Bolsa fecha em leve alta, em dia morno, com mercado à espera de indicadores; dólar encerra a R$ 4,89

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta de 0,17%, em um pregão morno, sem drive para impulsionar o apetite dos investidores. O Ibovespa operou ao longo do dia praticamente de lado com o mercado à espera de indicadores que serão divulgados aqui e nos Estados Unidos durante a semana. As ações das commodities caíram e do setor de educação foram destaque de alta.

Segundo Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos, a ação da Yduqs (YDUQ3) subiu 10,73% refletindo a notícia de que o JPMorgan elevou a recomendação da ação para compra. Outro papel do setor como Cogna (COGN3) também avançou 7,19%. Além disso,

Outro papel que teve alta relevante foi da CSN Mineração (CMIN3), que subiu 6,27%. Com o minério de ferro continuando a negociar acima dos US$130 isso também favoreceu a ação, que tem andado muito colado com os movimentos da commodity”, disse Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital..

Na ponta negativa, 3RPetroleum (RRRP3) foi destaque com queda de 4,26% com o rebaixamento da recomendação pelo Goldman Sachs de compra para venda, e acabou contaminado outros papéis do setor de petróleo.

O principal índice da B3 subiu 0,17% aos 125.731,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro teve alta de 0,05%, aos 126.415 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.

Alison Correia, CEO da Top Gain, disse que a Bolsa opera de lado com os investidores aguardando os indicadores importantes da semana.

“O Ibovespa está perto do zero a zero na expectativa dos dados lá fora de inflação, PIB, Livro Bege e falas dos presidentes dos bancos centrais dos EUA e Europeu ao longo da semana. Vale lembrar que a Bolsa sobe este mês 11%, ela não cai, não consegue corrigir, porque os fundamentos ainda estão positivos. Mas, não tem drive para animar o mercado. Por aqui, esse movimento dos precatórios com expectativa do governo para ter esse direcionamento de verba é importante, mas o julgamento foi adiado e tudo isso gera incerteza”.

Bruno Komura, analista da Potenza, disse que a Bolsa chegou a operar de lado em um dia fraco de indicadores aqui e lá fora, à espera de dados durante a semana, mas passou a cair com as commodities.

“A Bolsa estava com movimento fraco na sessão de hoje; mas as commodities passaram a cair mais e refletiram no índice devido ao peso relevante na composição do Ibovespa; na cena local, os três poderes tinham um estresse, mas parece que arrefeceu, é importante acompanhar como ficarão os vetos da desoneração da folha de pagamentos, o que vai acontecer com a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] de 2024 com a proposta do Randolfe [Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso] de garantir os 0,6% de aumento real das despesas, é um ponto que precisa monitorar, além da reforma tributária e a subvenção do ICMS, o projeto mais importante”.

Em relação ao corporativo, Komura enxerga como positivo o acordo da Americanas com credores, mas a possível fusão da Eneva com Vibra o mercado não se animou como pode ser visto nas ações das duas empresas que caíram. Eneva (ENEV3) perdeu 2,52% e Vibra (VBBR3) recuou 2,42%.

A Petrobras (PETR 3 e PETR4) e a Vale (VALE3) caíram 0,66% e 0,56%, 0,59% em função do movimento das commodities.

“O petróleo cai com o mercado à espera da reunião da Opep, mas em relação à Vale existe um ceticismo; o governo chinês deu incentivo recente ao setor imobiliário, mas hoje vimos que as ações ligadas ao setor devolveram boa parte desse otimismo. O minério de ferro não tem potencial alto de valorização, o otimismo em relação a essas medidas já refletiu no preço, que pode ficar estável por um tempo ou vai ficar mais um pouco dependendo do que acontecer na China”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que em uma semana de agenda cheia, o foco fica em Brasília.

“Esta semana é importante para o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] e devemos acompanhar como vai ser o desenrolar das votações da agenda econômica no Congresso, se ele vai conseguir manter o déficit zero para o ano que vem, petróleo em queda com o mercado aguardando a reunião da Opep na quinta (30). No pré-market Petrobras e Vale caíam, empresas com peso relevante no índice. O que tem chamado a atenção e justifica essa performance forte da Bolsa é o fluxo estrangeiro. O último dado divulgado na última quinta-feira (23) mostrou que o mês de novembro já acumula R$ 16 bilhões de ingresso capital externo e, no ano, quase R$ 23 bi. É interessante observar que praticamente o mês de novembro é responsável por essa entrada”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,02%, cotado a R$ 4,8988. A moeda refletiu, ao longo da segunda, as expectativas com os indicadores que serão divulgados nesta semana, tanto aqui quanto lá fora.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o mercado está sem muita convicção, procurando um centro catalisador”.

Borsoi entende que o mercado vai esperar a divulgação dos indicadores, ao longo da semana, e que “tudo que podia acontecer de positivo já está no preço”, como a retomada econômica da China, o término do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e o fiscal doméstico “menos comprometido”.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “hoje não tem um driver específico, mas o mercado está se preparando para os próximos dias. Também existe um movimento de correção”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, acompanhando os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que também caem, depois de divulgação de dados econômicos que sugerem um arrefecimento da economia norte-americana.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,914% de 11,926% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,405% de 10,410%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,070%, de 10,190%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,210% de 10,355% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, enquanto os traders deram uma pausa no rali após as bolsas registrarem uma sequência de quatro semanas de alta em meio aos últimos indicadores econômicos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,16%, 35.333,47 pontos
Nasdaq 100: -0,07%, 14.241,0 pontos
S&P 500: -0,19%, 4.550,43 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA