Bolsa fecha em leve queda, acima dos 114 mil pontos, com foco em Petrobras; descolada do exterior ; Dólar cai

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São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda de 0,08%, acima dos 114 mil pontos, descolada do exterior, em dia em que a Petrobras (PETR3 e PETR4) foi o foco de atenção dos investidores em meio à confirmação do nome de Jean Paul Prates como conselheiro e no comando da estatal.

Apesar de sua longa experiência no setor de petróleo e gás, o mercado teme condução da política de distribuição de dividendos.

As ações preferencias da Petrobras caíram 2,74% e ordinárias 2,79%. A ação da estatal chegou a cair mais de 4%no pior momento do dia. Na contramão, a Vale (VALE3) aumentou 1,87% e siderúrgicas tiveram ganho.

O principal índice da B3 caiu 0,08%, aos 114.177,55 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,41%, aos 114.810 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que a Bolsa deve fechar de lado em relação ao pregão da véspera, com leve queda, “puxada especialmente pelas ações da Petrobras porque o mercado não recebeu bem o nome de Jean Paul Prates como CEO da empresa”.

Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear, disse que o dia foi marcado “por indefinição no Ibovespa com ganhos da Vale, Gerdau e B3 sustentando o índice, por outro lado a Petrobras operou em queda na direção oposta do preço do petróleo”.

O analista de investimentos da Clear disse que mercado parece que não gostou do anúncio da posse de Jean Paul Prates como novo CEO da Petrobras. “Os investidores devem seguir atentos às diretrizes estratégicas da atual gestão”.

Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o investidor está atento à Petrobras (PETR3 e PETR4) no dia em que se espera à aprovação do nome de Jean Paul Prates para assumir a presidência da Petrobras. “Isso não está precificado porque não se sabe o que ele pode fazer em relação à empresa; o governo sinaliza que não quer a política de paridade de preços, o governo é contra o pagamento de dividendos e deve encontrar outra maneira de pagar os acionistas e a política de investimentos pode ser revista”.

Cima também disse que o mercado tem uma desconfiança no setor financeiro devido ao episódio Americanas. “É interessante observar o desdobramento [do caso] porque eles seriam uma porta de entrada para o investidor estrangeiro, e vamos ficar de olho como vão botar as provisões de Americanas em seus balanços e tentar entender o que vai acontecer com esse fluxo”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,07%, cotado a R$ 5,0750. A moeda operou próxima à estabilidade durante grande parte da sessão, refletindo a expectativa por um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) menos duro e o intenso fluxo estrangeiro.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o dólar está próximo do zero o tempo todo. Isso mostra um mercado cauteloso, e o dólar não tem força para subir”.

“Existe, nos Estados Unidos, um pequeno recuo da inflação e uma recessão que não é grave,enquanto a Europa mostra traços de melhora”, avalia Nagem.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos subiu 2,9% no último trimestre de 2022, minimamente acima das projeções de 2,8% do mercado. Ainda assim, ele desacelerou na comparação com o crescimento do terceiro trimestre de 2022 (+3,2%).

Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “os números americanos saíram um pouco mais fortes, mas hoje não tem um grande motivo, parece uma correção. O real ainda tem espaço para se valorizar mais”.

“Os investidores institucionais que investem em emergentes estão com poucas opções. A situação doméstica precisa se deteriorar muito para ver o real se desvalorizar”, analisa Weigt.

De acordo com o boletim da Mirae Asset, “no Brasil, o dólar ameaça quebrar o piso psicológico dos R$ 5,00, mesmo considerando a profusão de declarações desconexas proferidas pelo presidente Lula estes dias. Seguem ingressando recursos no país, reforçando a elevada liquidez dos mercados e o bom diferencial de juros interno e externo. Há espaço para recuo a R$ 4,60 nos próximos dias se o Governo se mostrar mais afinado e entregar nos próximos meses uma agenda de reformas atrativa. Além disso, a autonomia do Banco Central (BC) deve ser preservada, com o (presidente do BC), Roberto Campos Neto, apertando a política monetária, diante dos problemas fiscais de sempre”.

A Mirae também entende que o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos está próximo do final, com o Fed sinalizando uma taxa terminal de 5,0%, com a inflação que dá sinais de desaceleração. JUROS: Taxas curtas fecham em leve alta acompanhando exterior

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve alta, acompanhando o rendimento dos Treasuries, que ajudou a desinflar a curva nos últimos pregões, que tem alta em todos os vencimentos.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,500% de 13,490% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,705%, de 12,655%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,620%, de 12,590%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,680% de 12,6600% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,0690 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com a Nasdaq subindo 1,76% puxada sobretudo pelas ações da Tesla, refletindo o último lote de balanços corporativos positivos e os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,61%, 33.949,41 pontos
Nasdaq 100: +1,76%, 11.512,4 pontos
S&P 500: +1,10%, 4.060,43 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil / Paulo Holland / Darlan de Azevedo