Bolsa fecha em leve queda com incertezas sobre PEC dos precatórios e dólar cai antes Copom

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A Bolsa fechou em leve queda, chegando a oscilar entre perdas e ganhos perto do fechamento com a piora dos índices norte-americanos, após o anúncio de que o governo dos Estados Unidos taxaria os bilionários do país, o que provocou mau o humor dos investidores por aqui e lá fora.
Somado a isso, as incertezas em relação à PEC dos precatórios também impactaram negativamente o Indice devido às mudanças pretendidas para aumentar a aceitação dos parlamentares.
O Ibovespa teve um dia de alívio, após a forte queda da véspera, e operou todo o dia em alta expressiva de mais de 1% puxado pelos balanços positivos de empresas, com destaque para o Santander Brasil- teve lucro líquido de R$ 4,27 bilhões- favorecendo os papéis do banco e setor financeiro aproveitou embalo.
As ações do Santander (SANB11) fecharam estáveis, após avançar mais de 1% na sessão de hoje. Os papéis do Itaú (ITUB4) subiram 0,75% e do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 1,67% e 1,33%, respectivamente.
Os investidores mantiveram as atenções à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros do País (Selic), que será conhecida após o fechamento. A expectativa é de que a Selic aumente entre 1,25 ponto porcentual (pp) e 1,50 pp para conter a pressão inflacionária.
O principal índice da B3 caiu de 0,05%, aos 106.363,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu de 0,09%, aos 107.395 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,7 bilhões.
Segundo Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, na sessão de hoje o foco dos agentes financeiros está concentrada no Copom e o mercado está muito pessimista em relação à inflação- a prévia da véspera preocupou os investidores. “A única meta do Banco Central é conter a inflação e é fundamental que a autoridade monetária traga uma ancoragem de volta nas expectativas e deve dar um choque no mínimo de 1,5 Ponto porcentual (pp)”.
Marcatti ressaltou que os investidores estão diminuindo a locação em Bolsa, mas “não acredito que isso continue se o mercado tiver uma percepção positiva em relação à política do Banco Central em conter a inflação. A Bolsa está bastante desvalorizada na comparação com outras bolsas.
As incertezas no fiscal, piora na dinâmica global dos mercados, antecipação da corrida eleitoral com discurso mais populista fazem com que os ativos de risco fiquem precificados, afirmou.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, comentou que os resultados positivos dos balanços corporativos no terceiro trimestre favorecem o bom desempenho do Ibovespa. “Estamos digerindo um início de temporada de balanços positivos aqui e nos Estados Unidos, mas isso não significa que temos uma boa performance porque no segundo trimestre a safra também foi positiva e os ativos foram mais prejudicados com o cenário em Brasília e contexto macroeconômico”.
Spiess afirmou que o resultado da taxa de desemprego da população brasileira-caiu 13,2% até agosto- “dá um pouco de suporte econômico, mas ficamos acompanhando os desdobramentos em Brasília”.
Apesar da avaliação em relação ao segundo trimestre, o analista da Empiricus vê de forma positiva os balanços e ressaltou que “quando vemos Santander e Gerdau reportando bons números acabam influenciando outras empresas do setor e contaminando positivamente o índice”. E acrescentou que “se prestarmos atenção em termos de avaliação das empresas a Bolsa está barata e desde a semana passada ficou mais ainda”.
Em relação à PEC dos precatórios, o analista da Empiricus disse que “já passou a boiada do estouro do teto, e ficou claro que o governo é irresponsável mesmo, mas é a PEC ainda fica no radar do mercado”.
Sobre a taxa de juros, o mercado precifica 1,50 ponto porcentual (pp) para a elevação da Selic se for mais agressivo e em um cenário mais base seria 1,25 pp, mas “de qualquer forma vai responder à pressão de inflação como também às ancoragens das expectativas proporcionadas pela revisão do teto na semana passada que pressionou bastante os ativos de risco”. O dólar comercial fechou em R$ 5,5560, com queda de 0,30%.
A moeda norte-americana operou em compasso de espera pelo resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve divulgar o reajuste na Selic (taxa básica de juros), hoje, às 18h30.
Para o head de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, “o Copom deve ter uma postura moderada, aumentando a Selic em 1,5 pp. Não fossem os ruídos fiscais, o real estaria performando muito melhor”.
Lang considera que, além da Selic, o final do mês também contribui para um movimento mais cauteloso do mercado: “Lá fora, o DXY (cesta de moedas desenvolvidas, como dólar e euro) cai. É o típico dia de espera”, define.
Segundo a analista de Investimentos da Toro, Paloma Brum, “o mercado está atento ao cenário em Brasília, com o avanço da questão dos Precatórios, o que abriria espaço para o Auxílio Emergencial”. Ela ainda diz que o estouro do teto fiscal já foi precificado, absorvido.
Quanto ao novo valor da Selic, Brum é direta: “Existe expectativa pelo Copom mais duro, com uma alta mais forte do que se esperava. Projetamos um aumento de, ao menos, 1,25 ponto percentual”, enfatiza. A analista acredita, ainda, que com a taxa mais elevada existiria um aumento no fluxo de capital estrangeiro no país e a consequente diminuição no ímpeto do dólar.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a nova taxa básica de juros, em meio a expectativas de elevação mais agressiva da Selic.
No fechamento do pregão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,422% de 8,500% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,510%, de 11,590%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,810%, de 11,920% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,900% de 11,960%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em queda com o enfraquecimento do impulso recebido pelos resultados das empresas no terceiro trimestre. A exceção foi o Nasdaq, que conseguiu terminar a sessão em estabilidade, ajudado pelo desemprenho de Microsoft e Alphabet.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,74%, 35.490,69 pontos
Nasdaq Composto: estável em 15.235,80 pontos
S&P 500: -0,50%, 4.551,68 pontos