Bolsa fecha em leve queda puxada por fiscal e ceticismo com China; dólar avança

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A Bolsa fechou em leve queda, acima dos 130 mil pontos, com o mercado ainda cético sobre o plano do governo em cortar gastos para melhorar o fiscal. Somado a isso, a China ainda gera incertezas e impacta nas ações de peso no índice, apesar de dados econômicos mais positivos. Na semana, o Ibovespa acumula ganhos de 0,39%

A Petrobras (PETR 3 PETR4) caiu 0,54% e 0,27%. A Vale (VALE3) caiu 0,34%. As ações da Marfrig (MRFG3) avançaram 5,97% e lideraram os ganhos do Ibovespa, após o Goldman Sachs iniciar a cobertura de compra dos papéis. As outras empresas do setor subiram na esteira da Marfrig.

O principal índice da B3 caiu 0,22%, aos 130.499,26 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,34%, aos 132.555 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22 bilhões. Em NY, os índices fecharam em alta.

Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, disse que o fiscal doméstico e as incertezas com a China fazem preço.

“A Bolsa reflete, principalmente, as preocupações com o crescimento da economia chinesa e a falta de clareza sobre a disposição do governo brasileiro em cortar despesas para conter o aumento do déficit público. Apesar de alguns indicadores da China terem vindo acima das expectativas, como a produção industrial e as vendas no varejo, o mercado ainda está cético quanto ao potencial de recuperação sustentável do país, o que afeta diretamente setores como mineração e petróleo. O minério de ferro caiu e o petróleo impactando as ações da Vale e Petrobras, respectivamente”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o dia não é bom para Bolsa em meio à queda das commodities e aos riscos fiscais.

“A dinâmica China surpreendeu, mas ainda há dúvidas sobre os incentivos [fiscais]. Será que com os dados econômicos [divulgados mais cedo], o governo chinês ainda vai dar os estímulos, o que deixa a Vale instável. Do lado do petróleo, a chance maior de um cessar-fogo no Oriente Médio, com a morte do líder do Hamas, tira a pressão sob o petróleo, mas tem a questão da oferta e a Petrobras sofre. Do ponto de vista doméstico, o dia está ruim. Além de não estar brilhante pra commodities, tem um dia de pressão de juros renovado com incerteza fiscal”.

Spiess explicou que “a retórica [do governo] está ruim, os bombeiros entraram em campo nessa semana, mas o mercado não compra mais a ideia [de corte]. Vai vir algo [pacote fiscal] para calar a boca do mercado, mas nada revolucionário. O mercado vem apanhando de forma sistêmica, por isso ainda temos muitas ações batatas como Equatorial, Centauro, Arezzo, está apanhando de forma sistêmica”.

Mais cedo, na China, a produção industrial subiu 5,4% em setembro em base anual, acima dos 4,5% registrados em agosto, segundo dados divulgados pelo departamento de estatísticas do país. A previsão era + 4,7%. Em termos mensais, a alta foi de 0,59%. As vendas no varejo cresceram 3,2%em setembro, em base anual.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,72%, cotado a R$ 5,7004. A moeda refletiu, ao longo da sessão e da semana, os temores que envolvem os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e a conturbada política fiscal brasileira. Na semana, a divisa teve valorização de 1,54%.

Segundo o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “é uma mistura de Trump com mais chances de ganhar com o velho e cansativo risco fiscal interno. Apesar das últimas declarações sobre um pacote de corte de gastos, o mercado não esta pagando pra ver. Vai esperar ações concretas”.

Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, o mercado começa a achar que o Fed irá cortar 0,25 ponto percentual (pp) e não 0,50 pp, se como se projetava inicialmente, e isso afeta as moedas emergentes.

Quartaroli também observa que o cenário local não é animador: “Continuamos com a questão fiscal. O governo sinalizou um ajuste dos gastos, mas ainda nada de efetivo”.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam a sessão em alta. A sexta foi marcada, novamente, pelos persistentes temores fiscais domésticos.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,192% de 11,176% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,725%, de 12,685%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,920%, de 12,870%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,955% de 12,910% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta sexta-feira em alta, impulsionados por fortes dados econômicos e balanços corporativos trimestrais positivos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,09%, 43.275,91 pontos
Nasdaq 100: +0,63%, 18.489,6 pontos
S&P 500: +0,39%, 5.864,67 pontos

Paulo Holland e Larissa Bernardes / Agência Safras News