São Paulo – Em um pregão com bastante volatilidade e baixa liquidez, a Bolsa fechou em leve queda em um dia em que as atenções dos investidores ficaram para a decisão do governo sobre a tributação sobre os combustíveis.
O Ministério da Fazenda confirmou o aumento dos impostos sobre a gasolina e etanol e o mercado gostou, mas espera por mais detalhes que deve ser dado ainda hoje pelo ministro Fernando Haddad. A cobrança dos tributos volta a valer a partir de quarta-feira (01).
Com a decisão do governo, as ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) dispararam alta e fecharam valorizadas em 1,65% e 0,69%. Outros papéis que se beneficiaram foram São Martinho (SMTO3), ligado ao setor sucroalcooleiro, e Raizen (RAIZ4), empresa integrada de energia, subiram 5,12% e 5,19%.
Os investidores ficaram na expectativa de que saíssem os nomes de novos diretores do Banco Central (BC), mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não serão divulgados esta semana.
O principal índice da B3 caiu 0,08%, aos 105.711,05 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,29%, aos 107.085 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos da Escola de Investimentos, disse que o Ibovespa reage à decisão da cobrança dos tributos sobre os combustíveis.
“O Ministério da Fazenda anunciou a volta do imposto com taxas diferentes para gasolina e etanol com o objetivo de que haja a reoneração, mas que ela seja escalonada de forma a onerar menos o consumidor final, decisão que o mercado viu como positiva, uma vez que vai ajudar a diminuir o rombo de mais de R$ 200 bilhões nas contas do governo”.
Fabricio Gonçalvez, CEO da Asset Management, disse que a Bolsa está bastante volátil “e isso se deve praticamente ao cenário interno com os bancos ajudando a empurrar para baixo o Ibovespa com a qualidade de crédito se deteriorando e as ações da Petrobras subindo em meio à confirmação da volta dos tributos”.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a Bolsa opera instável na expectativa para a decisão sobre a volta dos impostos sobre os combustíveis. “Acredito na forma gradual da reoneração sem mudar a política de preços da Petrobras e o mercado deve receber bem; o Haddad disse que a reunião ficou para a tarde e não terá indicação dos diretores do BC esta semana, mas já circulam nomes que o mercado aprova”.
Leite disse que “Lula disse que não manterá imposto zero, após reunião”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,13%, cotado a R$ 5,2050. Apesar do intenso fluxo estrangeiro, a moeda norte-americana refletiu as incertezas sobre uma eventual reoneração dos combustíveis, que talvez seja definida ainda hoje.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, a moeda segue o movimento de correção observado no exterior e que o Brasil ainda tem ativos muito bons, especialmente na renda fixa, o que contribui para um intenso fluxo estrangeiro que beneficia a moeda brasileira.
“O ministério da Fazenda é a favor da reoneração, enquanto a ala política quer o contrário. Uma derrota para o (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad seria negativa””, disse Komura.
De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, ativos de risco ensaiam recuperação. No Brasil, destaque à alguns temas: reoneração dos combustíveis, indicação das novas vagas no Banco Central (BC) e novo arcabouço fiscal. Ambiente externo positivo pode ajudar na recuperação dos ativos domésticos”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com expectativa sobre reoneração dos combustíveis. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,360% de 13,450% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,630%, 12,760%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,690%, de 12,860%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,850% de 13,035% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava de lado, cotado a R$ 5,1980 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, recuperando algumas das perdas da última semana – a pior em 2023 para os índices, conforme os investidores monitoram os lucros do último trimestre para o setor de varejo norte-americano.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,22%, 32.889,09 pontos
Nasdaq 100: +0,63%, 11.467,0 pontos
S&P 500: +0,30%, 3.982,24 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.