São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda em dia de decisão de juros nos Estados Unidos que veio dentro do consenso do mercado-elevação de 0,25 ponto percentual (pp)-, mas com a sinalização de que o aperto monetário deve parar e que a atenção fica para dos dados de mercado de trabalho. Na sexta-feira será divulgado o payroll de abril.
Os agentes financeiros ficam à espera decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai logo mais, após o fechamento do mercado. A expectativa é para a manutenção da taxa básica de juros (Selic) nos atuais 13,75% ao ano (aa).
O pregão de hoje foi de bastante volatilidade por conta dos eventos do Fed do do Copom.
O principal índice da B3 caiu 0,12%, aos 101.797,09 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subiu 0,31%, aos 103.220 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Nicolas Farto, sócio e haead de renda variável da Vértiq Invest, disse que o mercado está precificando que a vai ter uma pausa no ciclo de alta de juros e que a preocupação do Powell é com o mercado de trabalho. “Powell disse que vai ter que olhar muito o mercado de trabalho, isso vai ditar o ritmo do ciclo de alta de juros, mas precisamente a taxa de desemprego. Vai ter de ficar de olho no payroll. Não estão enxergando queda na taxa de juros, está se consolidando que não vai ter mais aumentos nas taxas. O payroll ganha mais relevância e vale ressaltar que o dado não tem sido publicado em linha com o consenso. Pode ter surpresa ainda ano payroll e, enquanto a gente não tiver os números do payroll para entender a temperatura do mercado de trabalho pode precificar na curva de juros, na bolsa americana e aqui também; o sistema bancário americano fica no radar. A atenção também fica para o nosso Banco Central e dependendo do comunicado a gente pode ter uma precificação amanhã”.
Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital, disse que a decisão do banco central norte americano em elevar a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual veio em linha com o esperado. “Deixa [o Fed] a porta aberta para parar o aperto monetário na próxima decisão, mas pode continuar aumentando os juros se os dados vierem piores que o esperado. O impacto disso no Brasil deve ser relativamente positivo”.
Felipe Moura, sócio e gestor da Finacap, disse que a volatilidade dá o tom em dia de decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. “A expectativa é de que essa seja a última alta [de juros] do Fed e que deve ser mantida por algum tempo. Em relação ao Copom, existe espaço para uma mudança no comunicado, aumentaram os argumentos para a redução da Selic, como o movimento de ontem em que os juros [DIs] caíram indicando que o corte está próximo e o cenário mudou desde a última reunião, mas sabemos que é uma gestão conservadora. O recado pode vir nas entrelinhas.”
O dólar comercial fechou em queda de 1,10%, cotado a R$ 4,9900. O movimento refletiu o aumento de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa básica de juros, que ficou na faixa entre 5,0% e 5,25%, dentro das projeções do mercado. A expectativa, agora, fica por conta do Comitê de Política Monetária (Copom), que irá anunciar uma eventual mudança no valor da Selic (taxa básica de juros), hoje, a partir das 18h.
Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “parece ser consenso que o patamar terminal foi atingido, embora o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não tenha dito isso no comunicado. Os holofotes estão virados para quando vão começar a cortar os juros”.
Abdelmalack entende o mercado vê que a taxa no patamar atual é suficiente para gerar resultados na economia, e que a recente crise bancária nos bancos estadunidenses aumento o temor de recessão econômica.
Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o aumento veio conforme o esperado, e tirou o indicativo de novas altas futuras: “Isso é bom para os ativos de risco”, explica.
Weigt acredita que o tom do Copom será mais duro, irá permanecer inalterado, mas ressalta que o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), apontou estabilidade do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 e 2025, o que pode fazer com que a Selic comece a sofrer cortes a partir do segundo semestre: “Isso só irá ocorrer quando a projeção de inflação de 2024 e 2025 começar a cair, mas já é um bom sinal”, opina Weigt.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em baixa nesta Super Quarta, puxadas pela decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de aumentar a meta da taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual (pp) para a faixa entre 5,0% e 5,25%.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,240% de 13,270 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,875 % de 11,940%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,711 %, de 11,580%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,630 % de 11,575% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda após a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de aumentar a taxa básica de juros do país em 0,25 ponto percentual (pp) para o intervalo entre 5,0% e 5,25%.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,80%, 33.414,24 pontos
Nasdaq Composto: -0,46%, 12.025,3 pontos
S&P 500: -0,69%, 4.090,75 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Julio Viana / Agência CMA