Bolsa fecha em leve queda e dólar em alta à espera por dados de emprego nos EUA

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São Paulo -A Bolsa fechou em leve queda, na região dos 113 mil pontos, em um dia de agenda esvaziada e baixa liquidez com os investidores na expectativa dos dados da folha de pagamentos (payroll, sigla em inglês) amanhã (6), que será relevante para os rumos da política monetária nos Estados Unidos.

Esta semana foram divulgados vários indicadores relacionados ao mercado de trabalho norte-americano, que vieram discrepantes. Enquanto a pesquisa ADP de ontem mostrou número de vagas abaixo do esperado [89 mil contra estimativa de 160 mil], hoje os pedidos de seguro-desemprego também abaixo das expectativas-207 mil contra 210 solicitações previstas- indicaram força da atividade econômica.

Por aqui, as ações do setor de construção foram o destaque negativo devido à possibilidade de uma mudança no método de rentabilidade do FGTS.

A Caixa alertou que se tiver uma mudança na remuneração para equivaler o FGTS com a poupança, poderia ter um aumento no custo de crédito para financiamento muito grande, e isso é muito ruim para as construtoras disse Apolo Duarte, sócio da AVG Capital. A MRV(MRVE3) caiu 3,60% e Cyrela (CYRE3) perdeu 2,48%.

As ações do Santander (SANB11) aumentaram 2,37% após o Itaú BBA elevar a recomendação de venda para neutro das ações do banco. O setor avançou em bloco.

As ações das petroleiras sofreram novamente com a queda do petróleo e os papéis das empresas sensíveis a juros voltaram a cair. Magazine Luiza (MGLU3) caiu 4,23%. Ontem, o JP Morgan deu upgrade para algumas varejistas, principalmente Arezzo (ARZZ3) e Lojas Renner (LREN3), fazendo as ações subirem e na sessão de hoje fazem um ajuste

O principal índice da B3 caiu 0,28%, aos 113.284,08 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 0,14%, aos 113.610 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa caminha para fechar no negativo em dia de agenda esvaziada e baixa liquidez; alguns feds boys fizeram comentários e isso acabou trazendo volatilidade ao mercado; aqui o setor financeiro está performando positivamente em virtude do JCP ter saído da pauta dos fundos exclusivos e existe a chance de reestruturá-lo; o setor de construção civil está sendo impactado por conta da possibilidade de mudança na remuneração do FGTS e as empresas de varejo ainda sentindo a leve abertura dos juros.

O sócio da AVG Capital disse que o mercado está em compasso de espera por conta do payroll amanhã. A gente até vê um certo alívio lá fora, principalmente no título de 10 anos dos Estados Unidos, que está com uma leve queda hoje. Esse certo alívio foi depois da pesquisa ontem, ADP, que mostrou menos vagas do que o esperado, mas ainda temos um receio grande no mercado de escalada dos juros americanos e o principal dado da semana será nesta sexta.

Duarte também comentou que o petróleo cai e acaba puxando um pouco a Petrobras, mas dá para ver de fato ali um movimento generalizado de aversão a risco de queda, para praticamente todos os setores.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse o cenário externo dita o movimento do mercado. A Bolsa já trocou de sinal duas vezes, e estamos ainda reféns do movimento dos títulos do Tesouro norte-americano. se olharmos para as curvas médias estão caindo um pouco e as longas subindo um pouco, os DIs aqui sobem e acabam penalizando a Bolsa; o mercado está em compasso de espera para o payroll amanhã [6] e deve definir o cenário, os dados de seguro-desemprego poderiam ter ajudado porque vieram abaixo do esperado, mas mesmo assim o ambiente é negativo lá fora e aqui; o pano de fundo são as commodities com os estoques nos EUA subindo e o mercado começa a enxerga a demanda fraca e reflete nas empresas ligadas às commodities que têm peso no índice; no cenário.

Apesar de o cenário internacional estar no centro das atenções, Larissa destacou que o ruído político continua por aqui.

Hoje o Haddad declarou que vai continuar atrás da tributação dos benefícios de ICMS e isso não é amigável para o mercado e penaliza as empresas que têm benefício fiscal do imposto, mas o fato é que o custo de capital está alto e isso não é bom para as empresas listadas em Bolsa.

Em relação às falas do Galípolo, a analista da Empiricus disse que o diretor de política monetária do BC, que tem um perfil mais dovish, disse que o cenário não permite um afrouxamento muito rápido da Selic. Qdo até ele joga a toalha na aceleração dos cortes pode ser entendido como um recado mais hawkish mostrando que as condições financeiras vão continuar apertada por mais tempo.

O dólar comercial fechou em alta de 0,30%, cotado a R$ 5,1680. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa com a divulgação do payroll, amanhã, que pode dar pistas mais claras sobre os próximos passos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, o mercado aguarda o payroll, e caso a economia continue mostrando sinais de aquecimento o dólar tende a seguir pressionado.

A economista diz que “contra fluxo não há argumento. A perspectiva de que o Fed irá aumentar os juros, já que a economia segue aquecida, faz com que não consigamos segurar a saída de dinheiro estrangeiro para os Estados Unidos”.

Quartaroli mostra preocupação com a alta do câmbio, que caso continue pode impactar na perspectiva de alta da inflação e revisão de corte na Selic (taxa básica de juros).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, depois de abrirem em queda em cenário mais positivo, de alívio, após dados da pesquisa ADP de ontem, que mostrou abertura menor de vagas nos Estados Unidos do que o esperado.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,244% de 12,250% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,980 % de 11,985%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,865%, de 10,855%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,115% de 11,100% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira queda à medida que os investidores se voltavam para os dados-chave de emprego na sexta-feira, que poderiam determinar o próximo movimento das taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,03%, 33.119,57 pontos
Nasdaq 100: -0,12%, 13.220 pontos
S&P 500: -0,13%, 4.258,19 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA