Bolsa fecha em leve queda em dia de nomeação de Tebet para Planejamento; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fecha em leve queda em uma semana de baixa liquidez por conta do fim de ano e com as atenções na transição. Hoje a nomeação mais aguardada foi para Ministério do Planejamento, que será ocupado pela ex-senadora Simone Tebet (MDB-MS), e as opiniões referente à indicação divergem no mercado.

O Ibovespa chegou a subir levemente com divulgação do nome de Simone, mas depois passou a cair. A preocupação do mercado é com a política fiscal do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.

O grande destaque de hoje ficou para as ações da Vale (VALE3), que subiram 2,38% em meio à notícia de que a China suspendeu a quarentena para os turistas estrangeiros e, também, há comentários no mercado de que essa alta poderia ter relação com a operação da Cosan. Em outubro, a empresa montou posição minoritária na Vale com objetivo de chegar a 6,5% do capital da mineradora.

Os papéis dos setores que dependem de juros sofrem na sessão de hoje, como de consumo. Via (VIIA3) foi destaque de queda em 6,66%.

O principal índice da B3 caiu 0,14%, aos 108.575,55 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,33%, aos 110.140 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Leonardo Piovesan, CNPI e analista da Quantzed, disse que a esta semana é marcada por “realização de lucros do pequeno rally que tivemos na semana passada com liquidez menor e poucos negócios”.

Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, disse que, esta semana, o mercado está muito atento à nomeação dos ministros.

“A grande apreensão é o peso que o Lula está dando aos nomes políticos em detrimento aos nomes mais técnicos, isso não significa que a Simone seria um nome ruim e nem o Haddad; o mercado só esperava mais técnicos para a área econômica e esperamos que seja só um pré-conceito; essa nomeação [Simone Tebet, Ministério do Planejamento] fez o Ibovespa recuar e devemos ficar atentos a outras indicações”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o nome de Simone Tebet é “positivo no Planejamento, o problema é que teve um esvaziamento do ministério quando a pasta da Economia foi fatiada em quatro”.

Komura acrescentou que a cautela deve continuar em relação ao governo eleito “que tem sinalizado irresponsabilidade fiscal e assim podemos ter deterioração da conjuntura até que tenhamos algum sinal de pragmatismo”.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, disse que o cenário interno impacta na Bolsa com expectativa de anúncio de novos ministros e as nomeações para os bancos públicos. “Em um momento de liquidez reduzida e pouco agenda econômica, o ambiente político acaba pesando entre hoje e amanhã deve sair os ministérios e não deve ter mais nada que deva fazer muito preço”.

Helena acredita que o nome de Simone Tebet deve ser “bem recebido pelo mercado, mas a preocupação ainda fica em torno de como vai ser conduzida a política fiscal com ou sem Tebet.

O dólar comercial fechou a R$ 5,286 para venda, com valorização de 1,49%. Às 17h05min, o dólar futuro para janeiro tinha alta de 1,31% a R$ 5,292. Na última semana do ano, os investidores notam uma maior demanda pela moeda e um movimento de correção, após as perdas recentes. A composição do Ministério do novo governo e o jogo político em Brasília também mereceram atenção.

Hoje, em Brasília, o foco ficou na indicação de Simone Tebet para o Ministério do Planejamento. Após reunião com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Tebet teria aceitado o convite e fechado acordo. Oficialmente, no entanto, a nomeação da senadora deverá ser ratificada ao longo da semana.

Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, a demora em anunciar uma série de ministros evidencia a dificuldade de se costurar alianças no governo. “Fica claro que a composição atual não é suficiente para criar um governo com conforto legislativo”, disse.

Além disso, uma fonte do mercado destaca que há uma demanda adicional por compra de dólares no final de ano, com as empresas remetendo dividendo. “Esse fluxo está mais forte na virada da semana”, afirmou.

As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta em dia de baixa liquidez e incertezas políticas.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,660% de 13,652% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,550%, de 13,570%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,930%, de 12,950% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,935% de 12,920% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o S&P 500 e Nasdaq em queda, já que são fortes em papéis de tecnologia e outros setores que se beneficiam em cenários de apetite por risco.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,11%, 33.241,56 pontos
Nasdaq Composto: -1,38%, 10.353,2 pontos
S&P 500: -0,40%, 3.829,25 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Pedro do Val de Carvalho Gil e Julio Viana / Agência CMA