São Paulo – A Bolsa fechou em queda em um movimento de realização de lucros em uma sessão em que as ações das commodities caíram e as varejistas apontaram alta, com destaque para Lojas Renner (LREN3). O drive mais importante do dia ficou para o resultado do PIB norte-americano que cresceu mais que o esperado [avançou 5,2% e a projeção era de 5,0%], mas as expectativas para o fim do ciclo de alta de juros e início de corte em maio não mudam.
Hoje também foi divulgado o Livro Bege- relatório do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país-que mostrou que a atividade econômica desde o relatório anterior em outubro.
Aqui, o Senado aprovou o projeto de taxação de offshores e fundos exclusivos e, com as alterações sofridas, volta para a sanção presidencial. É um projeto importante para a equipe econômica que tem objetivo de aumentar a arrecadação e cumprir a meta de zerar o déficit fiscal.
As varejistas subiram refletindo falas do vice-presidente, Geraldo Alckmin, sobre taxação de compras internacionais até US$ 50 e com a queda na curva de juros. Lojas Renner (LREN3) avançou 4,14%.
A Petrobras (PETR 3 e PETR4) caiu 1,32% e 1,03% movimento de realização de lucros enquanto o petróleo avançou e o mercado fica na expectativa para a reunião da Opep amanhã (30).
As ações da Braskem (BRKM5) subiram 2,25% após o UBS BB elevar recomendação do papel de venda para neutro e elevar o preço-alvo de R$ 20 para R$ 22. Já a Gol (GOLL4) caiu 5,15% após o Citi rebaixar recomendação de neutra para venda.
O principal índice da B3 caiu 0,29%, aos 126.165,64 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,51%, aos 126.515 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Pedro Canto, analista da CNPI da CM Capital, disse que a Bolsa tem um dia de volatilidade em meio à agenda interna fraca e o mercado absorvendo os dados fortes dos EUA.
“O PIB dos EUA veio acima das projeções e o mercado pode enxergar o copo meio cheio, ou seja, um PIB ainda forte com o aperto monetário do Fed, a tese do soft landing. Já a segunda interpretação, o copo meio vazio, é de que a economia ainda está aquecida e os impactos do Fed não estão surgindo efeito na economia e o corte de juros fica cada vez mais distante. O Barkin [Thomas Barkin, presidente do Fed de Richmond] jogou mais um balde de água fria no mercado dizendo que a luta contra a inflação não está encerrada e que não descartaria novos aumentos [de juros], o petróleo está volátil e a Petrobras cai, Vale no negativo e setor financeiro puxando mercado, com a queda dos juros futuros, principalmente os [vértices] longos traz uma melhora de percepção de risco e beneficia as empresas de consumo e varejistas; Small caps sobem”.
Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que o Ibovespa está devendo uma realização para posteriormente “engatar uma alta; em novembro o índice está subindo quase 12% e o fluxo estrangeiro segue forte; Petrobras cai, a Vale também está devendo uma realização e a preocupação com o setor imobiliário chinês pode ser o gatilho, as varejistas sobem e o destaque fica para Lojas Renner com queda de juros futuros, mas a empresa enfrentou muitos desafios ao longo do ano, ainda tem espaço para recuperação neste mês; o PIB dos EUA apesar de ter avançado, o núcleo PCE foi revisado para baixo e o mercado continua trabalhando com a manutenção de juros para a próxima reunião e início0 de corte das taxas em maio de 2024”.
Rodrigo Moliterno, especialista em renda variável e sócio da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa oscila após os dados fortes da economia norte-americana, mas o mês de novembro está positivo para o Ibovespa.
“Apesar de o PIB dos EUA ter vindo acima do esperado, as perspectivas dos analistas não devem mudar diante de um cenário de desaceleração da inflação em que o aperto monetário lá fora deve cessar e com a expectativa de que os juros comecem a reduzir a partir metade do ano que vem por aqui a fala do Alckmin defendendo a taxação dos impostos sobre compras internacionais ajudou as varejistas, as commodities estão fracas; o Livro Bege é importante, mas não deve fazer muito preço”.
Moliterno acrescentou que o mercado está atento às votações no Congresso. “Hoje deve sair a apreciação da taxação dos offshores, são várias pautas e o governo está correndo contra o tempo”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,30%, cotado a R$ 4,8864. A moeda refletiu, durante a quarta, o formação da Ptax de dezembro, que ocorre amanhã.
Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “estamos acompanhando os pares emergentes, e se preparando para a rolagem e Ptax que acontecem amanhã”.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “tem expectativa com a formação da Ptax, são fatores técnicos. O PIB dos Estados Unidos, de certa maneira, é uma leitura de retrovisor”.
O PIB dos Estados Unidos teve alta de 5,2% no terceiro trimestre, acima das projeções (+5,0%).
Abdelmalack observa que os dados do trimestre atual mostram uma desaceleração da economia estadunidense, o que leva o mercado a acreditar que os juros não voltarão a subir por lá, mas pondera que “ainda é cedo para para dizer que é uma tendência”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. O movimento refletiu, ao longo da sessão, a expectativa de que o Copom possa acelerar o ritmo de cortes na Selic a partir da primeira reunião de agosto, além do alívio nas Treasuries.
Por volta das 16h41 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,894% de 11,904% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,425% de 10,450%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,065%, de 10,135%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,130% de 10,235% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,8890 para a venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos voltaram a encerrar o pregão perto da estabilidade, com os principais índices continuam a caminho de fechar novembro seu maior ganho mensal em 2023.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,04%, 35.430,42 pontos
Nasdaq 100: -0,16%, 14.258,5 pontos
S&P 500: -0,09%, 4.550,58 pontos
Com Paulo Holland / Darlan de Azevedo / Agência CMA
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