Bolsa fecha em leve queda, em uma sessão volátil, e dólar sobe com dúvidas sobre o rumo da PEC dos precatórios

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda em uma sessão bastante volátil, entre perdas e ganhos, com os investidores focados nos desdobramentos sobre à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, e pelo lado positivo, as ações das empresas ligadas às commodities impediram que o índice caísse mais. O destaque foi para a Vale (VALE3).

A votação da PEC dos precatórios foi confirmada para amanhã (9) pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em meio à suspensão de emendas do relator pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. Lira e o presidente do STF, Luiz Fux, estão reunidos para discutir o tema e chegar a algum consenso.

O principal índice da B3 caiu 0,04%, aos 104.781,13 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro aumentou 0,14%, aos 105.445 pontos. O volume financeiro foi de R$ 22,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, disse que as indefinições sobre a PEC dos precatórios causam volatilidade no Ibovespa. “Hoje o mercado tinha tudo para ser para cima com as commodities levantando nosso índice, mas os problemas internos impediram esse movimento mais positivo. Os burburinhos ligados à PEC fizeram o Ibovespa perder um pouco de força e descolar do mercado externo”.

Gonçalvez afirmou que as commodities estão sendo beneficiadas pelo pacote de gastos com infraestrutura do presidente Joe Biden de US$ 1 trilhão.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 1,64% e 1,04% da Vale (VALE3) fecharam com ganho de 5,44%, respectivamente. Os dois papéis juntos representam mais de 20% da carteira teórica do Ibovespa.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, comentou que o mercado está de olho nos desdobramento da PEC dos precatórios com a reunião do Lira e Fux marcada para hoje para tentar destravar a PEC. “O foco é para ver se ela vai ser aprovada no segundo turno, se o pacote de maldades do governo passa ou se vai passar uma proposta mais amigável para o País”.

O operador de renda variável da B.Side investimentos afirmou que as ações da Vale e Petrobras com forte peso no índice ajudam na recuperação da Bolsa.

“Os papéis da Vale sobem após alguns dados chineses que fizeram com que estabilizasse o preço do minério de ferro, que deve permanecer entre US$ 97 e US$ 101”.
Mastromonico explicou os papéis da Petrobras refletem a alta do petróleo, pagamento do dividendo espetacular para o fim do ano e resultado robusto da estatal divulgado na semana passada. “Por ser um papel do governo, qualquer movimento pode interferir na ação. A expectativa é de que a Petrobras continue pagando dividendo bom, se o preço do petróleo mantiver nesse nível para o ano que vem”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,5420, com alta de 0,36%. Apesar da fala do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL-PP), garantindo que irá ocorrer o segundo turno da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, o mercado mostrou forte aversão ao risco com a liminar da ministra Rosa Weber, que suspendeu o pagamento de emendas no âmbito das negociações feitas pelo governo.

De acordo com o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “isso colocou em risco a continuidade da PEC, o que pode piorar ainda mais o quadro fiscal afastando os investidores”.

Rosa acredita que a fala de Lira surtiu um efeito pontual: “Após a fala do Lira, o câmbio arrefeceu, mas o ambiente continua repleto de incertezas”, analisa. Na opinião do economista, caso o Supremo não derrube a liminar de Weber, a aversão ao risco vai aumentar exponencialmente, gerando mais tensão no mercado.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “a intervenção do Supremo dificulta o trabalho do governo, aumenta a insegurança e afeta o câmbio. O dólar encontrou uma acomodação, não devendo cair a R$ 5 ou subir a R$ 6”.

A fonte mostrou incredulidade quanto às intenções do centrão: “Ao longo da história, ele (o centrão) nunca demonstrou responsabilidade fiscal”, dispara.

O cenário segue repleto de indefinições: “Continuamos reféns de um quadro político conturbado, com um governo do improviso, fazendo tudo de modo amador”, diz a fonte, que projeta que em 2022 a situação se agrave ainda mais, com o aumento de medidas populistas.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado, em patamares ainda bastante elevados, com mercado na expectativa do 2 turno de votação da PEC dos Precatórios, prevista para esta terça-feira (9).

No fechamento do pregão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,438% de 8,400% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,210%, de 12,040%; o DI para janeiro de 2025 ia a 12,160%, de 12,120% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,020% de 12,090%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo depois que o Congresso norte-americano aprovou um pacote de gastos com infraestrutura que renovou o otimismo dos investidores.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,29%, 36.432,22 pontos
Nasdaq Composto: +0,07%, 15.982,4 pontos
S&P 500: +0,08%, 4.701,70 pontos