Bolsa fecha em queda após confirmação de tarifas nos EUA e baixas de Vale, mineradoras e siderúrgicas

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São Paulo, 31 de janeiro de 2025 – A Bolsa fechou em queda no último pregão da semana e do mês de janeiro. O Ibovespa caiu 0,61%, aos 126.262,46 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro recuou 0,56%, aos 126.720 pontos. O giro financeiro foi de R$ 13,28 bilhões. Na semana, o principal índice da bolsa brasileira subiu 3,01%. No mês, avançou 4,86%. O dólar e os futuros norte-americanos também fecharam no campo negativo.

O principal índice da B3 inverteu o sinal e baixou para o patamar dos 126 mil pontos no meio da tarde desta sexta-feira, com as ações de mineração e siderurgia em forte queda. A ação da Vale, que tem forte peso o Ibovespa, encerrou em baixa de 1,56%; CSN, CNS Mineração, Gerdau, Metalúrgica Gerdau e Usiminas recuaram 1,72%, 1,79%, 3,09%, 4,08% e 2,30%, respectivamente.

O governo dos Estados Unidos confirmou hoje que irá impor taxas de 25% sobre importações do México e Canadá e irá aplicar uma tarifa de 10% de produtos da China a partir deste sábado, ou seja, amanhã, 1º de fevereiro.

“Vale notar que o candidato a secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, havia dito no dia anterior que as tarifas poderiam ser evitadas caso os países vizinhos adotassem medidas para reforçar a segurança nas fronteiras”, comentou a XP, em relatório sobre os primeiros anúncios do presidente dos EUA, Donald Trump, que, confirmou nesta quinta-feira (30) a tarifa de 25% sobre produtos provenientes do México e Canada a partir de sábado (1).

A XP comenta que, após uma primeira semana marcada por decisões como a declaração de emergência energética e a retirada dos EUA do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente Donald Trump começou a dar mais clareza sobre sua política de comércio exterior, embora ainda não tenha tomado medidas concretas.

O republicano também prometeu impor tarifas sobre chips de computador, produtos farmacêuticos e aço importados, com o objetivo de incentivar a produção doméstica desses itens. No entanto, as alíquotas específicas ainda não foram confirmadas, acrescentou a XP.

O novo governo americano considera também uma tarifa universal para todos os produtos importados aos EUA. Questionado sobre relatos de que o novo Secretário do Tesouro, Scott Bessent, apoiaria uma taxa global que iniciaria em 2,5% e seria atualizada mensalmente, Trump afirmou que sua preferência seria por uma taxa muito maior que 2,5%.

“Os próximos dias devem trazer definições sobre o rumo das políticas comerciais da nova administração”, prevê a XP.

As ações da Petrobras fecharam em alta após o anúncio de aumento do diesel para as distribuidoras pela empresa. PETR3 ON subiu 0,67% e PETR4 avançou 0,80%.

O último pregão da semana e do mês também teve a divulgação do índice de preços para os gastos pessoais (PCE) em linha com as expectativas e dados do desemprego no Brasil um pouco acima do esperado pelo mercado financeiro entre os destaques.

A partir de amanhã, 01/02, a Petrobras ajustará seus preços de venda de diesel A para as distribuidoras que passará a ser, em média, de R$ 3,72 por litro, um aumento de R$ 0,22 por litro.

Considerando a mistura obrigatória de 86% de diesel A e 14% de biodiesel para composição do diesel B vendido nos postos, a parcela da Petrobras na composição do preço ao consumidor passará a ser de R$ 3,20 /litro, uma variação de R$ 0,19 a cada litro de diesel B.

O indicador de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) subiu 0,3% em dezembro na comparação mensal, acima dos 0,1% registrados em novembro. Na comparação anual, o índice subiu 2,6% em dezembro, depois de ter subido 2,4% em novembro. A previsão era de alta de 0,3% no PCE em base mensal e de 2,6% em base anual.

O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,2% em termos mensais e cresceu 2,8% em termos anuais em dezembro, ante 0,1% e 2,8% registrados em novembro.

A taxa de desocupação chegou a 6,2% no trimestre encerrado em dezembro de 2024, com estabilidade em relação ao trimestre de julho a setembro (6,4%). Com o resultado, a taxa média anual do índice foi de 6,6% em 2024, o que representa uma retração de 1,2 p.p. frente a de 2023 (7,8%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (31) pelo IBGE.

O resultado ficou um pouco acima da mediana das expectativas do mercado financeiro, de 6,05%, conforme o Termômetro Safras. O número anual é o menor da série histórica iniciada em 2012, quando foi de 7,4%. A menor taxa da série até então havia sido em 2014 (7,0%).

O mercado também precifica o resultado fiscal do governo federal, tarifas adotadas pelo governo norte-americano e balanços corporativos nos Estados Unidos.

Em relatório, o BTG Pactual projeta um déficit do governo central de R$ 90 bilhões para este ano, o que corresponde a um déficit de R$ 46 bilhões considerando a exclusão dos pagamentos de dívidas precatórias (não incluídos no cálculo da meta primária). “Com um limite inferior de -R$ 31 bilhões, o cumprimento da meta é provável, embora não seja o nosso cenário base”, comenta o analista Fabio Serrano. Ele também avalia que, “se as lições aprendidas em 2024 forem aplicadas, seria sensato adoptar uma abordagem mais conservadora nos relatórios bimestrais. Isto deve incluir uma maior disponibilidade para congelar ou bloquear despesas discricionárias, conforme necessário. Tais medidas poderão evitar ajustamentos tardios e a incerteza que caracterizou o ano passado”, opina.

O dólar comercial fechou a R$ 5,8354 para venda, com desvalorização de 0,30%. No acumulado da semana, a moeda estadunidense recuou 1,39%. No mês, a queda acumulada ficou em 5,57%. Às 17h10, o dólar futuro para novembro tinha baixa de 0,80% a R$ 5.830,500. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, subia 0,59% a 108,44 pontos.

Na contramão da maioria das moedas, o real se valorizou mais um pouco sobre o dólar na sexta. Mesmo com recentes declarações do presidente Lula de que não pretende adotar mais medidas de controle fiscal, o resultado das contas públicas em 2024 foi melhor do que o esperado pelo mercado. Esse desempenho agradou e ajudou na alta do real.

“A questão doméstica que traz um certo alívio. A nossa projeção no começo de 2024 era de um déficit de R$12 bilhões, então para nós não é surpreendente que o tenha cumprido o arcabouço fiscal, mas para a média do mercado surpreendentemente o é”, avalia o consultor econômico André Galhardo.

Mais cedo, o BC divulgou que o setor público consolidado registrou em 2024 déficit primário de R$47,6 bilhões (0,40% do PIB), ante déficit de R$249,1 bilhões (2,28% do PIB) em 2023.

Para o economista André Perfeito, o comportamento dos juros ajudou no desempenho da moeda. “Diferentemente de outros dias, o Real praticamente ganha sozinho contra o dólar hoje. Peso Chileno, Zloty Polonês e até o DXY (uma cesta de moedas dos países desenvolvidos) perdem contra o dólar nessa sexta. A explicação para isso é, para além de outros fatores acessórios como o fato do Real já ter perdido muito contra a divisa norteamericana, o fato que os efeitos cumulativos dos juros começam a fazer efeito”, explica. “Está ficando ‘caro’ ficar vendido em reais.”

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas, aliviadas com a questão fiscal doméstica após resultados divulgados pelo BC no começo da manhã.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,925 de 14,855% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,985%, de 14,980%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,885%, de 14,865%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,730% de 14,865% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5.8534 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, depois que a Casa Branca anunciou que as tarifas contra México, Canadá e China entrarão em vigor no sábado, reacendendo temores de uma guerra comercial com os principais parceiros comerciais do país.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,75%, 44.544,66 pontos
Nasdaq 100: -0,28%, 19.627,4 pontos
S&P 500: -0,50%, 6.040,53 pontos

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos na semana:

Dow Jones: +0,66%
Nasdaq 100: -1,64%
S&P 500: -1,00%

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no mês:

Dow Jones: +4,63%
Nasdaq 100: +0,68%
S&P 500: +2,26%

Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Safras News

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