São Paulo – A Bolsa fechou em tímida alta, perto da estabilidade, e não conseguiu se sustentar nos 133 mil pontos. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR$) foram os responsáveis para manter o índice no positivo, em movimento oposto ao exterior, após a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), dias 12 e 13 de dezembro
No documento, os membros do Fed afirmaram que é adequado manter a política restritiva.
As ações da Petrobras (PN, + 3,40%, a R$ 40,70; e ON, + 3,12%, a R$ 38,96) foram embaladas pela alta de mais de 3% do petróleo no mercado internacional refletindo o conflito no Mar Vermelho e o comprometimento da Opep e aliados em se manter unidos para apoiar os preços.
Mais cedo foram divulgados dados de emprego e atividade nos Estados Unidos, mas não mexeram muito com o mercado. O relatório Jolts mostrou que foram abertas 8,790 milhões de vagas no último dia útil de novembro, uma queda em relação aos 8,852 milhões registrados em outubro (dado revisado).
Já o índice ISM de atividade industrial de dezembro subiu 47,4 pontos, acima dos 46,7 pontos registrados em novembro, mas praticamente em linha com a estimativa do mercado de 47,3 pontos.
O principal índice da B3 subiu 0,10%, aos 132.833,95. pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro teve ganho de 0,12%, aos 134.395 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. As bolsas norte-americanas fecharam no negativo.
Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, disse que apesar da queda nas bolsas norte-americanas, o Ibovespa subiu “puxado pela Petrobras em razão da alta do petróleo; em relação ata, o Fed reconheceu uma melhora dos dados de inflação, mas ainda reforça a dependência dos próximos dados [econômicos]; a inflação está convergindo para queda, mas ainda está acima da meta [2%] e reforçou a postura cautelosa de que a taxa de juros deverá ser mantida em patamares elevados por mais tempo que o mercado projeta”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a ata do Fed veio em linha com as expectativas da gestora e a Petrobras puxa o índice para cima.
“O mercado precipitou muito em apostar nem cortes de juros no primeiro trimestre [nos Estados Unidos], [a redução] deve ser mais para a metade do ano. O Fed vai aguardar a resposta da economia no 1º tri para depois começar a agir. As ações da Petrobras têm forte peso no índice e ajuda bastante a bolsa a se manter no positivo”.
Para Alan Soares, analista da Toro Investimentos, a ata do Fed teve um tom hawkish e “reforçou, a princípio a ideia de manter os juros inalterados por mais tempo e ficará na dependência de novos dados para futuras tomadas de decisões. O documento não trouxe reações de alta volatilidade na bolsa”.
Mais cedo, Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, disse que os indicadores dos Estados Unidos divulgados mais cedo- Jolts e ISM setor industrial- não mexeu muito com o mercado e seguimos acompanhando as bolsas lá fora.
“Estamos correlacionados com exterior como foi ontem. O dado de emprego é importante, mas não capta o emprego informal, aliás todos os indicadores são relevantes, mas ver o contexto geral é melhor e não isoladamente um indicador para não dar pistas erradas do processo; o foco é a desaceleração da economia global”
Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que com a agenda fraca por aqui “ficaremos mais um dia à mercê do exterior com os dados de emprego e ata da última reunião do Fed; o fluxo estrangeiro continua forte na B3, apesar de no último pregão do ano ter registrado saída de capital externo, o saldo em dezembro foi positivo e fez com que a bolsa tivesse uma performance muito boa; a entrada de estrangeiros tem sido cada vez mais importante para saber o rumo da bolsa; as treasuries estão voltando aos níveis de 4% e hoje estão abrindo mais 3 bps [após a ata passaram a cair levemente]”.
O dólar comercial fechou estável, cotado a R$ 4,9151. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa pela divulgação da ata última reunião do Fomc, que no entanto não trouxe novidades, apenas reforçando a preocupação do comitê com a economia que permanece aquecida, embora a inflação tenha perdido força.
Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o Fed está desconfortável que as condições financeiras esteja mais soft, soltas. Também incomoda o Fed que a economia esteja forte, embora a inflação esteja desacelerando”.
“O mercado precifica corte no primeiro semestre, então existe um descompasso com o Fed. Foi um não-evento”, crava Weigt.
“A economia desacelerou o passo no 4º trimestre, mas o mercado de trabalho ainda está forte e o desemprego baixo. A Inflação caiu em relação ao ano passado mas ainda está alta. O mercado já precifica corte de 0,25 ponto percentual (pp) em maio. As condições financeiras estão apertadas, mas menos que na última reunião, enquanto as taxas estão próximas do pico, mas que podem subir caso os dados indiquem uma aceleração da inflação ou mercado de trabalho”, contextualiza o head do Travelex Bank.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que a reagem à divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), considerada dovish pelo mercado.
O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,030% de 10,030% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,630% de 9,610%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,745%, de 9,720%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 9,970% de 9,935% na mesma comparação.
Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, recuando pelo segundo dia consecutivo, com o Nasdaq ampliando seu pior desempenho diário em quase três meses mesmo após a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mostrar um tom mais cauteloso do banco central.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,76%, 37.430,19 pontos
Nasdaq 100: -1,18%, 14.592,2 pontos
S&P 500: -0,80%, 4.704,81 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA