Bolsa fecha em ligeira alta, dólar encerra a R$ 5,66 com incertezas fiscais domésticas

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São Paulo -A Bolsa fechou em ligeira alta pelo segundo dia consecutivo, chegou a bater nos 125 mil pontos, mas terminou no patamar dos 124 mil pts. As ações descontadas criam oportunidades para investidores se posicionarem em meio a um dólar forte. A Vale (VALE3) caiu e falas de Lula ficaram no radar.

A Vale (VALE3) fechou em queda de 0,33%, após registrar recuo de quase um1% ao longo do pregão.

O principal índice da B3 subiu 0,05%, aos 124.787,08 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,26, aos 126.305 pontos. Na máxima interdiário atingiu 125.490,73 pts. O giro financeiro foi de R$ 20 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Alison Correia, analista da Top Gain, disse que a dolarização da bolsa está favorecendo o movimento mais positivo.

“A bolsa tem tido uma sequência interessante de alta, tem se descolado do estresse político, que é a dolarização da nossa bolsa. Quanto mais o real perde valor, mas barato fica para os investidores estrangeiros e até institucionais comprarem ações, aplicarem em bolsa porque tem muita pechincha, papéis muito abaixo do seu preço justo que vale a pena se posicionar, por mais que a gente veja retirada massiva de longo prazo na nossa bolsa. Não é muito comum a gente ver taxa de juros, dólar e bolsa pra cima. No mês passado, o Ibovespa bateu os 118 mil pontos e agora chegou a atingir o patamar dos 125 mil pts, são 7 mil pontos de correção sem ter mudado o contexto local e internacional”.

Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa está “praticamente de lado com a Vale jogando pra baixo com queda de quase 1% e parte negativa vem das falas do Lula sobre o câmbio, que [a alta] do dólar é especulação”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que fala do presidente Lula sobre especulação no dólar tem efeito negativo.

“O presidente Lula afirmando que a desvalorização cambial é uma especulação e que o Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do banco central] não quer fazer nada para segurar o câmbio puxa os vencimentos de juros mais longos e desvaloriza o câmbio”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester, disse que a Bolsa reflete o dado do mercado de trabalho nos Estados Unidos acima do esperado, falas de Powell e Campos Neto.

“Antes do relatório Jolts, o Fed [o presidente do banco central americano, Jerome Powell] disse que precisa de indicações mais claras para cortar os juros [hoje entre 5,25% e 5,50%], mas a taxa de juros não precisa estar tão alta para trazer a inflação para o centro da meta [de 2%] de acordo com o mercado. O Jolts [relatório do mercado de trabalho] foi um pouco acima [foram criadas 8,140 milhões de vagas em maio e a previsão era abertura de 7,96 milhões postos de trabalho], mas chama a atenção porque acabou invertendo a tendência dos últimos relatórios, que vinha em queda desde março. Já as falas do Campos Neto [presidente do BC, Roberto Campos Neto] trouxe algum barulho para o mercado porque levantou a lebre da questão da troca de diretoria do BC e como vai ser digerido pelo mercado. Esse ruído deixa claro que tem uma força política grande interferindo no BC, o dólar fez nova máxima e o DI 31 fazendo nova máxima; é um movimento estresse”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 5,6657. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a tensão que envolve o fiscal doméstico, chegando a quebrar barreira dos R$ 5,70.

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “no curto prazo existe pressão altista no dólar. Já tem gente posicionada até em R$ 5,90”.

Komura entende que as falas do presidente Lula sobre o Banco Central (BC) afetam o câmbio, mas admite que parte deste movimento é especulativo: “As incertezas abrem espaço para especulação. O patamar atual não é normal nem sustentável”, opina.

Para o head de Tesouria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “as altas do câmbio têm se retroalimentado”, e que não existe motivo para uma intervenção do Banco Central (BC) neste momento, já que a moeda “não tem falta de liquidez e que o mercado está apenas se readequando ao aumento do risco fiscal”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda, mostrando instabilidade. As taxas passaram praticamente todo o pregão em alta, ainda por conta da preocupação com o quadro fiscal.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,780%, de 10,830% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,695% de 11,760%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,010,%, de 11,070%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,235% de 12,265% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, destacou o progresso na inflação, mas reiterou que o banco central ainda não estava pronto para cortar juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,41%, 39.331,85 pontos
Nasdaq 100: +0,84%, 18.028,76 pontos
S&P 500: +0,62%, 5.509,01 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News