Bolsa fecha em ligeira alta; Vale e Weg caem e empresas de consumo avançam; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta, melhorando o movimento no final dos negócios, mas passou todo o pregão em queda com a pressão das ações da Vale (VALE3)-perderam 2,16%. O papel da mineradora refletiu a prévia operacional abaixo do esperado divulgada, ontem, após o encerramento do mercado.

A maior perda do índice ficou para os papéis da Wege (WEGE3)-perderam 3,59%- devido ao balanço, que não agradou o mercado. A empresa fabricante de motores elétricos registrou lucro R$ 913 milhões no 2T22, queda de 3,3% comparado ao primeiro trimestre e 19,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

No campo positivo, o destaque fico para os papéis das empresas de consumo. Entre as maiores alta ficaram Locaweb (LWSA3) e Via (VIIA3), que subiram 15,54% e 12,98%, respectivamente.

O principal índice da B3 subiu 0,04%, aos 98.286,83 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,18%, aos 99.115 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,8 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, disse que o recuo do Ibovespa é atribuído “as ações da Vale e Petrobras e o destaque positivo de hoje fica para as ações de varejo por estarem muito descontadas e representarem uma oportunidade de momento em função de preços baixos”.

Alves comentou que o mercado vai ficar atento aos balanços corporativos nos próximos dias, que pode ser um ‘gatilho’ não só para o investidor comum, mas principalmente para o institucional e o estrangeiro.

“Caso os resultados venham muito abaixo das expectativas, indicado o cenário de possível desaceleração econômica, o mercado vai tentar se antecipar ao pior e isso refletirá negativamente no preço da maior parte das ações”.

Ontem, após o fechamento, a Vale (VALE3) divulgou relatório de produção e vendas abaixo das expectativas, o que impactou fortemente nas ações da mineradora. Vale produziu 74,1 milhões de toneladas métricas no 2T22, queda de 1,2% em base anual.

As projeções de produção de minério ferro para este ano diminuíram para 310 milhões a 320 milhões de toneladas, enquanto a estimativa anterior era de 320 milhões a 335 milhões de toneladas. Segundo a empresa, o rebaixamento na projeção é devido à venda de suas operações no Sistema Centro-Oeste.

Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, disse que a Bolsa está em queda por conta do recuo das ações de peso, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 PETR4), apesar da melhora dos índices norte-americanos, DIs e outros papéis em recuperação [consumo].

“A prévia operacional que a Vale divulgou ontem não agradou o mercado e ajuda muito trazer o índice para baixo e a ação de Petrobras deu uma arrefecida com a cotação do petróleo”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,79%, cotado a R$ 5,4620. A moeda norte-americana ganhou força em meio aos rumores da saída do primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, o que aumenta ainda mais a instabilidade na União Europeia e reforça as expectativas para a reunião do Banco Central Europeu (BCE), amanhã.

Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “a questão italiana piorou a situação na Europa, e o dólar se fortaleceu ante o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) e as emergentes”.

Leal explica que a Itália é a terceira maior economia da União Europeia, porém a instabilidade política é uma marca do país: “Se o Draghi cair, aumenta a fragmentação de títulos do mercado europeu e cria riscos em cadeia para o bloco. Ele (o Draghi) gera a garantia de uma estabilidade política e fiscal”, analisa.

De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o dólar mudou de patamar com o aumento do risco fiscal e eleitoral, e foi para R$ 5,40. Existem muitas incertezas, independente do governo que assuma”.

Weigt entende que as dúvidas sobre a economia dos Estados Unidos e, principalmente, uma chance ainda maior de recessão na Europa, fortalecem o dólar.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o dólar está sem rumo, e deve seguir lá fora, mas pode ser que daqui a pouco ele vire. Hoje ele está muito volátil”. O economista entende que a alta nos juros europeus, que deve ser anunciada amanhã pelo BCE, já está precificada.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda neste momento, em ajuste técnico.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,870% de 13,920% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,880%, de 14,035%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,335%, de 13,445% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,285% de 13,360%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com um rali nos papéis do setor de tecnologia à medida que os investidores estão mais otimistas que a temporada de balanços trimestrais das empresas possa impulsionar o mercado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,15%, 31.874,84 pontos
Nasdaq 100: +1,58%, 11.897,7 pontos
S&P 500: +0,58%, 3.959,90 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA