Hoje vemos bancos sofrendo muito com uma temporada de balanços, que começou estranha e o setor tem peso expressivo Vale não estava com dia tão bom e passou a avançar e commodities tem boa performance. Se não fossem os bancos, o Ibovespa estava subindo mais”.
Spiess ressaltou que fluxo de estrangeiro vem arrefecendo, após um janeiro forte, mas “deve continuar com essa tentativa de rebound e o aperto monetário mal começou”.
O dólar comercial fechou em 5,226, com perda de 0,64%. O fluxo estrangeiro na bolsa voltou a fortalecer o real. As incertezas fiscais, porém, continuam sendo motivo de preocupação. Para amanhã, o mercado volta as suas atenções para a divulgação da inflação nos Estados Unidos.
De acordo com o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “contra o fluxo, não há argumento. A grande dúvida, porém, é até quando vai contrabalançar as questões fiscais, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)”.
“Os ativos estão baratos pois o cenário é perigoso, os riscos fiscais altos e estamos em um ano eleitoral. Vai chegar um ponto onde não vai mais valer a pena investir no Brasil, mas ainda não se sabe qual será o catalisador disso. Uma das chances é que comece amanhã, com o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês)”, opina Leal.
De acordo com o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o dólar se fortalece lá fora, com a divulgação do CPI”. Rosa acredita que a inflação acelerada nos Estados Unidos pode aumentar as apostas para um aumento de 0,5% já para o mês de março.
Por outro lado, Rosa não acredita que Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) (+0,54% em janeiro ante dezembro) tenha tido influência no câmbio de hoje, mas alerta: “Isso reforça as expectativas para o Banco Central (BC) continuar a subir a Selic (taxa básica de juros), que deve chegar a 12,25% ao final do ciclo”.
Para a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de ontem, trouxe sugestão de que os juros podem subir ainda mais, o que seria positivo para a tendência de queda da taxa de câmbio”.
Os riscos fiscais, contudo, insistem em não sair de cena: “No radar temos a PEC dos Combustíveis, que agora tem assinaturas suficientes para tramitar e pode gerar preocupações e consequente aversão ao risco”, avalia Consorte.
As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após um IPCA, ainda que em linha com o mercado, com sinais de inflação persistente.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,245% de 12,115% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,705%, de 11,550%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,165%, de 11,120% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,180% de 11,255%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta, com o Nasdaq subindo 2,08%, à medida que os investidores digerem outro lote de ganhos corporativos e aliviam as pressões em ações do setor de tecnologia, que tiveram fortes perdas em janeiro.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,86%, 35.768,06 pontos
Nasdaq 100: +2,08%, 14.490,4 pontos
S&P 500: +1,45%, 4.587,18 pontos