Bolsa fecha em leve recuo de 0,26% e Vale impede queda maior; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda com exterior e a Vale (VALE3), ação de maior peso no índice ajudou a segurar o Ibovespa, refletindo a valorização do minério de ferro e recentes recomendação de bancos estrangeiros para o papel. Já a Petrobras (PETR 3 e PETR4) caiu em meio à queda do petróleo e na expectativa da reunião entre o presidente Lula, ministros e CEO da estatal, após rumores sobre a possível mudança na presidência da companhia. Apesar da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ter vindo com um tom mais cauteloso, não impactou o mercado.

Após a reunião do presidente Lula, apenas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu uma declaração quando questionado pelo Broadcast se discutiram sobre preço de combustíveis e o chefe da pasta negou. “Foi tratado de cronograma de investimento”.

A Petrobras (PETR 3 e PETR4) caiu 0,99% e 0,65%. Vale (VALE3) ficou entre as maiores altas do índice, com 2,41%. O Goldman Sachs elevou a recomendação dos ADRs da mineradora de neutro para compra e ajustou o preço-alvo a US$ 19,50. Ontem foi o Bank of America (BofA) de elevar a recomendação das ações da mineradora.

Já entre as quedas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 6,57%, liderando as perdas do Ibovespa, e devolvendo os lucros recentes.

Segundo Miguel Rodrigues, especialista de mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, a queda da MRV (MRVE3) reflete à redução do preço alvo pelo Santander e Eztec (EZTC3) sendo bastante impactada pelo aumento dos juros futuros.

O principal índice da B3 caiu 0,26%, aos 125.626,03 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro tinha queda de 0,44%, aos 126.510 pontos. O giro financeiro era de R$ 22,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse o Ibovespa realizou ligeiramente, após quatro pregões consecutivos de alta e a ata do Fed não impactou no mercado.

“A divulgação da ata do Fed não mexeu significativamente nos preços, mesmo com um viés mais hawkish devido ao trecho que deixou em aberto a possibilidade de nova alta dos juros, caso a inflação ainda não atinja a meta de 2%”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a ata do Fed fez pouco preço no mercado.

“Não foi um evento muito importante, mexeu pouco com o mercado, até melhorou um pouco. A ata trouxe que um aperto adicional poderia ser apropriado caso a inflação não progrida de forma adequada, mas a gente sabe que é mais um comentário mais como um seguro porque se a inflação não cair no ritmo que estão projetando, eles vão poder ajustar sem se contradizer, mas acha que difícil isso acontecer. Parece que a inflação está convergindo para desacelerar. A taxa deve ser mantida nas próximas reuniões. A discussão está migrando mais para quando a taxa vai cair do que subir; deve ter atingido seu pico máximo. Os indicadores macroeconômicos vão ganhando cada vez mais importância, principalmente o o payroll, que vai acabar sendo um protagonista porque é um dado que esbarra na inflação”.

Em relação ao doméstico, o destaque é para a Vale (VALE3). “A Vale está subindo muito forte por conta do minério de ferro em função dos estímulos que o governo chinês tem anunciado recentemente e está segurando o Ibovespa e todo o setor se recupera. Já Petrobras cai com petróleo e ruídos de que o governo estaria estudando a mudança do presidente da empresa, Jean Paul Prates”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse a Bolsa está em leve queda, acompanhando o exterior mais fraco à espera da divulgação da ata do Fed e de olho na Petrobras.

“O mercado está cauteloso aguardando a ata do Fed para ver se no documento tem alguma sinalização de como o ele [o presidente do Fed, Jerome Powell] vai tratar os juros daqui pra frente, se tem pistas de quando começará o corte haja vista que os dados econômicos estão mais fracos, o mercado aposta que não terá aumento [de juros] nas próximas reuniões. Aqui, a gente vem de forte alta com entrada de fluxo estrangeiro desde o dia 16 e isso sustenta a bolsa; a Petrobras está realizando por conta de divergências entre governo e empresa. O Lula quer que a estatal seja mais pró-ativa para funções Brasil. Hoje o presidente Lula se reúne com alguns ministros e o presidente da estatal. Em contrapartida, a Vale sobe impulsionada pelo minério de ferro e notícias de que casas internacionais estão revendo as projeções. O Goldman Sachs alterou a recomendação da ação de neutra para compra com alvo próximo a R$ 90 e está fazendo fluxo para o papel”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,95%, mas ficou abaixo dos R$ 5 -cotado a R$ 4,8974 com os investidores atentos à questão fiscal local. A ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) divulgada, mais cedo, não teve muito impacto no mercado. Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, disse que a ata do Fed “não trouxe novidades, ficou dentro das expectativas do mercado e o dólar que estava nas máximas [bateu a máxima de R$ 4,908] chegou a cair um pouco; mercado com dúvidas internas em relação ao fiscal”.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que apesar do tom conservador da ata, o reflexo foi pequeno no mercado.

“Acredito que a ata do Fomc teve um tom cauteloso, ao sugerir que ainda exista a chance de novas altas devido à inflação persistente e acima da meta, mesmo com perspectivas de crescimento mais adversas. A ata impacta pouco os mercados”.

Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, disse que o mercado fica receoso com o fiscal doméstico.

“A questão de ICMS dos estados que vai subir a partir de 2024 e dúvidas em relação a postura do governo em relação aos gastos pressionam o dólar e os juros”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em alta, combinando com os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) dos Estados Unidos, que também passaram a subir depois de divulgada a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,952% de 12,958% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,580% de 10,480%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,335%, de 10,200%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,460 % de 10,405% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, enquanto operadores avaliavam a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), onde as autoridades não deram nenhuma indicação de cortes nas taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,18%, 35.088,29 pontos
Nasdaq 100: -0,59%, 14.200,0 pontos
S&P 500: -0,20%, 4.538,19 pontos

 

Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA