Bolsa fecha em leve queda, mas na semana acumula alta de 2,55%; dólar encerra a R$ 5,46

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda, com leve realização de lucros, não conseguiu se sustentar na faixa dos 134 mil pontos, após registrar recorde no interdiário em meio à perspectiva de aumento de juros da Selic e corte das taxas nos Estados Unidos. Na semana, acumula ganhos de 2,55%.

As ações da Vale (ON, -0,40%) e das siderúrgicas caíram acompanharam o recuo do minério de ferro nas bolsas de Cingapura e Dalian. Petrobras (ON, +0,38%; PN, + 0,41%) subiu, apesar do forte recuo do petróleo.

O destaque negativo ficou para as ações da Azza (AZZA3) impactadas pela falta de detalhes sobre custo dos produtos vendidos após a fusão da Arezzo com o Grupo Soma, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

O principal índice da B3 caiu 0,14%, aos 133.953,25 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,19%, aos 136.135 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,5 bilhões. Em NY, os índices fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que “após oito pregões seguidos de alta, período no qual subiu mais de 9 mil pontos e renovou recorde intradiário, o Ibovespa perdeu força e realizou lucros marginalmente, com o recuo das commodities e o aumento das apostas na alta de 0,5 p.p. na Selic”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos disse que a Bolsa corrige na sessão de hoje.

“Acredito que seja pelo aumento na precificação de alta de juros em setembro, pelo Copom. Mas desde julho o humor para renda variável melhorou, com a proximidade do corte de juros nos EUA. O mercado pode ficar até de lado com expectativa para o Jackson Hole [simpósio nos EUA, encontro dos principais presidentes dos bancos centrais]”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester, disse que a Bolsa tem um movimento de correção, depois de testar a máxima histórica em dia de vencimento de opções sobre as ações.

“Hoje tem uma correção, que é natural, depois de vários pregões em alta. Em dia de exercício de opções o mercado fica mais travado. O sentimento ainda é positivo por aqui com os resultados do segundo trimestre estão vindo muito bons, fortalecendo a ideia de que a economia aqui está bem, e isso acaba ajudando o mercado reprecificar qual seria um preço justo para o Ibovespa. Esse preço é um pouco subjetivo, mas o mercado tem trabalhado com 145 mil pontos-isso em reais. Em dólar a gente ainda está bem longe da máxima histórica deste ano em janeiro-em 15%. Com o PIB mais forte [o IBC-Br, prévia do PIB subiu 1,4%, mais que o esperado-0,60%] ajuda o investidor estrangeiro olhar com mais atenção para o Brasil”.

Lourenço explicou que além do exercício de opções, quando o Ibovespa atinge a pontuação máxima, gera dúvida no mercado.

“Quem já pegou parte da alta, realiza; quem está fora fica com medo de comprar, aí o mercado dá essa travada. O cenário pode mudar com movimentos dos investidores institucionais e de estrangeiros [este mês até dia 13, o saldo está positivo em R$ 3,22 bilhões]”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,28%, cotado a R$ 5,4678. A sessão foi marcada pela falta de um driver específico, fazendo com que a divisa estadunidense operasse em linha com o movimento global. Na semana, o dólar teve desvalorização de 0,85%.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, na próxima semana o dólar deve chegar na casa dos R$ 5,30: “Temos um cenário para isso. Não tem por que o dólar estar tão caro”, avalia.

Os motivos, explica Nagem, são o fluxo estrangeiro, corte dos juros americanos e Comitê de Política Monetária (Copom) com tom hawkish (severo, propenso ao aumento dos juros).

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, disse que as moedas de países emergentes têm um comportamento mais positivo de forma geral.

“Aqui está ligado a uma reação a dados mais fracos que saíram nos Estados Unidos hoje e expectativa de corte de juros pelo Fed este ano, apesar de um ritmo mais moderado. Estamos vendo uma entrada de fluxo para Brasil pelo fato de o mercado estar antecipando que teremos uma política monetária mais restritiva aqui”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta refletindo o discurso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mais cedo, considerado “forte e cauteloso”. Com isso as taxas ficaram na contramão dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano).

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,835% de 10,785% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,635%, de 11,535%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,535%, de 11,355%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,495% de 11,505% na mesma comparação. O dólar cai, cotado a R$ 5,4689.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, com os índices registrando a melhor semana em 2024 após a divulgação de uma série de indicadores positivos para a economia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,24%, 40.659,76 pontos
Nasdaq 100: +0,21%, 17.631,70 pontos
S&P 500: +0,19%, 5.554,25 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News