Bolsa fecha em leve queda de 0,10% com mau humor externo e na semana registra ganho de 2,45%; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda, mas o pregão desta sexta-feira foi volátil entre altas e baixas em meio aos índices dos gerentes de compras (PMI, sigla em inglês) nos Estados Unidos e na Europa mais fracos indicando que uma recessão está a caminho e com os balanços norte-americanos abaixo das expectativas.

Por aqui não foi pior porque contou com a ajuda da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3 e PETR4), empresas de forte peso no índice, que subiram respectivamente 0,93% e 1,07% e 1,06% Na semana, o Ibovespa encerrou com valorização de 2,45%. Dia de baixa liquidez.

Para semana que vem os investidores ficarão atentos à decisão de política monetária do banco central norte-americano em um cenário de inflação alta e seguem de olho nos balanços corporativos aqui e lá fora.

O principal índice da B3 caiu 0,10%, aos 98.924,82 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,02%, aos 99.805 pontos. O giro financeiro era de R$ 18 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Romero Oliveira, especialista da Valor Investimentos, comentou que a Bolsa acabou seguindo Nova York “com o PMI do setor de serviços fraco nos Estados Unidos -caiu 47,0 pontos- e a temporada de balanços corporativos segue forte por lá, com destaque para a Snapchat que chegou a cair mais de 35% pela manhã após resultados ruins e o mercado se prepara para possíveis balanços negativos para companhias de tecnologia. Somado a isso, o PMI industrial da zona do euro tocou o menor patamar em 25 meses em entra em terreno contracionista-49,6 em julho”.

João Negrão, assessor de investimentos da SVN, disse que a Bolsa é puxada principalmente pelo setor da mineração, “com perspectivas para o segundo trimestre um pouco melhor, junto com a China propondo uma retomada econômica após a política de tolerância zero contra a covid, que afetou bastante o setor”.

Negrão acrescentou que o mercado está em compasso de espera para alguns balanços por aqui. “Muitas empresas soltam resultados na próxima semana como Klabin e Suzano e os investidores querem entender como fica o setor”.

O assessor de investimento da SVN também comentou sobre os índices de gerentes de compras (PMIs, sigla em inglês) na zona do euro e nos Estados Unidos que vieram ruins-do setor industrial e de serviços de julho, caíram respectivamente a 52,3 pontos e 47,0 pontos. A atividade da indústria norte-americana ficou quase em linha com a expectativa do mercado (52,2 pontos) e de serviços veio abaixo das expectativas (53,0 pontos).

“Na Europa não fez muito preço porque prevaleceu a notícia do acordo entre Rússia e Ucrânia pra dar vazão à exportação de grãos, inflação global de alimentos deu alívio. A alta pode estar mascarada pelos resultados [corporativos nos EUA] que estão saindo”.

Mais cedo, segundo um analista de uma grande corretora que não quis se identificar, a piora no Ibovespa é atribuída “aos números ruins do PMI a alta da Vale (VALE3) impede que o índice caía mais “.

Mais cedo, Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, comentou que essa foi uma semana positiva para os ativos globais e e acredita que “o mercado está se preparando para a reunião do Fed [Federal Reserve, banco central americano] na semana que vem e de olho nos balanços corporativos, em meio a uma tendência estrutural negativa com inflação alta e menor atividade no mundo”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,03%, cotado a R$ 5,4990. A moeda, que ensaiou um movimento de correção, voltou a ganhar força com a queda global das commodities e o temor de uma recessão global. Na semana, o dólar teve valorização de 1,74%.

De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “estamos em um mercado de crise, muito sensível. Com a chegada do final de semana, o investidor tende a ficar protegido em dólar, que é um porto seguro. O real acompanha seus pares, que também estão caindo”.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “hoje, em especial, parece um movimento de correção. O mercado está migrando para a narrativa de que os bancos centrais das economias desenvolvidas comecem a cortar juros no início do próximo ano, devido aos dados de atividades estarem muito ruins”.

Borsoi também acredita que a China claudicante contribui com a queda no preço das commodities: “Isso começa a gerar um movimento de realocação para países mais sólidos como os Estados Unidos, além de causar uma saída de fluxo estrangeiro dos emergentes”, analisa.

Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “o comecinho da manhã parecia menos favorável, mas agora o quadro parece diferente com o real se valorizando, assim como o peso mexicano, peso chileno e o rand sul-africano, que segue em linha com o mercado internacional”.

Beyruti entende que existe expectativa com a divulgação do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, às 10h45, após o índice ter vindo “fraco” na Europa, o que também contribui com o enfraquecimento do dólar. O PMI na Europa atingiu 49,6 pontos em julho, de acordo com a leitura preliminar. A previsão era de 51 pontos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda reagindo aos dados de PMI mais fracos na Zona do Euro, Reino Unido e Japão.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,860% de 13,905% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,810%, de 13,995%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,265%, de 13,490% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,240% de 13,410%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo negativo, apesar dos ganhos semanais, à medida que Wall Street sofreu impacto negativo dos balanços corporativos de empresas de tecnologia, o que derrubou a Nasdaq.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,43%, 31.899,29 pontos
Nasdaq Composto: -1,87%, 11.834,1 pontos
S&P 500: -0,93%, 3.961,63 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA