São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda e novamente abaixo dos 100 mil pontos. O fato mais importante do dia foi a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, em que reiterou que o compromisso em combater a inflação ajudando a melhorar a performance das bolsas aqui e lá fora, mas ainda em um ambiente de volatilidade.
As commodities apresentaram queda. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) até chegaram a subir, mas não resistiram e fecharam em queda de 0,46% e 0,29%. As notícias em relação à estatal ficaram no radar do investidor. Os papéis da Vale (VALE3) e CSN (CSNA3) também registraram perda respectivamente 0,85% e 4,59%.
Outro destaque negativo ficou para as commodities agrícolas no mundo. Queda do setor se explica pelo temor de um cenário de estagflação , disse Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed. Aqui, a SLC (SLCE3) perdeu 6,45% e a Brasil Agro (AGRO3) caiu 3,93%.
O principal indicador da B3 caiu 0,16%, aos 99.522,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 1,09%, aos 101.145 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, disse que o Ibovespa teve um melhor desempenho ao longo do dia na toada do mercado financeiro em Nova York com o discurso de Powell sendo bem recebido pelos investidores. O direcionamento em relação à elevação da taxa de juros para conter a inflação é entendido pelo mercado que quanto mais rápido esse cenário for revertido, menor pode ser o risco de uma recessão.
Mas, em relação às commodities, Camila afirmou que o ambiente é mais complicado comparado ao primeiro trimestre porque estamos sempre flertando com esse risco do aperto monetário dos bancos centrais desenvolvidos e com isso pode influenciar o cenário econômico e demanda pelas commodities.
Ela citou também que a Petrobras está em banho-maria devido aos assuntos em relação aos preços dos combustíveis.
Mais cedo, Armstrong Hashimoto, sócio e operador de mesa de renda variável da Venice Investimentos, disse que a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, afirmando que o banco central norte-americano está preparado para adotar medidas necessárias para conter a inflação e que o aumento de juros será visto em cada reunião “acabou dando alívio para os mercados aqui e lá fora apenas pelo fato de não ter trazido nada de negativo”.
Mas ressaltou que os investidores seguem “preocupados com a recessão global e a alta dos preços em todo o mundo; a fala o presidente Joe Biden sinalizando retirada de impostos dos combustíveis também traz atenção ao mercado”.
Por aqui, segue a polêmica em torno da Petrobras e a preocupação com o risco fiscal, enfatizou, e com isso não se pode afirmar que a melhora na Bolsa deva seguir até o fim da sessão.
O dólar fechou em alta de 0,46%, cotado a R$ 5,1770. A moeda norte-americana mostrou volatilidade durante toda a sessão, impactada pela perspectiva pelo aperto do ciclo monetário nos Estados Unidos e outras economias desenvolvidas, além dos problemas fiscais que afetaram negativamente o real.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “tem tido entrada para a bolsa, o que faz com que o fluxo estrangeiro alivie a pressão”.
Nagem acredita que embora a parte fiscal preocupe mais que a política, o mercado já precificou uma eventual repetição do furo do teto: “Agora é empurrar até o final, ele já está no final do mandado”, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro.
Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “o pano de fundo é ruim. Com os Estados Unidos em recessão, o mundo sofre”.
Quartaroli entende que as isenções pretendidas pelo governo fazem parte de um pacote populista, gerando preocupação: “Além disso, a questão política gera instabilidade institucional”, avalia.
De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o cenário torna-se mais complicado após a bolha do primeiro trimestre. A recessão, especialmente na Europa e Estados Unidos, vem atrapalhar a valorização das commodities”.
Já no cenário interno, a cruzada contra a Petrobras e o novo rompimento do teto de gastos preocupam: “Estamos aguardando o endereçamento de como vão tratar a questão da Petrobras, além do vale-gás e auxílio para o caminhoneiro, fora do teto de gastos. Isso preocupa o investidor”, contextualiza Abdelmalack.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quarta-feira (22) refletindo a curva de juros norte-americana, que também opera em queda.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,550% de 13,565% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,090%, de 13,190%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,310%, de 12,465% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,235% de 12,395%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,1750 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em ligeira queda, numa dia volátil para ações, após passaram boa tarde da sessão em alta após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, reforçar o combate à inflação como prioridade máxima.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:
Dow Jones: -0,15%, 30.483,13 pontos
Nasdaq Composto: -0,15%, 11.053,1 pontos
S&P 500: -0,13%, 3.759,89 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.