Bolsa fecha em leve alta limitada por queda de Petrobras; dólar encerra a R$ 5,5690

169

São Paulo -A Bolsa terminou o pregão desta segunda-feira em leve alta, mas não conseguiu se manter nos 128 mil pontos, principalmente com a queda da Petrobras (PETR4). O mercado não recebeu bem o adiamento dos detalhes sobre os cortes de gastos.

As ações da Petrobras (PETR4) caíram 1,99% acompanhando a cotação do petróleo no mercado internacional. Além disso, o papel foi impactado pela pressão da Unigel, que pede ressarcimento por prejuízo em duas fábricas de fertilizantes.

Os papéis ligados à economia doméstica tiveram boa performance com a queda na curva de juros. Indice Small Caps subiu 1,08%.

Mais cedo, o ministério do Planejamento e Orçamento divulgou o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do terceiro bimestre de 2024. Segundo o documento, a contenção total de despesas ficou em R$ 15 bilhões-R$ 11,2 bilhões em bloqueio e R$ 3,8 bilhões em contingenciamento. Os números já tinham sido antecipados na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O relatório mostrou que a Receita Primária Total passou de R$ 2,704 trilhões para R$ 2,698 trilhões. A despesa total passou de R$ 2,209 trilhões para R$ 2,229 trilhões. As despesas obrigatórias subiram de R$ 2 trilhão para R$ 2,029 Trilhões. As despesas discricionárias recuaram de R$ 208,8 bilhões para R$ 200,4 bilhões.

Entre os parâmetros macroeconômicos, destaque para a elevação na previsão do PIB de 2,45% para 2,54%. A taxa over Selic acumulada passou de 10,31% para 10,64% ao ano. A taxa de câmbio média subiu de R$ 5,04 para R$ 5,20. O preço médio do barril de petróleo subiu de US$ 82,65 para US$ 84,43. O IPCA subiu de 3,7% para 3,9% ao ano.

O principal índice da B3 subiu 0,19%, aos 127.859,63 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,67%, aos 128.745 pontos. O giro foi de R$ 16,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que “o Ibovespa subiu ligeiramente, mas não conseguiu manter os 128 mil atingidos no início do pregão, com pressão negativa das ações ligadas às commodities, enquanto os papéis mais sensíveis aos juros se beneficiaram da queda do DI e do dólar”.

As ações da Sabesp subiram 2,47% na sessão de hoje. “O movimento segue a tendência positiva, com alta demanda do mercado pelo entendimento de que a privatização traz ganhos de eficiência, com grande potencial de valorização”, disse Nishimura.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o adiamento dos detalhes da contenção de gastos e queda da Petrobras reduz alta da Bolsa.

“Com o adiamento para o dia 30, fica difícil comprar a palavra do governo. Se a Petrobras não estivesse caindo tanto, a Bolsa estaria melhor”.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, disse que “o mercado espera pelo relatório bimestral de despesas e receitas [que será divulgado à tarde pelo governo] para entender melhor o contingenciamento de quase R$ 12 bilhões e bloqueio de R$ 3,8 bilhões [antecipados na quinta-feira]. O Ibovespa sobe menos que as Small Caps. A Vale e a Petrobras estão caindo e setor bancário, que tem 23% de peso no índice, puxava o Ibovespa. Os bancos sofreram na semana passada, e hoje tem uma questão de posicionamento nas ações. A petroleira segue lá fora e a mineradora cai com o minério de ferro fraco e na expectativa para o balanço da empresa na quinta-feira (25)”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,5690 para venda, com desvalorização de 0,64%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha baixa de 0,75% a R$ 5.576,500. O cenário exterior e uma correção técnica pressionaram a moeda americana. O dólar reduziu a baixa após o governo adiar para a próxima terça-feira (30) os detalhes em relação ao corte de gastos.

A renúncia do presidente dos EUA, Joe Biden, pela disputa à reeleição ajuda no movimento. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, tinha baixa de 0,06% a 104,33 pontos.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a queda do dólar reflete o exterior e um ajuste, mas a prorrogação dos detalhes sobre o corte de gastos não é bem-vista. “Vemos um pouco de correção e o mercado parece que está mais leve com desistência do Biden [Joe Biden, presidente dos EUA, de concorrer à reeleição]. As bolsas estão subindo e o dólar perdendo força frente aos emergentes]. Mas o adiamento dos detalhes sobre o corte de gastos deixa o mercado cético. A impressão é que o governo não sabe como vai fazer os cortes”.

Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, disse que uma série de fatores impactam diretamente o DI (Depósito Interfinanceiro) e o dólar na sessão de hoje.”A decisão de a China reduzir a taxa básica de juros [taxa de empréstimo de 1 ano foi de 3,45% para 3,35% e de 5 anos foi de 3,95% para 3,85%] foi uma tentativa de estimular a economia, que mostrou sinais de desaceleração. Esse movimento pode ter um efeito positivo nas exportações brasileiras, especialmente para empresas ligadas a commodities”.

Relatório

A contenção total de despesas ficou em R$ 15 bilhões, sendo R$ 11,2 bilhões em bloqueio e R$ 3,8 bilhões em contingenciamento. A informação faz parte do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 3o Bimestre de 2024, divulgado pelo Ministério do Planejamento. Os números são os mesmos antecipados na última quinta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O detalhamento da contenção, por órgão, constará de anexo ao Decreto de Programação Orçamentária e Financeira a ser publicado no próximo dia 30/07. Após a publicação do decreto, os órgãos terão cinco dias úteis para indicar as programações a serem bloqueadas ou contingenciadas

A Receita Primária Total passou de R$ 2,704 trilhões para R$ 2,698 trilhões. A despesa total passou de R$ 2,209 trilhões para R$ 2,229 trilhões. As despesas obrigatórias subiram de R$ 2 trilhão para R$ 2,029 Trilhões. As despesas discricionárias recuaram de R$ 208,8 bilhões para R$ 200,4 bilhões.

Eleições nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que se retira da corrida pela presidência norte-americana e que apoia a vice-presidente Kamala Harris como candidata democrata.

O debate que ocorreu no final de junho, o primeiro entre o presidente e o ex-presidente Donald Trump, em preparação para as eleições de novembro, foi o fator desencadeante de tudo o que aconteceu depois. Biden se mostrou então muito debilitado em suas faculdades cognitivas, o que gerou muitas dúvidas e intensificou os pedidos para que ele se retirasse da corrida pela presidência.

O mercado internacional reagiu bem à mudança do candidato democrata. “A curva de juros dos Treasury Bonds perde inclinação com recuo modesto dos papéis mais longos. Dólar tem leve queda, enquanto bolsas avançam na expectativa de resultados financeiros positivos das empresas no 2º trimestre. A cautela dos investidores se justifica, pois, a mudança da disputa eleitoral com a desistência de Biden e a provável indicação de Kamala Harris aumentou bastante a incerteza do pleito”, explica a Ajax Asset, em relatório.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) seguem operando em queda, avaliando relatório de receitas e despesas contendo compromisso do governo com fiscal e seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano).

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,655%, de 10,690% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,380%, de 11,480%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,615%, de 11,657%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,800% de 11,930% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com as bigtechs registrando altas expressivas, enquanto os investidores avaliavam o cenário político após a saída do presidente Joe Biden da corrida presidencial.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,31%, 40.413,83 pontos
Nasdaq 100: +1,58%, 18.007,57 pontos
S&P 500: +1,08%, 5.564,48 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News